Matéria no jornal A Tarde de hoje, dia 09/04/2008, caderno Digital, pagina 02.
Banda larga é mais um instrumento de ensino
rvilasboas@grupoatarde.com.br
Imagine todas as escolas públicas do País recheadas de computador com acesso banda larga.
Bem, pelo menos essa é uma novidade do governo Lula que começa a ser implantada, conforme informações do coordenador do Programa Brasileiro de Inclusão Digital, Cezar Alvarez.
Na prática, porém, nem todas as escolas públicas possuem laboratórios de informática. Sendo assim, seria contraditório dizer que toda unidade escolar terá acesso banda larga.
Conforme José Luiz Maio de Aquino, assessor especial do presidente da República, 5.564 municípios serão contemplados. As operadoras devem disponibilizar acesso à internet em banda larga a todas escolas urbanas no Brasil (55 mil) durante a vigência de suas concessões (até 2.025).
O cronograma para esta implantação é: 40%, em 2008; 80%, em 2009 e 100%, em 2010, para implantação da banda larga nos municípios e nas escolas.
Na Bahia, das 1.753 instituições da rede estadual de ensino, 700 possuem conexão banda larga.
E nem toda unidade de ensino tem laboratório de informática.
No âmbito municipal, a situação é crítica: apenas 167 escolas possuem laboratório. E 368 escolas sequer estão informatizadas.
CONTRATOS –Tecnicamente, a implementação da banda larga nas escolas depende, agora, de modificações nos contratos das concessionárias de telefonia fixa com a Anatel e o Ministério das Comunicações. “Isso já está pactuado.
Os contratos estão sendo finalizados”, garante Alvarez. O programa vai ter um custo de mais de R$ 1 bilhão.
Em contrapartida, o governo não terá mais a obrigação de instalar PSTs (Postos de Serviço Telefônico), que incluem orelhões e acesso à internet.
Professor e ex-diretor da Faculdade de Educação da Ufba, Nelson Pretto acredita que a banda larga irá permitir o uso de novas metodologias de ensino nas salas de aula. “Os professores vão poder produzir filmes, textos, áudios e colocá-los na internet”.
Pretto salienta, porém, que a banda larga nas escolas não é a solução dos problemas educacionais do País. “Precisamos de um conjunto de fatores: escolas bem equipadas, professores bem formados e, principalmente, bem pagos, bem remunerados”, enumera ele.
Quanto ao fato de a banda largar proporcionar a inclusão digital, Pretto é taxativo: “Não estou nem preocupado com a inclusão digital e, sim, com a inclusão da escola no universo da cibercultura e cibercomunicação”.
ESPAÇO – A implementação da banda larga nas escolas públicas esbarra em um problema sério: a falta de infra-estrutura. De acordo com a coordenadora do Núcleo de Gestão da Informação da Secretaria Municipal da Educação (SMEC), Eliana Marmabck, falta espaço nas unidades escolares para a instalação de um laboratório.
“Não é possível, por exemplo, tirar sala de aula para colocar laboratório”, diz.
Outro problema enfrentado nas escolas é a falta de profissionais nos laboratórios para dar suporte técnico durante as aulas.
“Mas não temos condições de colocar um profissional em cada laboratório. E no caso das escolas que não possuem laboratório, o estudante pode utilizar os equipamentos da unidade escolar mais próxima”, sugere.
ATENDIDAS – Fora a iniciativa do governo federal, a Secretaria estadual de Educação (Sec) garante que, até o final deste ano, mil unidades escolares do Estado serão atendidas pela conexão banda larga.
“Para chegar em 2009 com as 1.753 escolas da rede conectadas, a Sec está buscando outras novas tecnologias de conexão que visem alcançar os lugares mais longínquos da Bahia, uma vez que a banda larga ainda esbarra na falta de infra-estrutura das operadoras de telefonia”, declara a entidade.
Fato é que, como lembra Marilena Betros, integrante da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), “os professores vão precisar ser reciclados para aprender a lidar com o computador e utilizá-lo como ferramenta de ensino em sala de aula”.