Com muita tristeza acordei hoje com a informação do falecimento do professor Ciro Marcondes Filho.
Entrei no doutorado na ECA/USP em 1990. Lá pelo meio do período, em 1992, resolvi, sem precisar mais crédito, fazer um disciplina no Departamento de Jornalismo. Nem era meu campo de pesquisa, mas tinha ouvido falar no professor Ciro e lá fui eu.
No meu livro “Uma dobra no tempo – um memorial (quase) acadêmico” (Editus, disponível no site da editora http://www.uesc.br/editora), descrevo como cheguei a ele e o impacto que me causou: a ideia de ler Ciro foi de Laymert Garcia dos Santos, com quem tive uma distante e eventual relação, mas sempre bastante profícua. Ele sugeriu não só a leitura do livro como acompanhar o seminário Nova Teoria da Comunicação – temas emergentes II. Pois lá fui eu, e como já escrevi, trago para cá um trechinho dessa história como minha homenagem ao querido mestre Ciro Marcondes Filho:
“Ciro e seu grupo foram fundamentais para a conclusão da minha tese e marcaram de forma definitiva o meu percurso. Ele, sério, quase zangado, mantinha uma prática, em seu grupo, de dialogar com autores que refletiam profundamente sobre a sociedade contemporânea, e promovia encontros/debates, que eram gravados, e que se transformavam na provocativa revista acadêmica Atrator Estranho. Era, ainda, um tempo pré-Qualis, e a revista era rica pelos temas e pela maneira como se dava sua produção: coletiva! A escrita era coletiva, o pensar era coletivo, a partir de uma bibliografia totalmente nova para mim [e para muitos do que lá estavam.]. A publicação era sempre aguardada com ansiedade, pois ali estariam as discussões das aulas e do grupo que, gravadas, eram transcritas e publicadas …” (pag. 120).
Os exemplares de Atrator Estranho tenho guardado aqui comigo com muito carinho. O mesmo carinho que tenho por esse magnífico intelectual e professor que agora nos deixa.