Proyecto Canaima Educativo y la cultura digital de las familias venezolanas

Yaimar Montoya González. Proyecto Canaima Educativo y la cultura digital de las familias venezolanas. 2018 (ymontoyag@gmail.com). Orientadora:Orientadora: Maria Helena Bonilla. (Baixar PDF)

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Campanha Internet um direito seu!

Entidades lançam campanha em defesa do acesso à Internet para todxs no Brasil

A proposta é sensibilizar a sociedade, parlamentares e poder público para o fato de que quase metade da população não conta com acesso à rede

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Para muitas pessoas, sobretudo, as pertencentes às classes A e B que vivem nas grandes capitais do país, parece impossível acreditar que uma parte significativa da população brasileira ainda se encontra sem acesso à internet em casa. Mas essa é uma realidade constatada nos dados coletados anualmente pela pesquisa TIC Domicílios, produzidas pelo Cetic.Br, órgão ligado ao Comitê Gestor da Internet (CGI.Br).

46% dos domicílios brasileiros ainda estão desconectados e isto vale para os mais variados tipos de conexão, entre elas a fixa (por satélite ou banda larga) e a móvel (por celular). O número é um pouco menor que o percentual aferido em 2015, quando 50% da população não tinha acesso à Internet em seus domicílios. Os desconectados são em sua maioria moradores de periferias das grandes cidades e zonas rurais e grande parte destes não contam com oferta do serviço em sua região.

Levando em conta estes dados e buscando incidir para garantir acesso de qualidade a todos/as os/as cidadãos brasileiros/as, entidades e organizações lançam a CampanhaInternet Direito Seu. O objetivo é sensibilizar a sociedade sobre os problemas gerados pela falta de conexão (ou conexão precária) à Internet num país de tamanha proporção como o Brasil e mobilizar a população para a disputa pela universalização do acesso, por conexão de qualidade e preços justos.

Para Flávia Lefèvre, especialista em políticas de telecomunicações e advogada da Proteste – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, falar em acesso universal e democrático significa “ultrapassar a barreira da infraestrutura de telecomunicações, que hoje é insuficiente e distribuída de forma extremamente desigual e estabelecer condições especiais de contratação, que atendam aos consumidores de baixa renda”.

Parte dos problemas relativos à falta de conexão em todo país está relacionada à forma como os governos brasileiros têm tratado o tema, deixando a cargo do mercado – das quatro principais operadoras do setor –, o poder de decidir onde e quanto investir na ampliação das redes de conexão. O Programa Nacional de Banda Larga (PNBL), lançado ainda no governo Dilma Rousseff foi abandonado e os cortes recentes no Ministério de Ciências, Tecnologias, Inovações e Comunicações (MCTIC) atestam que não há vontade política em investir em setores estratégicos.

Recentemente o atual ministro do MCTIC, Gilberto Kassab, lançou novo programa, o Internet Para Todos, que pretende fazer uma gestão compartilhada da política de conectividade junto com os municípios brasileiros. Vários municípios têm firmado acordo com o MCTIC e com a Telebras, mas as regras referentes à execução do projeto e as contrapartidas das operadoras que vão utilizar o Satélite Geoestacionário (SGDC), comprado em 2011 pelo valor de R$ 2,7 bilhões, seguem pouco transparentes.

Outra barreira a ser ultrapassada para a universalização do acesso, segundo Lefèvre, diz respeito aos planos. É necessário fiscalizar a atuação comercial dos provedores de acesso à Internet, cujos planos ofertados no mercado desrespeitam garantias básicas conquistadas com o Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014), entre elas, a continuidade da prestação do serviço e a neutralidade da rede.

Além disso, conforme explica Rafael Zanatta, advogado e pesquisador do Idec – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, com o declínio das receitas em voz, há um impulso do mercado de telecomunicações de obter receitas com negociações de “não tarifação” e modelos de negócio de acesso móvel baseados em publicidade e análise de dados pessoais. Ou seja, “com os programas de ‘dados patrocinados’, há uma tendência de forçar as classes menos favorecidas a um sistema de maior vigilância e menor liberdade de acesso”, diz, alertando sobre os riscos do período atual.

