Durante todo o mês de setembro, o Palacete da Artes abrigou uma exposição sobre Leonardo da Vinci. Uma mostra muito particular, montada a partir de réplicas de algumas de suas criações, como helicópteros, pontes movediças, rodas d’águas, entre tantas outras traquitanas que ele inventou, e que boa parte nem mesmo chegou a construiu.
O engenheiro Thales de Azevedo Filho, as criou em tamanhos menores a partir de seus esquemas/projetos e, numa muito bem montada exposição, as colocou literalmente na mão do púbico visitante. Quando falamos em número de visitantes, ficamos impressionados, pois foram mais de 70 mil presentes, dentre os quais alunas e alunos de 183 escolas.
A turma entrava no lindo Palacete das Artes e simplesmente ia bulindo em todas as peças. Sim, bulindo em tudo, pois essa foi uma exposição que recebia os visitantes com um inusitado alerta: “é permitido mexer nas obras”.
Claro que fico encantado com isso e, ao mesmo tempo, triste e decepcionado quando lembro do Museu de Ciência e Tecnologia de Pituaçu, criado no final nos anos 1970 pelo então governador Roberto Santos. Além de governador, foi ele o criador da Academia de Ciências da Bahia, sendo um verdadeiro apaixonado, assim como eu, pela formação científica das juventudes.
Tenho insistido no crime que tem sido praticado pelos governos – todos, sem exceção – que se seguiram ao de Roberto Santos, por terem deixado aquele museu ser destruído e por nada fazerem para mantê-lo vivo.
Era um museu como essa exposição sobre Da Vinci.
Na entrada, ainda do lado de fora, uma velha locomotiva e um avião, disponíveis para brincar e aprender. Depois, adentrando no belo prédio de enorme pé direito, o primeiro na América Latina construído para ser um museu de divulgação científica, começávamos a mexer nas coisas, circulando pelos diversos setores, como telecomunicações, petroquímica, ótica, entre outros. Ao final, já na parte do fundo, uma velha prensa, que imprimiu o primeiro Diário Oficial do estado.
O museu contava com um excelente auditório, com cabine de projeção e tudo, onde hoje, no populoso bairro da Boca do Rio, filmes poderiam estar ali sendo projetados, debates acontecendo, inúmeras exposições sendo abertas ao publico, viabilizando, assim, aquela área e edificação como um verdadeiro centro revolucionário de formação das juventudes, com ciência, cultura, tecnologia, arte, lazer, tudo junto e misturado.
Temos cobrado insistentemente do governo e dos empresários baianos para que parem de pensar pequeno e reergam o nosso museu.
A atual mostra das réplicas de Da Vinci lá poderiam estar expostas para serem bulidas de forma permanente. Leonardo Da Vinci, Thales de Azevedo Filho, eu e todos nós da Bahia e do Brasil, certamente, aplaudiríamos euforicamente a iniciativa.
Publicado em A Tarde, dia 26/09/2019, pag. 03.