Ativismo para um outro mundo
Nelson Pretto – Professor associado da Faculdade de Educação/Ufba, visitante da Universidade Trent, Nottingham, Inglaterra. www.pretto.info – nelson@pretto.info
Nesta semana acontece em Londres o encontro dos líderes das 20 maiores potencias econômicas do mundo, conhecido como G20. A crise financeira global, que tem provocado uma onda de desemprego sem precedentes em todo o mundo, será, seguramente, o centro das discussões mas, não só. Outros temas terminam entrando na pauta do encontro oficial, também por conta da intensa mobilização que já se faz ver pela internet e pelas ruas. Já estão mobilizados os ativistas ligados a diversos grupos que atuam em todo o planeta em defesa do ambiente, contra o apoio aos bancos "quebrados", em campanha pelo desarmamento nuclear, pelo fim da guerra, em defesa de uma alimentação mais sadia e de menos velocidade na vida contemporânea, entre tantos outros. Desde o sábado passado, dezenas de grupos, de conservadores a anarquistas, ocupam as ruas de Londres e os canais da internet.
Enquanto em uma parte da cidade acontece o encontro do G20, no centro financeiro vários desses grupos estarão atuando em diversas frentes para chamar a atenção do mundo para a destruição do planeta e clamando por mudança na pauta de discussão do G20. Para essa mobilização, contam principalmente com os celulares, com as mensagens instantâneas, salas de bate papo, enfim, a internet por todos os meios, com destaque para os blogs e microblogs como o Twitter, que se espalhou velozmente pelo mundo e, ao longo desta semana, já não dava conta do movimento, tendo “trancado” algumas vezes por excesso de postagens. As redes de relacionamento, criadas em torno de sites como Facedbook e MySpace, mais usados aqui do que o Orkut no Brasil, estão repletas de postagens e de grupos organizando os protestos e as marchas para Londres.
Toda essa mobilização, que já vem acontecendo ao longo dos últimos 10 anos, agora mais intensificada pela apropriação das tecnologias digitais, tem contribuído para pautar a discussão sobre o futuro do planeta para além do universo financeiro. Essas mobilizações têm nos mostrado que a construção de um planeta sustentável demanda uma ação mais enérgica de toda a sociedade, não podendo ser privilégio de poucos – e por isso mesmo poderosos -, a tomada de decisões sobre as questões que nos afetam diretamente.
Aqui, de novo retomo, como de costume, ao tema da educação. Mais do que nunca, articular o conhecimento e a crítica a esses movimentos é também papel da escola. Para fazer isso, precisa de professores fortalecidos que possibilitem a construção coletiva de uma escola que não se acomode ao instituído. Essa escola, lamentavelmente, ainda está a ser construída.
Artigo publicado em A Tarde de 03.04.2009. Cópia da página de A Tarde em pdf.
Com umas linhas mais e uns links, publicado no site http://www.trezentos.blog.br/?p=157www.trezentos.blog.br/, coordenado por Sérgio Amadeu.
Veja algumas imagens das manifestações de hoje, sábado, dia 28 demarço de 2009 no flickr, tem mais e depois eu posto..