Escrevi com Mary este texto para o jornal A Tarde.
Educação e Cultura: desafios para o novo governo
Nelson Pretto e Mary Arapiraca, diretor e vice da Faculdade de Educação da UFBA
O novo governo começa a anunciar seus primeiros movimentos e nós, bons baianos, acompanhamos atentos. Os desafios não são pequenos mas o que mais aparece na imprensa são as especulações sobre o novo secretariado. Ouve-se pouco, ainda, sobre as necessárias transformações nas diversas áreas. Queremos ouvir mais sobre as fundamentais articulações de fazeres nos mais variados campos. Na educação, cultura, ciência e tecnologia, o que vemos são algumas idéias mas, de uma maneira geral, ainda não percebemos uma defesa intransigente de ações conjuntas e articuladas para superar a idéia de que cada secretaria possa ser tão autosufciente que dê conta, sozinha, dos problemas que lhe são diretamente pertinentes. Um dos pontos merecedores de atenção para a radical transformação da Bahia é a educação, com destaque para a questão dos professores. Precisamos de ações que envolvam, no mínimo, as secretarias de Educação, Cultura (e/ou Turismo), Esportes, Ciência e Tecnologia e temos certeza que as possibilidades são inúmeras. Por exemplo, o nosso potencial em termos de museus, patrimônio histórico, cultura e natureza é fenomenal e precisamos aproveitá-lo. Dos professores tem sido sequestrado o direito de frequentar cinema, teatro, museu, biblioteca, viajar e participar mais ativamente da turbulência do mundo contemporâneo. Isso precisa ser revertido e, claro, só será possível se for pensado de forma global, com a implantação de mecanismos catalisadores de ações que não estão afetas apenas a uma ou outra secretaria de Estado. Alguma coisa do tipo programas de apoio a ida de professores a eventos a partir de negociações com os produtores e distribuidores, da promoção de programas de turismo para os professores no Estado todo, entre tantos outros, poderiam ser algumas das políticas integradoras. Como ser educador numa Bahia que se conhece pouco, uma Bahia com realidades tão díspares e tão ricas?! Um programa de turismo associado com formação poderia fortalecer esse movimento qualificado de professores dentro do Estado, contribuindo inclusive com o desenvolvimento econômico e cultural de cada região. Precisamos pensar em um política de incentivo à produção de materiais didáticos (livros, sítios, filmes, programas de TV, softwares) que destaquem a importância de nosso patrimônio histórico e cultural e, com isso, fortalecendo ao mesmo tempo os produtores de cultura em nosso Estado, os já estabelecidos e os emergentes. A Bahia sente falta de uma ação mais integrada no campo da educação e da cultura de tal forma a poder estabelecer uma forte articulação com os municípios, resgatando nossa rebeldia cultural perdida, rebeldia essa que marcou e marca a Bahia, de Glauber, de Edgard Navarro e também de José, Antonia, Pedro, Maria e tantos outros. Compor a equipe do novo Governo, atendendo às demandas dos partidos que o apoiaram é algo inevitável mas, mais do que tudo, queremos uma Bahia que se fortaleça e isso só acontecerá se seu povo for, de fato, considerado através de políticas políticas integradas e integradoras.