O debate sobre o trabalho da Mídia Ninja e a sua relação com o Fora do Eixo está pegando fogo.
No Roda Viva da última segunda feira o que vimos foi um verdadeiro massacre dos dois dos integrantes do movimento, ficando evidente o desconforto que esta organização caótica e descentralizada está provocando em diversos segmentos da sociedade. Mas eles deram um show de bola nos entrevistados.
Eu não tenho dúvida que um coletivo do tamanho do Fora do Eixo, gestado de forma coletiva como o próprio nome já diz, deva ter problemas. Retomo um pouco o que já escrevi em muitos lugares, especialmente no artigo para a revista Muito! do jornal A Tarde de Salvador em 14 de julho passado, sobre a diversidade de bandeiras e a cobrança de objetividade. Estão querendo tudo naturalizado, como se o homogêneo e o previsível fosse a razão de ser de tudo e de todos. Não é.
Já visitei alguma Casas Fora do Eixo… Em março de 2012 fui a Fortaleza para um evento e participei de umas #conversasinfinitas na Casa Fora do Eixo do Nordeste, com Uitã Porá, Dado de Antares e mais gente que esteva na Casa. Vive um pouco do funcionamento da casa. E é muito, muito genial, a forma como se organizam, vivem e atuam.
Não tenho a menor dúvida que estamos certos em cobrar transparência de tudo e em tudo. Aliás, é isso que estamos fazendo nas ruas, na academia e nas nossas associações e sindicatos. Mas isso não pode ser razão para eliminarmos todo um histórico de trabalho desses grupos como não pode ser razão para fecharmos o Congresso por encontrarmos por lá donos de rádio e TV (o que é proibido pela Constituição), corruptos que se locupletam com dinheiro público, autoridades que saem de avião oficial para ir a casamentos e coisas do tipo.
Temos que ser duros e não transgredir na defesa de um Congresso, de ONGs, de Sindicatos, de tudo, que sejam transparentes e que tenham suas contas e ações abertas. Como diz a máxima do movimento hacker: privacidade é para os indivíduos, transparências é para os governos e instituições públicas.
Para contribuir com o debate, creio que seja importante compreendermos que o Fora do Eixo – que muito antes do atual momento já recebia algumas criticas pela forma como se organizava e, de fato, não vejo problema nisso! – tem uma história neste país.
Para contribuir com esta história, trago aqui um entrevistas que fiz, em 29 de novembro de 2009, para o meu quadro Conexões no programa Multicultura da Radio Educadora da Bahia com Cláudio Prado, figura importante durante a administração Gil/Juca no Ministério da Cultura do governo Lula no campo da cultura digital. Nesta entrevista, Cláudio descreve os primeiros movimentos do Fora do Eixo, como forma de organização da moçada mesmo e, creio, resgatá-la pode ser importante para nos ajudar a pensar sobre de que forma todo este movimento começou se estruturando.
Vale ouvir… pelo menos podemos entender um pouco mais do início deste movimento que tem como “filhote” o Mídia Ninja.
Ouça aqui em ogg (formato livre) ou em mp3 (formato proprietário)
E no mais, nada melhor do que continuar a discussão de forma mais ampla possível.