Viva Escola Viva

Viva Escola Viva

Nelson Pretto – professor e diretor da Faculdade de Educação da UFBA – www.pretto.info

Como a nossa escola é criticada atualmente! Na maioria das vezes, é bem verdade, com muita razão. Ao longo dos longos últimos anos, o desprestígio das escolas e dos professores tem sido tão grande que se tornou lugar comum falar mal delas e deles.
Já que agora tudo virou mercadoria, a escola, também ela, virou objeto de crítica por não atender aos anseios dos … (perdão) consumidores! Pobre escola… e se pensarmos que sua função deveria mesmo ser a de promover e estimular a rebeldia, de enaltecer as diferenças, de confrontar as opiniões, visões de mundo e conceitos… como tem sido difícil! Mas não é impossível, meu caro.
Precisamos canalizar nossas críticas no sentido de cobrarmos políticas públicas que fortaleçam as escolas (especialmente as públicas) e os professores, para que as coisas da vida estejam presentes no cotidiano escolar e, assim, possam ser confrontadas com as visões de mundo dos adultos, dos mais velhos, dos outros povos e nações. Sim, porque não podemos imaginar que a escola se transforme num mero parque de diversões, sem nenhum tipo de desafio para alunos e professores! Precisamos de uma escola labirinto, com caminhos tortuosos, cheios de surpresas e de muita vida, e, ao mesmo tempo, com rigor e molejo de corpo, por mais esquisito que isso possa parecer.
Se você ficar atento, verá que já existem exemplos, às vezes muitos singelos, que apontam nessa direção. Aqui em A Tarde mesmo, no ano passado, Celeste Arruda, da Biblioteca Comunitária do Beiru, mostrou uma prática simples, que muda tudo. Lá, o prazo para empréstimos dos livros é flexível, depende do leitor. “Sempre perguntamos quanto tempo o leitor precisa” disse Celeste, que arrematou: “Estamos acostumados a lidar com tantas dificuldades e não vamos criar mais uma. Queremos inclusão, e não o contrário”. Lindo, não?! Existem muitas outras pistas. Basta estarmos atentos e atuantes. Um dia, com certeza, teremos escolas muito mais alegres e vibrantes, ajudando a construir cidadãos plenos para enfrentar este mundo tão atrapalhado. E, para isso, vamos precisar de grandes professores… muito vivos e valorizados!

escrevi esse textinho para o Caderno Dez de Atarde, que deve sair na próxima quinta, 09/02/2006

Este post tem um comentário

  1. Anônimo

    Olá professor, não precisa pedir perdão não… a educação é realmente o produto da escola e os alunos consumidores sim, quanto à Celeste é maravilhoso saber que ela existe e precisa ser replicada, pois nos estágios que andei fazendo na graduação, encontrei aqui no Rio mais pessoas que atravancavam o processo do que ajudavam. Precisamos de pessoas que façam a diferença, ainda bem ainda há Celestes, Não podemos e nem devemos desanimar. Um abraço, Cinira.

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