Artigo de Nelson Pretto no Correio* dia 06/12/2019
25 anos de um grupo de pesquisa e a defesa da universidade pública
Nelson Pretto, professor da Faculdade de Educação da UFBA. nelson@pretto.pro.br
Começo esse artigo na primeira pessoa, coisa que não costumo fazer. Em 1994 voltava do meu doutorado em Comunicação na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Estávamos num momento especial da humanidade, com o surgimento da internet.
Era professor do Instituto de Física (desde 1978, quando entrei como professor colaborador na UFBA) e, ao mesmo tempo, atuava no Programa de Pós-graduação em Educação da Faculdade de Educação. Lá já existia o núcleo de pesquisa NEPEC, que reunia professores e pós-graduandos que estudavam Currículo. Nele fomos abrigados, e agora o plural já começa a aparecer forte, em um ainda pequeno grupo preocupado com a histórica relação da Educação com a Comunicação. Nascia assim o grupo de pesquisa Educação e Comunicação, apelidado de GEC, justo por conta de suas temáticas de pesquisa. Foram chegando os primeiros bolsistas de iniciação cientifica, depois mestrandos e doutorandos.
Lembro bem, ainda no Instituto de Física, de um dos nossos primeiros projetos para bolsistas de Iniciação Científica denominado “Passeando pelo Ciberespaço”, objeto de críticas de alguns colegas que não entendiam a importância dos estudos dessa temática.
Fomos em frente e começamos a perceber que a relação da educação com a comunicação ganhava, cada vez mais, um novo aliado: as tecnologias, que já começavam a ser digitais.
Rapidamente pulamos do NEPEC para sermos um grupo independente e, a partir de então, a palavra Tecnologia foi incorporada no nome do grupo, que passou a ser grupo de pesquisa Educação, Comunicação e Tecnologias, sem perder, no entanto, sua sigla histórica.
De lá para cá, mais de 100 teses e dissertações foram orientadas e essa turma passou a atuar em vários espaços da educação nacional e internacional com egressos em universidades do Rio de Janeiro, Sul da Bahia, Pará, Amazonas, no Equador, Argentina, México, Colômbia e em muitos outras lugares.
Trago aos leitores do Correio um pouco de nossa história por entender que o momento exige que todos, absolutamente todos, compreendam a importância das universidades públicas e a defendam frente aos constantes ataques que vêm sendo feito pelo governo federal às nossas instituições. Somos um patrimônio da Bahia e do Brasil, e não podemos aceitar que toda essa importante história seja jogada no lixo por aqueles que nela fracassaram e que hoje ocupam altos cargos no governo Federal.
Para celebrar esse percurso, que inclui a história da implantação da internet em nosso estado, projeto que estivemos umbilicalmente ligados durante a gestão do reitor Felippe Serpa, uma intensa programação está sendo realizado ao longo desses dias, aberta, como sempre, à participação de todos (veja aqui: www.gec.faced.ufba.br).
Uma programação com o objetivo de resgatar a história e, com isso, fortalecer a ideia de que, mais do que tudo, nestes momentos difíceis que passamos, o importante é fortalecer o coletivo, o commons (comun). Assim, podemos avançar na busca de construir um sociedade justa e soberana.
Link para o pdf da página aqui.