Definições de interatividade: Recorrendo-se à etimologia desta palavra, veremos que ela é formada através da composição do prefixo “inter-” à palavra “atividade”; um verbete ainda não dicionarizado. De qualquer forma, usaremos um correlato, Interação, para esta explanação.
Interagir – agir mutuamente, exercer interação.
Interação – palavra formada por derivação sufixal, através da adição do prefixo latino “inter-” à palavra ação. Inter + ação.
Novo Dicionário Aurélio: ação que se exerce mutuamente entre duas ou mais coisas ou pessoas; ação recíproca. Grande Dicionário Etimológico Prosódico da Língua Portuguesa: ação; influência recíproca entre dois elementos.
Dicionário Ilustrado de Língua Portuguesa: ação exercida reciprocamente entre dois objetos, pessoas etc.
Dicionário Enciclopédico Koogan Larousse: influência recíproca; fenômeno que permite a um certo número de indivíduos constituir-se em grupo e que consiste no fato de que o comportamento de cada indivíduo se torna estímulo para outro.
Inter - Segundo o Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa, “inter-” é um prefixo derivado do Latim que significa entre; no meio de; usado normalmente na formação de verbos, substantivos e adjetivos e que, na Língua Portuguesa, mantém seu sentido inalterado.
Ação – Segundo o Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa, ação deriva do Latim actio-onis, deduzido do particípio de atus, da primeira conjugação, e significa atuação; ato; efeito; obra.
John December, ao tratar do assunto nas apresentações contidas em seu site, define o termo “interativo” como:
In – ter – ac – tive – adj 1: mutually or reciprocally active; 2: of, relating to, or being a two-way electronic communication system (as a telephone, cable television or a computer) that involves a user’s orders (as for information or merchandise) or responses (as to a poll).
Note-se que a presença marcante do prefixo inter nas palavras em questão traz consigo o “por em comum”, o diálogo que é posto em jogo pelas palavras ação e atividade. Temos então uma “ação entre entes”; uma relação entre agentes; uma ação mútua.
Gianfranco Bettetini define a interatividade como “un diálogo hombre-máquina, que haga posible la producción de objetos textuales nuevos, no completamente previsibles a priori”. Completando o raciocínio, Alirndo Machado, lembra que há que se notar a bidirecionalidade deste processo, onde o fluxo se dá em duas direções. Um processo bidirecional de um media seria aquele onde “os pólos emissor e receptor são intercambiáveis e dialogam entre si durante a construção da mensagem”, o que não se tem podido observar na maioria de nossas relações com as novas tecnologias, ou com outros homens através destas.
INTERATIVIDADE E MIDIOLOGIA
Visto um histórico do meio, e o aparato tecnológico que envolve a construção de um Website, perguntamos: como se dá a atuação deste meio no cotidiano das pessoas, como ele realiza o papel de ambiente para a veiculação de mensagens? para então realizar-mos uma análise midiológica.
O Meio em Nossas Vidas Antes de iniciar uma discussão miológica sobre o produto em questão, seria interessante analisar como o meio que lhe serve de suporte atua em nossas vidas.
É inegável, que nossa vida social entrou na era do computador que, gradativamente, tornou-se mais do que uma mera ferramenta pessoal e profissional, caracteriando-se, hoje, como um ambiente com o qual nos relacionamos naturalmente. Ligados via modem a outros computadores o keyboard e o monitor de vídeo, as interfaces digitais, se tornaram uma arena para “personal networking” unindo pessoas que se relacionam por motivos dos mais diversos, que vão desde hobbies até interesses profissionais.
Nossas relações sociais no mundo contemporâneo não se resumem mais ao contato face a face. Elas estão agora inseridas em ambientes múltiplos, não se resumindo mais aos limites de tempo, espaço e corpo de outrora. Nasce um novo tipo de comunicação: a comunicação mediada por máquinas. Uma vez introduzido um objeto – o computador -, nossas relações passam a acontecer também em um ambiente denominado ciberespaço através de e-mails, chats, ciberconferências, cibercafés, etc. que, assim como o telefone, fax e outros meios anteriores, permitem e intermediam o contado entre dois ou mais seres humanos, possibilitando trocas simbólicas entre eles.
Entendendo o meio em questão como um ambiente para interações, falar sobre o a utilização midiológica do produto midiático analisado, seria falar da interatividade que ele possibilita. Desta forma, seria interessante fazer um link para a definição deste termo: Interatividade
Se analisarmos estes novos tipos de relações descritos no início deste texto, que chamaremos de social-interativo-digital homem-homem, veremos que esta se dá através várias outras. A primeira, a interação homem-técnica, é uma atividade presente em todas as etapas da civilização. Porém, esta interação nos dias de hoje não é uma recriação da interatividade manipulatória – como a que temos com os objetos, por exemplo – propriamente dita, mas a criação de processos baseados na gestão das informações; uma nova forma de interação com a técnica, de cunho “técnico-digital”, diferente da “interação analógica” que anteriormente caracterizou os media tradicionais. Assim, a interação homem-técnica se situa em dois níveis não excludentes: técnico-analógico e técnico eletrônico-digital.
A interatividade técnico-analógica, pode-se dizer, ocorre no nível manipulatório da relação homem-máquina, de estímulo-resposta. A famosa metáfora da porta serve muito bem para ilustrar esta relação. Exercemos uma certa ação sobre o objeto, e ele nos “responde” exercendo o seu “trabalho”.
Sendo assim, poder-se-ia alegar que a relação usuário-computador segue este modelo técnico-analógico. De fato, enquanto máquina, o computador, não é, pois, agente em qualquer processo. Logo, poderia haver uma verdadeira interação, nos moldes descritos no início deste texto, entre homem e computador?
A resposta é sim. Os softwares, a “alma” dos computadores, através de suas interfaces é que interagem com o usuário. Nesse sentido, a interatividade eletrônico-digital ocorre quando um programa de um equipamento é utilizado para modificar um comportamento. Entendida desta maneira, a interatividade digital atua como um diálogo entre homens e máquinas baseadas no princípio da micro-eletrônica, através de uma “zona de contato” chamada de interface gráfica, que caminha em direção à superação das diferenças físicas entre os agentes, uma vez que não é inscrita na forma física do objeto, mas nos suportes micro-eletrônicos que escapam à nossa escala de percepção espaço-temporal.
A evolução das interfaces gráficas, desta forma, caminha no sentido de permitir que elas atuem cada vez melhor como intermediadoras entre o usuário e a máquina, criando um contexto para a ação, ou interação, e atuando, consequentemente, como “mediadoras cognitivas”. E esta mediação é criada através de uma “manipulação direta” da informação. A interatividade digital, segundo Brenda Laurel se passaria num contexto de comunicação onde homem, máquinas e programas são agentes que assumem papéis numa “arena virtual”: a interface.
Fonte: Website Gabocorp – estética da comunicação FACOM/ UFBA.
Postado por Roseli Paraguassú – 24.10.08