Gostei muito do artigo publicado hoje no jorna A Tarde, aqui na Bahia, de minha doutorando Lilian Bartira. Reproduzo-o a seguir.
Fazer ciência é também o nosso forte
Lilian Bartira Silva – GEC/FACED/UFBA – lilianbartira10@gmail.com
Os ataques xenofóbicos pós-eleições há muito expressam visões equivocadas a respeito da região Nordeste (NE). Equívocos que, originados principalmente do racismo instaurado no período colonial, não só dividem o país, mas invisibilizam propositalmente as potencialidades do povo nordestino. Para além do “falam mal do NE, mas passam férias aqui”, seus nove estados são exportadores de cultura e conhecimento. Fazer ciência é coisa que nordestino sabe fazer e faz muito bem.
O propósito dessas linhas, porém, não é reagir de forma bairrista aos ataques daqueles que não compreendem a potência de sermos um país, de Norte a Sul, rico e diverso, mas apresentar uma faceta do Nordeste que insistem em invisibilizar.
Anualmente, a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), uma das principais agências de fomento à pesquisa no Brasil, vinculada ao MEC, premia as melhores teses de doutorado do país. Uma das provas de que o Nordeste é também um grande produtor de conhecimento verifica-se nos oito, dos 49 trabalhos reconhecidos este ano, nas mais diversas áreas: Filosofia, Química e Engenharia Química (Universidade Federal do Rio Grande do Norte); Zootecnia / Recursos Pesqueiros e Biodiversidade (Universidade Federal Rural de Pernambuco), Biotecnologia e Saúde Coletiva (Universidade Federal da Bahia) e Astronomia / Física (Universidade Federal de Pernambuco). Além disso, a agência também honra projetos desenvolvidos por estudantes bolsistas. Em outubro, a Bolsista em destaque Capes foi uma doutoranda em Desenvolvimento e Inovação Tecnológica de Medicamentos da Universidade Federal do Ceará, com a criação de um produto facial sustentável que atua na hidratação e clareamento de manchas de pele.
No nível da educação básica, a boa notícia veio de uma escola municipal de Recife, que está em festa com a medalha de ouro conquistada por alunos do sexto ano na Olimpíada Brasileira de Robótica. A equipe Robotnik conquistou o primeiro lugar na modalidade prática presencial.
A região que possui a segunda maior população do país tem muito o que contar sobre seus feitos e não apenas sobre sua biodiversidade. Mesmo frente à escassez histórica de investimento e morosidade política no enfrentamento de problemas como os referentes ao polígono das secas, o Nordeste é também pujante em ciência e variadas formas de saberes. Das matas nativas às universidades, a sistematização de conhecimento constitui nosso modo de (re)existir.
Contra discursos pejorativos, o NE, segundo maior colégio eleitoral do país, responde com cultura, ciência e consciência política. Afinal, são do Nordeste um dos pensadores mais citados no mundo e o Presidente da República eleito pela terceira vez, recordista em número de votos.
Fazer ciência é o nosso forte, eleger presidente também! Um salve à democracia brasileira!