Internet Direito Seu

Desde que o Marco Civil da Internet foi aprovado em 2014, o acesso à Internet é considerado um serviço essencial para todos e todas e condição fundamental para a garantia da cidadania dos cidadãos brasileiros. Ora, esta definição não foi incluída ali por acaso. Cada dia mais, aspectos da vida cotidiana dos cidadãos dependem da conexão à rede, e não raro de uma conexão de qualidade.

É impossível imaginar o pagamento de contas, o acompanhamento sistemático da gestão pública e até mesmo a inscrição em concursos, entre os quais, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), cuja inscrição é exclusiva pela Internet, sem estar conectado. Isto sem falar do entretenimento, cada vez mais convergente para o ambiente digital.

Hoje o ambiente digital, seja por meio das plataformas online ou pelos aplicativos de mensagens instantâneas se constitui em arena importante para o debate público que acontece no país. Preocupa, portanto, que quase metade da população brasileira esteja à margem disto, sem uma conexão que lhe garanta a participação neste processo”, diz Ana Claudia Mielke, coordenadora do Intervozes.

A Campanha Internet Direito Seu será lançada em ato simbólico, neste domingo, dia 15 de abril, dentro da Plenária Nacional do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), que acontece na sede da Apeosp, República, São Paulo. No dia 16 de abril serão realizadas ações nas redes sociais.

SERVIÇO
Lançamento Campanha Internet, direito seu!

15 de abril de 2018 às 14h30

Local: Apeoesp – Praça da República, 282, São Paulo

Organizações que integram a Campanha:

Artigo 19

Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé

Clube de Engenharia

Coletivo Digital

Fora do Eixo

Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – IDEC

Instituto do Bem Estar Brasil

Instituto Nupef – Núcleo de Pesquisas, Estudos e Formação

Instituto Telecom

Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social

Mídia Ninja

Projeto Saúde & Alegria

Proteste – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor

Mais informações:

Ana Claudia Mielke – Intervozes (11) 99651-8091

Links úteis:

http://www.cetic.br/pesquisa/domicilios/

http://www.cetic.br/tics/domicilios/2016/domicilios/A4/

http://www.cetic.br/tics/domicilios/2016/individuos/

http://www.cetic.br/tics/domicilios/2016/individuos/C2/

Para divulgar:

Facebook: https://www.facebook.com/InternetDireitoSeu/

Twitter: Internet Direito Seu @acessoparatodxs

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Oficinas para alunos do Colégio de Aplicação da UFSC fomentam a participação cidadã e o compartilhamento livre de conhecimentos

Se você acredita que “é aquilo que compartilha”, não há nada melhor do que socializar conhecimentos de maneira prática e dinâmica, concorda? Foi com este propósito que as oficinas de experimentação preparadas pela equipe organizadora do I Simpósio Conexão Escola Mundo foram ofertadas à algumas turmas do Colégio de Aplicação da UFSC no último dia 29/03.
As crianças e adolescentes que estudam na unidade tiveram diversas possibilidades de interação com as tecnologias digitais bem como participaram de dinâmicas envolvendo a temática dos direitos humanos. Desde jogos e criação de conteúdo digital à exploração de hardwares livres, os alunos foram desafiados a pensar novas estratégias para colaborarem entre si, bem como engajarem-se em movimentos em prol do conhecimento livre e da educação aberta. Ao planejar as oficinas, outro elemento central pensado pelos organizadores foi contribuir com a formação cidadã dos estudantes ampliando sua compreensão a respeito dos direitos e deveres individuais e compartilhados.
Ao utilizarem-se de elementos contemporâneos a este público, tais como a linguagem dos memes e a gamificação, os envolvidos na realização da atividade revelam ter obtido bons resultados uma vez que isso diminuiu a relutância em integrar-se às ações previstas em cada oficina. Para os alunos, mais do que uma “aula extra”, foi a oportunidade de fazer algo diferente, além de reconhecer outras possibilidades de intervenção em sua própria realidade dentro ou fora da escola.
Os materiais de referência utilizados em algumas das oficinas, bem como os produtos construídos pelos alunos que participaram delas, encontram-se gratuitamente indicados a seguir:
 

Oficina “Junta, separa, cria algo novo: produção de conteúdo a partir do remix”;

 

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Oficina “Monitoramento ambiental colaborativo”;

 

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"A escola é o mundo, está no mundo ou representa o mundo?"

