Estamos na reta final de 2015, e não está sendo nada fácil. Nas jornadas de junho de 2013, criticamos tudo, e não sem razão. Depois, vieram as eleições e o povo brasileiro escolheu os seus novos representantes. Recebemos de presente esse Congresso Nacional que está, literalmente, em lama. Lama que também foi espalhada por empresas irresponsáveis na região de Mariana (MG), e, com isso, o magnífico rio, que era Doce, ficou marrom, um lixo. Em Bento Rodrigues, a lama tomou conta de tudo, matou gente, e evidenciou o quanto não se cuida dos licenciamentos de grandes obras como a barragem que rompeu, com repercussão dramática para as pessoas e os ambientes. Justo por lá, a moçada, articulada pelas redes, alerta para esses desmandos e promove uma ação denominada um minuto de sirene, que acontece todo o dia 5 de cada mês, relembrando a tragédia e cobrando um plano de alerta para emergências, o que não existia até então. Mas tivemos um ano com todos os tipos de lama. Um ano que foi uma verdadeira zica, com o perdão do trocadilho. Um mosquito safado, que se transmuta daqui para ali, bebe em águas deixadas nos vazinhos de plantas, pneus e outros buracos e… lá vai ele picando a torto e a direito, deixando um rastro de doenças terríveis. Falta educação, falta muita educação e pouco temos visto em termos de políticas públicas para a área. Nem mesmo o piso salarial dos professores os governadores querem pagar. Como esperar mudanças nesse estado de coisas? Por decreto? Não, claro que não se modifica a educação por decreto! E também nesse campo, o Congresso caprichou nas barbaridades. Propõe leis que pregam a proibição de se falar em política na sala de aula (PL 867/2015). Impossível! Educação, senhores deputados, é um ato essencialmente político, e para a formação da juventude, isso é fundamental, justo para termos, num futuro próximo, um Congresso Nacional com outra composição, menos conservador, menos intolerante, menos corrupto. Isso exige professores qualificados e currículos arejados, não esse que vem sendo proposto com a tal Base Nacional Comum Curricular. Não está fácil! Mas vamos em frente, pois o novo ano vem aí e não podemos continuar em 2016 com essas propostas que representam um retrocesso para a sociedade brasileira. Algumas pistas, já encontramos nesse ano que finda. Elas foram dadas pelos estudantes de São Paulo, que ocuparam mais de 200 escolas contra as medidas autoritárias do governo que buscava implantar um plano de reestruturação da rede sem conversar com ninguém. Muita coisa aconteceu durante essas ocupações e lições estão aí para serem aprendidas (veja aqui). Já fechando o artigo e o ano, eis que vemos a tristeza das letras pegando fogo em São Paulo. Não apagaram as desse artigo, mas destruíram o Museu da Língua Portuguesa, na antiga Estação da Luz. Triste, muito triste! A bem da verdade, tudo que queremos é que essa nhaca que tomou conta de 2015 vá embora. Amanhã, será outro dia. Que tenhamos um bom 2016.
Publicado no jornal Correio* de 30.12.2015. Link para o original publicado aqui.
* Nelson Pretto é professor da Faculdade de Educação da Ufba