Educação em banda larga
Nelson Pretto – professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia – www.pretto.info
Durante esta semana, pesquisadores do Norte e Nordeste do Brasil estão aqui em Manaus para o XX Encontro de Pesquisa e Pós-graduação do Norte e Nordeste (EPENN), com o tema “Educação, Culturas e Diversidades”.
Intensas discussões com resultados de pesquisas estarão acontecendo no campus da UFAM, mas o que queremos é que elas também ganhem outros espaços. Educação é um daqueles temas que demanda intenso debate para muito além dos muros da academia. É algo que não pode ficar preso aos eventos científicos ou aos palcos universitários, mas tem que estar na pauta do dia de todos os cidadãos. Além disso, pensar educação é pensar em muitos outros campos e quero aqui destacar especialmente as políticas de inclusão digital associadas ao tema do EPENN.
Essa é uma temática fundamental para uma grandiosa região como a Amazônia, já que as grandes distâncias físicas podem ser em parte superadas por uma política de conectividade consistente que garanta tanto o acesso de todo o cidadão à internet, como esse acesso precisa ser qualificado, ou seja, precisamos de uma boa velocidade de banda, de forma a permitir que muito mais do que simples consumidores de informações, cada um possa ser efetivamente um produtor de culturas e de conhecimentos.
O Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) deveria ser um importante marco nesse sentido, mas terminou se constituindo apenas num acordo do governo federal com as operadoras, deixando-nos um tanto quanto apreensivos quanto ao seu futuro. O PNBL, considerando a frágil estrutura hoje disponível e sem controle de tarifas ou metas de universalização para o acesso à internet, nos obriga a estar atentos para garantir a fiscalização dos serviços prestados pelas operadoras privadas de forma a garantir a “banda larga, como um direito do cidadão”, conforme lema da Campanha Banda Larga para Todos (http://campanhabandalarga.org.br).
Para a educação, a conexão das escolas é mais do que uma necessidade: é imperativo para que a escola possa estar, de fato, inserida no mundo contemporâneo. Antes, quando pensávamos a relação da escola com o mundo, tínhamos, basicamente, a possibilidade de sermos ou regionais ou universais. E o universal, na maioria das vezes, significava pensar para muito longe da cultura dos povos locais. Hoje, com a força da comunicação digital, podemos, simultaneamente, ser regionais e universais. Tudo ao mesmo tempo. Assim, mais do que simplesmente termos escolas que consumam informações produzidas fora do seu próprio espaço, queremos escolas produtoras de culturas. Para isso, precisamos de professores e alunos fortalecidos para que, no conjunto, interagindo intensamente com as tecnologias digitais, possam ser, ao mesmo tempo, fortemente locais, valorizando a cultura amazônica, e universais, conhecendo e trazendo os conhecimentos de as culturas de outros povos.
Esse desafio está posto e essa não é uma questão que possa ser desprezada ou postergada se queremos um país que seja, de fato, uma Nação. As tecnologias digitais de informação provocam a educação, fazendo-nos pensá-la fortemente conectada com as culturas e diversidades, num pleno plural. Com isso, podemos também pensar educação nesta perspectiva plural, ou seja, pensar em educações.
Olá professor,
Sou Luciana Lago, estive neste excelente evento de Educação e ouvi sua palestra.Inclusive te encontrei no Teatro de Manaus e até tiramos uma foto juntos, pois gosto do seus livros e projetos. Também sou professora, pesquisadora das NTIC em EJA, e cito o sr. em meus trabalhos.
Parabéns por sua grande contribuição na educação.
Abraços,
Luciana O. Lago.
Grato Luciana, poste a nossa foto…
abraços
nelson