Em Angola, desafios para a educação

Uma colaboração minha para a coluna Opinião do Jornal de Angola.   Estou aqui em Luanda para a feira Educa Angola, que se inicia amanha. Amanha mesmo à noite farei um conferência para os professores presentes com o título Sociedade do conhecimento e educação: desafios contemporâneos”. Veja também aqui ao lado, no Flickr as fotos que vou postando ao longo desta semana.

Desafios para a educação contemporânea

Nelson Pretto – professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia/Brasil – www.pretto.info – nelson@pretto.info

Educação é tema constante em qualquer agenda pública, em todos os países do mundo. Aqui mesmo no Jornal de Angola, na edição de 3 de Novembro passado, o líder namibiano Andimba Toivo ya Toivo afirmava que o futuro está nas mãos da juventude e que os ”jovens devem estudar e trabalhar duro para fazer de Angola um grande país”. Na recente campanha brasileira que elegeu Dilma Rousseff a primeira mulher como presidente do país, o tema educação foi constante e objectivo de todas as promessas.

Neste início de Novembro acontece aqui em Luanda a Educa Angola, feira que apresentará as experiências e os resultados das políticas públicas angolanas, ao mesmo tempo que trará para o centro do debate os desafios educacionais para a sociedade do conhecimento.

Temos defendido ao longo dos anos que educação não se faz com projectos pequenos. As acções até podem ser pequenas, mas o pensar a educação tem que ser sempre muito grande. Os desafios são enormes e as soluções simples não dão conta da complexidade da questão.

A presença das tecnologias digitais em rede pode se constituir em um importante elemento estruturador das necessárias transformações educacionais vislumbradas por todos aqueles que pensam num mundo sustentável e com justiça social.

Não podemos continuar deixando nossas escolas se constituírem em meros espaços de distribuição e consumo de informações. Escola é muito mais do que isso! Escola é o espaço onde cada miúdo, cada professor e cada cidadão, pode deixar de ser esse mero consumidor de informações para se constituir, efectivamente, em produtor de culturas e de conhecimentos.

A criação de bens culturais como fotografias, músicas, programas de rádio, filmes e vídeos abre um importante caminho para a ampliação do universo da sala de aula, estimulando alunos e professores a produzirem esses bens culturais, articulando-os com seu contexto social e cultural, disponibilizando-os de forma livre e aberta na rede internet, visando a sua apropriação colectiva. Com isso, a escola transforma-se em um espaço privilegiado para o diálogo entre culturas, saberes e linguagens, articulando de forma intensa o local e o não-local. Assim, estabelece-se um círculo virtuoso de produção colectiva e colaborativa de materiais educacionais, que potencialmente fortalecem e valorizam as nossas culturas.

O uso das tecnologias digitais, a conexão em rede de todas as escolas e a forte valorização do trabalho dos professores, pode vir a se constituir para a educação angolana a chave de saída para o enfrentamento dos grandes desafios contemporâneos.

Este post tem 3 comentários

  1. Estevão Sorte Pedro Panzo

    A educação não é o resultado ou a resposta de acções isoladas ou culpa do Governo. A nossa sociedade ignorara a nossa cultura para outra o alfabetismo em angola não esta a 100%. o nosso Governo para entrarmos no mundo do desenvolvimento não só precisa de construir escolas primarias, secundarias ou institutos. o governo de resolver o problema dos professores porque a nossa sociedade pensa basta terminar o médio ou o ensino superior já pode dar aula uma coisa é ensinar e outra coisa é formar. ter controlo com os professores sendo do particular a estatal.
    ter mais escolas publicas ter mais vagas nas universidades, a falta disso fica um pouco complicado.

Deixe um comentário