Entre as muitas provocações expostas ao longo do segundo dia do Seminário Internacional “Conexão Escola Mundo: Espaços inovadores para formação cidadã”, a que foi apresentada pela  diretora do Colégio de Aplicação da UFSC, Prof.ª Josalba, mobilizou a atenção dos participantes já que foi retomada de maneira insistente ao longo dos debates. Ainda que soe simplista num primeiro momento, tal provocação é rica de sentido e permite ampliar as frentes de discussão a respeito do que entendemos ser função da educação e do espaço privilegiado de experiências formativas constituído no âmbito da escola.
Como síntese temporária deste dia de exposições teóricas e articulações práticas com os envolvidos na pesquisa interinstitucional que dá sentido ao seminário, apresentamos a seguir alguns vídeos de momentos marcantes:
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E se pudessemos hackear a educação?

O projeto “Conexão Escola-Mundo: Espaços inovadores para formação cidadã”, financiado pelo CNPQ, não pretende apenas trabalhar para que esta pergunta possa encontrar uma resposta afirmativa. Entre as várias frentes de operação dessa iniciativa, coordenada pelos professores Nelson Pretto (GEC/UFBA) e Andrea Lapa (COMUNIC/UFSC), está a de articulação entre os saberes de diversas áreas – arte, cultura, programação, designer, mineração de dados, etc, com as realidades desafiadoras postas nos cotidianos escolares. Tudo isso arranjado sob a égide dos movimentos que defendem a abertura do conhecimento e o pleno uso de softwares livres.
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O projeto pretende disseminar uma cultura hacker de criação de conteúdos bem como fomentar movimentos colaborativos entre professores, alunos e pesquisadores a partir de uma espécie de intervenção pedagógica – espaço de experimentação de metodologias horizontalizadas de investigação e ação dentro do contexto escolar. Inicialmente, três escolas aderiram ao projeto. Na Bahia, integram uma escola em Salvador e outra em Lauro de Freitas. em Santa Catarina, a Escola de Aplicação da UFSC será o espaço de experimentação do projeto.
Nesta última semana de março, ocorre o I Seminário Internacional promovido pela pesquisa, realizado num dos Auditórios da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Este é o primeiro espaço de encontro físico, pessoal, entre os membros do projeto o que permite intensificar os trabalhos que já vem sendo arduamente desenvolvidos através das redes. Este contato “cara a cara”, colabora no sentido de fortalecer os vínculos entre a comunidade de pesquisa já que oportuniza momentos ricos de troca e partilha de conhecimentos. É possível ainda ter a chance de, por meio do toque, do olhar, “do imprevisto”, fazer acontecer o que existia apenas no plano das ideais, na intenção.
Para alguns dos professores participantes da pesquisa e que também foram convidados a estar presentes no  seminário, é a hora de sinalizar encaminhamentos que interessam às suas respectivas comunidades, o momento de compreender, opinar, sugerir e revisar as proposições de pesquisa que foram planejadas no âmbito da academia.
O primeiro dia do evento mostrou-se profícuo neste sentido, além de agregar as contribuições de outros membros da sociedade – acadêmicos ou não, uma vez que todas as apresentações foram públicas e transmitidas online através da página do seminário: www.escolamundo.ufsc.br . Até a próxima quinta-feira, de março, os trabalhos seguirão esta mesma dinâmica. Compõem o programa, mais duas palestras e mesas-redondas, além de oficinas para os alunos da Escola de Aplicação e reuniões de trabalho entre os pesquisadores. Tod@s @s interessados podem seguir acompanhando os momentos públicos através do site do projeto.
A seguir, algumas imagens destacam os participantes do evento:

