Brasil e Suécia
Artigo escrito para A Tarde de Salvador www.atarde.com.br
Foi publicado em A Tarde de 06/09/2006 com o título
Conhecimento Planetário do Professor
.
Nelson Pretto (Diretor da Faculdade de Educacao da UFBA – www.pretto.info) e Oleg Popov – Professor Universidade de Umea, Suécia (www.educ.umu.se/~popov/)
O processo de unificação da Europa, com a criação da Comunidade Européia (CE) traz cotidianamente novos desafios para os países europeus e as soluções muitas vezes encontradas terminam se espalhando pelo mundo como sendo mais uma das muitas facetas da chamada globalização.
A Faculdade de Educação da UFBA e a Faculdade de Formação de Professores da Universidade de Umea, na Suécia, estão desenvolvendo um programa de parceria que incluirá a permuta de estudantes e professores dos dois países, buscando possibilitar que os futores professores possam ter um conhecimento planetário mais amplo. Tarefa nada fácil, principalmente para países como o Brasil que vive profundas desigualdades sociais que não permitem que professores – normalmente provenientes de classes menos favorecidas – possam viajar e, com isso, conhecer diferentes realidades.
Mesmo países com melhores condições econômicas como a Suécia, a mobilidade dos estudantes de graduação para fora da Europa precisa ser estimulada e projetos como o que estamos implantando, com apoio do Programa Linneaus-Palme do governo Sueco, constitui-se em uma excelente oportunidade para que que os professores possam ter melhor formação e mais ampla visão do planeta. No caso do intercâmbio de professores universitários, estamos tendo a possibilidade de aprofundarmos alguns temas da educação que tem nos preocupado. Um desses temas diz respeito ao já bastante falado “Processo de Bolonha”. Com a implantação da Comunidade Européia, os sistemas educacionais dos 25 países que hoje a compõem, começam a ser desafiados a resolver os problemas colocados pelo aumento da mobilidade dos estudantes entre esses países. Como sempre se tem feito nesse mundo dito globalizado, o tal Processo de Bolonha, nada mais é do que tentar uniformizar todos os sistemas, como aliás já foi feito com a moeda. Alguns países, como a Suécia, no entanto, rejeitaram essa unificação de moeda. Já conhecemos bem essas soluções: padroniza-se tudo, de ponto de ônibus à comida, passando pelas roupas, expressões hábitos. Com isso, não tão lentamente, destroem-se as culturas. Como diz o ditado, é muito mais fácil destruir uma tradição do que construí-la. Em relação à comida, é curiosa a tentativa da CE de não permitir a circulação do “surstromming”, uma comida com um tipo especial de preparar o arenque, ficando ele fermentando durante uns meses possuindo, portanto, um cheiro muitíssimo forte mas que é um elemento fundamental da cultura sueca.
Somos seguro de que não temos como encontrar um ótimo caminho para o desenvolvimento da humanidade. O ótimo é sempre distante e nossas escolhas são fundamentais e precisam estar centradas em definições muito claras sobre o que queremos para o planeta. O que temos visto avançar com o chamado “Processo de Bolonha” mostra-nos que essa tendência de tudo padronizar pode levar à perda de valores culturais absolutamente fundamentais para a sobrevivência do planeta. A Suécia vive hoje pressionada para se adaptar ao tal “Processo de Bolonha” e não são poucos os conflitos internos nas universidades. De um lado, a maioria dos administradores buscam seguir rapidamente ao que mandam os tratados internacionais da CE justamente para estarem aptos a receberem os beneficios do sistema e, de outro, professores e organizações estudantis que vêm nisso um perigo à soberania educacional e tentam adiar a implantação do mesmo.
Neste ano de eleições gerais na Suécia, a situação está num verdadeiro impasse, com a previsão de acentuação dessa luta nos próximos meses. A questão que se coloca é se os estudantes e professores vão conseguir manter aquilo que sempre deveria ter siso característica mais importante da educação, a sua diversificação, da mesma maneira como o país conseguiu manter a moeda (e o direito de comer “surstromming”!).
No caso do Brasil, que adora adotar modas emanadas dos chamados países do primeiro mundo, todo cuidado é pouco pois nossos administradores já começam a ver com bons olhos, também para cá, a nossa adaptação ao que na Europa se busca implantar. Todo cuidado é pouco pois, com muita rapidez, podemos perder importantes valores culturais se optamos pela busca fácil das soluções padronizadas, tanto para o Brasil como para a Suécia.
Grata surpresa
Caro Nelson,
Não sei se você lembra de mim, fui da Escola Técnica, da turma de Josias, Cláudia e Almerico e fizemos um vídeo num daqueles encontros na faculdade de educação lá pelo início da década de oitenta(o vídeo ainda existe?).
Pois é, ao abrir hoje o vestuto A Tarde eis que me deparo com seu artigo. Imediatamente resolvi dá a notícia a uma blogueira, jornalista carioca que estuda Serviço social aí em umea. Como A Tarde está mais jurássico do que nunca e impede o acesso a todo o conteúdo acabei encontrando a sua página via google. Males que vem para o bem. Grande abraço. Marcus Gusmão.
http://mbgusmao.blog.uol.com.br
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meu caro Marcus,
se o vídeo existe, sem não… mas nós estamos aqui, com blogs e tudo mais…
que otimo que pela minha página sua amiga daqui/de lá pode ver e tentar ficar em contato
abraços…
nelson pretto
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Parabéns pela matéria! Estou te seguindo..rsrs…encontro textos seus em toda rede, então achei esse blog também.
Letícia Matos
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Não sei se você lembra de mim, fui da Escola Técnica, da turma de Josias, Cláudia e Almerico e fizemos um vídeo num daqueles encontros na faculdade de educação lá pelo início da década de oitenta(o vídeo ainda existe?).
Pois é, ao abrir hoje o vestuto A Tarde eis que me deparo com seu artigo. Imediatamente resolvi dá a notícia a uma blogueira, jornalista carioca que estuda Serviço social aí em umea. Como A Tarde está mais jurássico do que nunca e impede o acesso a todo o conteúdo acabei encontrando a sua página via google. Males que vem para o bem. Grande abraço. Marcus Gusmão.
http://mbgusmao.blog.uol.com.br
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