O dossiê é aberto por “O Rádio Está Morto… Viva o som!”, transcrição de uma provocativa palestra de Armand Balsebre (Universidade Autônoma de Barcelona) – um dos mais influentes autores do mundo na área de rádio – sobre os desafios colocados diante do veículo para que ele se converta “numa nova mídia sonora, no contexto da nova sonosfera, para os novos radiouvintes”. Andrew Dubber (Birmingham City University), diante dos desafios propostos pela Era Digital, defende uma abordagem do estudo do rádio através da Ecologia Midiática, onde busca considerar a forma e o discurso do veículo como uma negociação entre potencialidades e efetividades mais do que como um conjunto de características essenciais fixas. Luiz Artur Ferraretto (UFRGS), a partir de uma proposta de categorização do conteúdo radiofônico em quatro níveis de planejamento (segmento, formato, programação e conteúdo em si), busca “aproximar e contrastar o que é praticado nas emissoras comerciais do Brasil com processos adotados no rádio dos Estados Unidos, mercado tido como referencial para o empresariado nacional”. Madalena Oliveira (Universidade do Minho), debruçando-se sobre o estágio atual das pesquisas de comunicação em Portugal, reflete sobre os desafios do estudo de uma cultura do ouvir em tempos dominados pelo olhar. Marko Ala-Fossi, (Universidade de Tampere), partindo da consideração de que “a evolução do rádio depende em grande parte não apenas dos contextos culturais de um país, mas também do desenvolvimento social, político econômico geral das sociedades”, oferece uma perspectiva do seu desenvolvimento no mundo ao longo das próximas décadas. E encerrando o dossiê, Rafael Duarte Oliveira Venancio (UFU), partindo da hipótese de que o rádio, em sua definição, é uma linguagem, e não um aparelho, procura entendê-lo enquanto recorte e modelo operacional dessa linguagem em sua intersecção com o mundo.
Outros seis artigos, não vinculados ao dossiê, completam a edição. Fernando de Tacca discute a categoria de “fotofilmes” a partir da análise de três produções espanholas recentes. Gustavo Souza busca pensar a possibilidade de um ponto de vista no documentário, num debate que articula a materialidade da imagem e do som com a subjetividade decorrente da interpretação. Vinicius Bandeira reflete sobre a duplicidade espacial do cinema, que se estabelece entre o que é e o que não é abarcado pela câmera. Neide Jallageas se propõe a pensar o design da comunicação por imagens desde as suas primeiras modelizações, dedicando-se em especial às propostas radicais das vanguardas do início do século XX. E enquanto Gilson Schwartz discute o impacto causado pela difusão dos videogames enquanto prática cultural hegemônica na sociedade do espetáculo, Christian Pelegrini e Rogério de Almeida analisam as formas de representação da personagem Rose Nadler, da série televisiva norte-americana Lost.
Os editores agradecem a confiança e disponibilidade dos autores, bem como o trabalho de toda equipe de profissionais envolvida na produção dessa revista – especialmente Andrea Limberto, que traduziu do inglês os textos de Marko Ala Fossi e Andrew Dubber, e Eduardo Vicente, organizador do dossiê e tradutor do espanhol do texto de Armand Balsebre.