Alguns projetos inspiradores nos quais integrantes do “Conexão Escola Mundo” estão envolvidos tem eles já sido realizados ou estando em curso:
https://hash-inep.labic.net/#/twitter 
http://mares.ecoarte.info/#
http://velejar.ecoarte.info
http://dados.cta.if.ufrgs.br/emm/
http://www.lmi-cat.net/es/proyectos

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Uma comunidade global envolvendo mais de 30 países clama pelo acesso livre ao hardware científico

Postagem no blog do interessante projeto do professor Rafael Pezzi (UFRGS/Instituto de Física) Centro de Tecnologia Acadêmica (CTA) apresenta um belo material sobre o movimento em torno do hardware científico aberto. Temos insistido aqui em nosso grupo de pesquisa sobre a importância do debate e de pesquisas em torno de todas as questões ligados ao aberto e ao livre. Essa, certamente, é mais uma importante frente.
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Veja como começa a publicação deles:
“Mais de 100 cientistas, engenheiros, educadores, empreendedores e agentes comunitários de 30 países publicaram um relatório que descreve os passos necessários para facilitar o acesso ao hardware utilizado para fins científicos até 2025 com base em design aberto, desenvolvimento colaborativo e novas técnicas de fabricação.

O grupo, que se reuniu no CERN, em Genebra, e na Pontifícia Universidade Católica do Chile, em Santiago em 2017, argumenta que muito poucas pessoas tem acesso às ferramentas necessárias para a prática científica, particularmente os pesquisadores em países em desenvolvimento e grupos comunitários que necessitam coletar e analisar dados sobre o seu ambiente. De microscópios à microfluidos e estações de monitoramento de água, eles fazem parte de um movimento crescente de compartilhamento online de projetos abertos os quais qualquer pessoa pode livremente utilizar, modificar e até mesmo comercializar. O grupo responsável por este documento sugere que este enfoque pode reduzir drasticamente os custos de pesquisa ao permitir maior colaboração e formas de aprender de novas maneiras. “Nosso projeto,” afirma um dos autores Dr Luis Felipe R. Murillo do Instituto Ciência, Inovação e Sociedade da França, “é sustentado pelo objetivo compartilhado de criar conhecimento comum através da participação pública direta em ciência e tecnologia. Não se trata de uma crítica apartada, mas de uma forma de engajamento prático”.”

Continue lendo aqui.

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Conexão Escola-Mundo: espaços inovadores para formação cidadã (2018-…)

Coordenação:

Pesquisadores:

  • Salete de Fátima Noro Cordeiro
  • Karina Moreira Menezes
  • Daniel Silva Pinheiro
  • Luiz Fernando Paiva
  • Carla Aragão
  • Bruno Santos Gonsalves
  • Pietro Matheus Bompet
  • Felipe Sanches
  • Indiana Souza
  • Ana Isabel Muniz
  • Gabriela Nunes
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Artigo de Nelson Pretto sobre neutralidade da rede

