Em 1981, a reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a SBPC, foi aqui em Salvador e o circo foi instalado. Era secretária regional a professora Maria Brandão e estávamos juntos para montar aquela reunião que deu o que falar. Na ausência de um grande espaço na Ufba (lamentável até hoje não termos um generoso espaço para grandes eventos aqui na Ufba, mesmo depois de tantas obras!), decidimos, literalmente, montar o circo no meio do campus de Ondina. Era o local dos grandes debates, que reunia milhares de pessoas e fazia daquela SBPC um evento memorável.
Este ano, a 67ª reunião da SBPC será na Universidade Federal de São Carlos, no interior de São Paulo, que está completando 45 anos. Estaremos lá com mais de 150 trabalhos e apresentações, tendo grande destaque para a participação baiana na Jornada Nacional de Iniciação Científica, com a Uesb e Uneb destacando-se pelo número de jovens cientistas apresentando os resultados de suas pesquisas. No entanto, acredito que ainda temos muito que lutar para um maior participação baiana na programação chamada de sênior, onde estão as conferências, mesas-redondas e simpósios. Essa tem sido uma luta nossa enquanto secretaria regional e continuará a ser, agora no Conselho da SBPC. Precisamos tentar reverter isso para os próximos anos com muito trabalho de convencimento sobre a importância das pesquisas que desenvolvemos. Hoje, somos 12 instituições de ensino superior espalhadas pelo estado, com mais unidades de pesquisa como a Fiocruz, Cetind-Cimatec, entre outras, que, no entanto, precisam ser reconhecidas nacionalmente.
Esse trabalho é interno ao estado também. Necessário que se instale um ambiente de solidariedade e parceria, visando a montagem de redes de pesquisas e não uma lógica de competição entre as instituições. A Ufba é a sua universidade mais antiga e, hoje, nesta reunião da SBPC, não está com uma presença marcante. Isso significa que ela não é mais importante? Claro que não! Isso significa que as demais instituições estão crescendo, sendo isso muito bom. Muitas delas crescem, inclusive, com a ajuda da própria Ufba que tem a tradição, por ser a mais antiga e ter o maior número de doutorados, de formar profissionais para todo o estado.
Já tivemos centros importantes de pesquisa como o Ceped e a Ceplac, que, lamentavelmente, foram enfraquecidos por absoluta falta de uma política de C&T para a Bahia. Em termos de Brasil, também o Nordeste vem fazendo um grande esforço para se colocar no panorama local, nacional e internacional, possuindo bons centros de pesquisas e universidades e, obviamente, precisando de apoios públicos e privados. Esse é o esforço que estamos fazendo na SBPC, não para sermos os melhores, mas para sermos respeitados pelo que somos. Isso é mudança de perspectiva política fundamental para o avanço da sociedade.
Publicado em 08.07.2015 no jornal Correio*, pag. 2. Clique aqui para a página original.