Ola Faced,
acabo de saber que definitivamente Rosane não suportou a crise e a livraria que ficava na Faced fechou.
Vale a pena recuperar um pouco da nossa luta para que ali tivéssemos uma livraria.
A gestão da Faced era da profa Iracy Picanço. Me coloquei a disposição para ajudar a instalar naquela área, onde havia uma cantina, que competia com a ADM (em todos os sentidos, rs) e não víamos sentido nisso. Propusemos que ADM cuidasse da cantina e nós, ali na FACED, abriríamos espaço para uma livraria.
Assim, todas(os) ficariam bem alimentados, em todos os sentidos.
Não pense que isso foi simples. Logo depois de toda essa negociação, fomos eleitos, eu e a querida colega profa Mary Arapiraca, diretor e vice, para o primeiro mandato (2000-2004). Demos continuidade à negociação e a única livraria de Salvador que se interessou foi a LDM.
Fizemos um acerto nos seguintes moldes:
Nos primeiros cerca de 2 anos (aproximados, pois não lembro de cabeça), 80% do valor investido pela LDM na reforma do espaço para a instalação da livraria seria abatido do aluguel e os 20% seriam investidos em fornecimento de livros. Esse valor iria paulatinamente diminuindo e, assim, aumentando o valor que seria usado em fornecimento de livros. Acordado so temos, fizemos o contrato (não lembro bem se foi contrato , mas não vem ao caso, formalizou-se tudo junto à administração). Chegamos, se não me falha memória, a aplicar 100% do aluguel em compra de livros.
Tínhamos quase nada de recursos para compra de livros para a biblioteca. A estratégia que adotamos, e que considero correta até hj, era de que se recebêssemos o aluguel em recursos, como tínhamos uma situação e de muitas demandas (como hj!), certamente, terminaríamos comprando tudo com esses parcos recursos, menos livros. Assim amarramos o contrato de tal foma que os livros seriam prioritários. Os colegas, mensalmente, indicariam os livros mais atuais e a LDM os fornecia fazendo a conta de chegar para abater no aluguel.
Assim fizemos e nossa biblioteca passou a possuir um acervo super atualizado. Tínhamos aí uma outra dificuldade: cadastrar os livros, que eram em bom número todo mês, para que imediatamente ficassem disponíveis. Foi uma novela, lembra Mary? Mas conseguimos e assim fomos fazendo até que, pasmem, nas gestões seguintes a burocracia proibiu a utilização que o aluguel fosse “pago” em livros. [É de dar risada, não? considerar que era melhor receber os recursos, entrar no caixa único da união, para depois, com todos os processos administrativos longos e lentos, providenciar a compra dos livros. Inacreditável e não sei como foi encaminhado pelas gestões seguintes à nossa.]
Já não estávamos mais na direção, mas acompanhávamos, pois o pagamento em livros interessava duplamente, era um negócio de ganha-ganha, pois para a livraria tb era bom pagar em livros.
O aluguel começou a ficar inviável. A proposta inicial, de que ali tivéssemos um café, espaço cultural para lançamentos de livros e pequenos shows de música e teatro foi se inviabilizando, pois isso só teria sentido se pudéssemos receber a comunidade de todo o Canela (e ufba) e com a desenfreadaocupação do Canela com PAC e o aumento do número de carros, o estacionamento ficou inviável (e ainda é!). Essa etapa não foi em frente e, com isso, mais dificuldades para a livraria.
A LDM desistiu do negócio.
Havia um sensacional funcionária, que cuidava da livraria e da gente. É a querida Rosane, que vendo a saída da LDM arriscou montar ela própria uma livraria para ficar na FACED. Tentou. Tentei ajudá-la, fazendo negociações, por exemplo, para que a Edufba mantivesse ali um posto e com isso ajudasse a manutenção do espaço.
A brava Rosane lutou. Conversava muito com ela e sentia a sua dor pela dificuldade financeira.
Veio a pandemia.
Arrasa quarteirão.
Chegamos ao hoje. Segunda que vem iniciamos as aulas sem Rosane e uma livraria no campus do baixo-Canela, só a Edufba lá em cima (ainda?).
Pequenas histórias de um passado não tão distante [Tenho muitas fotos de tudo isso, um dia organizo mais isso].
Precisamos ocupar a nossa universidade. Defender a Universidade pública.
Que consigamos reabrir o espaço da livraria com outro grupo, se for o caso.
Mas aquele espaço é o espaço do livro. É o nosso espaço.
abraços e bom inicio de semestre para todos(as) nós.