Internet não é TV por assinatura

Em recente medida já esperada por conta das mudanças políticas levadas à frente pelo governo de Donald Trump na direção de radicais transformações nos direitos da sociedade americana, a Federal Communication Commission (FCC), dirigida por Ajit Pai, decretou o fim da neutralidade da internet nos Estados Unidos. Essa é uma decisão que revoga uma anterior, de 2015, do governo Barack Obama.
Medida legislada para lá poderá ter efeito desastroso em todo o mundo, inclusive aqui no Brasil.
A neutralidade da rede é um dos pilares básicos da internet, desde o seu nascimento. Com ela, não importa o que está passando pela conexão contratada pelo usuário, tudo deve ser tratado com isonomia.
Se em uma casa contrata-se uma conexão de velocidade 10 Mbps por um valor X, com essa conexão a essa velocidade, qualquer usuário que tenha um contrato semelhante, mas com a operadora Y, deverá poder ver filmes, ouvir música, baixar ou publicar vídeos, música ou textos com igual conforto. Isso porque, nem a operadora X, nem a operadora Y, “filtram” o que você está trafegando. Podemos dizer, tecnicamente, que todos os bits são tratados de forma igualitária. É isso que se denomina de neutralidade da rede.
Pois o que se acabou de decretar nos Estados Unidos é a possibilidade dessa filtragem. Assim, lá serão possíveis acordos comerciais entre distribuidores de conteúdo e provedores de internet. Com isso, por exemplo, um acordo da operadora X com um fornecedor de filmes fará com que os clientes dessa operadora assistam filmes com maior fluidez do que aqueles que são clientes de outra operadora que não fez acordo comercial com a tal distribuidora de filmes. Teríamos, assim, algo muito semelhante ao modelo da televisão por assinatura, no qual o consumidor tem que pagar, cada vez mais, em função da ampliação daquilo que ele quer assistir. Obviamente o prejuízo para os pequenos provedores e para os consumidores de menor poder aquisitivo será enorme.
Ou seja, aquilo que sempre foi a marca da internet, o seu potencial democrático de possibilitar uma comunicação todos-todos mais ampla, passa a ser reduzido à capacidade de pagamento do cidadão e aos interesses das grandes operadoras em função dos seus acordos comerciais com outras empresas de redes sociais ou de conteúdo, como Netflix, YouTube, Facebook, Whatsapp e outros. Ou seja, com o fim da neutralidade, as Telecoms “cobrarão” por conteúdo sem serem produtoras desse conteúdo.
Complementarmente, elas passam a se constituir em verdadeiros “pedágios” para a inovação uma vez que qualquer recém-nascida startup precisará pagar para chegar aos usuários da mesma forma que chegará, por exemplo, gigantes como Facebook ou YouTube. Ou então, precisará esperar que os usuários paguem a mais à operadora para acessar o seu serviço. A concorrência entre serviços similares não se dará mais no navegador do usuário, mas acontecerá em contratos entre provedores de conteúdo e Telecoms.
As operadoras de telecomunicações aqui no Brasil (que são praticamente as mesmas no mundo todo) ao longo dos anos vêm fazendo enorme pressão, desde a verdadeira batalha que foi a tramitação do Marco Civil da Internet, para que fosse permitida a quebra da neutralidade da rede sob o argumento que tecnicamente seria possível, com bom senso, não prejudicar o consumidor de menor poder aquisitivo. Óbvio que não podemos acreditar nisso, mesmo porque não se pode construir um país com crenças e sim com marcos legais que fortaleçam a cidadania e a democracia.
O lobby das operadoras foi grande no Congresso Nacional naquele período, inclusive bloqueando a pauta da Câmara dos Deputados por quase seis meses, quando, finalmente, em abril de 2014, foi aprovado e sancionado Marco Civil da Internet, com impedimento claro à quebra de neutralidade da rede.
Esse lobby continua atuando fortemente, tendo ganhado força após o golpe parlamentar que levou ao Planalto o presidente Temer, agora com as tentativas de mudança na composição e funcionamento do Comitê Gestor da Internet (CGI) e intensa atuação das operadoras para a célere tramitação do PL 79/2016 que trata da reforma da Lei Geral das Telecomunicações (LGT).
Sem dúvida, mais batalhas pela frente. A SBPC junto com as suas mais de 140 sociedades científicas filiadas precisam estar atentas e atuantes para não permitir mais uma golpe nos direitos dos cidadãos.
Publicado originalmente no Jornal da Ciência da SBPC.

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Xô obscurantismo! – artigo de Nelson Pretto

Xô obscurantismo
 
Estive recentemente em Curitiba, capital do Paraná e da Lava Jato. Visitei o belíssimo MON – Museu Oscar Niemeyer. Estava interessado na mostra das obras apreendidas pela Operação, as quais deveriam estar lá, mas a sala estava fechada para manutenção, diziam os monitores.
Toda vez que visito esses espaços, fico a me perguntar por que não conseguimos atrair museus de grande porte para Salvador, que tem na cultura sua amálgama mais forte. Temos somente o MAM e Palacete das Artes, e nada mais de grandioso.
Em Belo Horizonte, encontramos o Museu de Arte da Pampulha; no Rio, os Centros Culturais BB e CEF; em São Paulo, o MASP, Tomie Ohtake e outros; em Porto Alegre, o belo Iberê Camargo, do arquiteto português Álvaro Siza Vieira, o MARGS e Santander Cultural. Neste último, nos deparamos recentemente com a covarde atitude do banco espanhol, que suspendeu a exposição “Queermuseu – cartografias da diferença na arte brasileira”, em cartaz há quase um mês. Isso por conta de provocações lideradas pelo conservador Movimento Brasil Livre (MBL), que destilou seu ódio e intolerância nas redes sociais, alegando atentado à família, estímulo à pedofilia e zoofilia, entre outros argumentos. A exposição buscava mostrar como, através da arte, podemos ver e viver a diversidade da complexa sexualidade humana, nada mais necessário para o momento contemporâneo.
Ora, arte comportada, nem pensar! A função da arte é incomodar, isso sim! É provocar, e fazer-nos pensar sobre os nossos valores mais profundos. Há muito digo isso sobre a nobre função da educação: ela tem que incomodar e não acomodar!
Vivemos tempos obscurantistas. Não podemos baixar a guarda.
É obvio que nem todos precisam admirar obras de arte. Mas, se não gostam, que não vão à exposição. Simples assim. Agora, impedir que se aprecie essas obras chega a ser ridículo. Infelizmente, é isso que vivemos no país, trilhando caminhos perigosos da intolerância e censura.
Não podemos deixar de bradar, cotidianamente e em todos os espaços, por liberdade para a arte, para a educação, para o Brasil.
Artigo em A tarde de 19/09/2017
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Golpe no CGI, artigo de Nelson Pretto

Antes mesmo de acontecer a primeira reunião da nova composição do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI), uma rápida mobilização das sociedades científicas provocou um intenso debate sobre o futuro da internet no Brasil e a composição do próprio CGI.
Isso porque, de forma inesperada e de maneira unilateral, o governo federal, através Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação (MCTIC), lançou uma consulta pública para promover uma reestruturação do CGI. Mais golpe nesse acúmulos de golpes que estamos vivendo no Brasil recente.
Fruto da mobilização das sociedade científicas, uma Nota Pública foi lida logo na abertura da reunião do CGI ocorrida na última sexta feira (18.8.17). Após intensa discussão, chegou-se à uma solução de consenso, que mantém a Consulta já aberta, mas devolve ao plenário do CGI a responsabilidade de conduzir as demais etapas do processo, tendo o mesmo já se comprometido a ampliar esse debate. Atentos vamos ficar para que isso aconteça de fato.
Importante destacar que não fomos e não somos contrários a consultas públicas, mas sabemos muito bem que se as mesmas não forem bem elaboradas e que princípios democráticos de participação e de sistematização dos resultados não forem seguidos, os riscos de termos uma legislação que contrarie aos interesses dos cidadãos serão sempre grandes.
Por isso a importância de dar ao CGI a liderança nesse processo, já que ele tem uma composição multissetorial com representação de todos os interessados na questão.
Mais ainda, percebemos o quanto a mobilização das sociedades científicas afiliadas à SBPC (Socicom, Esocite, ABCiber, Abrapcorp, ABPEducom, Anpae, Ancib, Anped, Cbce, Intercom e Ulepicc-Br) foi importante para trazermos para o CGI esse necessário debate, uma vez que a internet evoluiu muito ao longo dos anos e isso pode demandar reestruturações e um pensar maior sobre o próprio funcionamento do CGI. No entanto, não podemos aceitar a pressão das grandes operadoras de telecomunicações que, com o objetivo de facilitar a implantação de seus modelos de negócios, transformaram a internet em um grande espaço de disputa, como aliás já havíamos acompanhado de perto quando do debate sobre o Marco Civil da Internet.
Essa é uma disputa intensa e cotidiana e a forte e rápida articulação das 12 sociedades científicas que participaram do processo eleitoral que levou os professores Marcos Dantas (UFRJ) e Sérgio Amadeu da Silveira (UFABC) a integrarem o novo colegiado do CGI, foi crucial para essa parcial vitória.
Mais do que tudo, a academia e os acadêmicos precisam compreender e assumir, cada vez mais, o papel de intelectuais públicos, atuando de forma ativista na discussão e na defesa do público, da ética e da democracia.

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