Letramento digital: um estudo a partir do Programa UCA-Irecê-BA

Raquel Souza Zaidam Nassri – Letramento digital: um estudo a partir do Programa UCA-Irecê-BA. 2013 (raquelzn4@gmail.com) –Orientador: Edvaldo Couto. (Baixar PDF)

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Reflexões: ativismo, redes sociais e educação

Nelson Pretto.  Reflexões: ativismo, redes sociais e educação. Salvador/Bahia: Edufba, 2013. (Baixe o livro em pdf)

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Cultura e Comunicação Visual.

Edvaldo Couto; Valdirene Cássda Silva; Irenides Teixeira (Org). Cultura e Comunicação Visual. Canoas – RS: Editora da ULBRA, 2013.

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Wikipedia em debate aaqui em Salvador

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PROUCA é destaque na 11ª OID


Uma das pautas de grande relevância, dentre as muitas que foram discutidas na 11ª Oficina para inclusão digital e participação social (OID) , esteve diretamente relacionada as ações do PROUCA- Programa um computador por aluno. Além da presença da Prof. Léa Fagundes, outros ativistas estiveram empenhados em questionar as políticas públicas de acesso as TIC  que estão em andamento no Brasil, especialmente as que se referem a mobilidade, como no caso do PROUCA.
A mediação do debate foi feita por Beá Tibiriça que teve que lidar com as calorosas participações dos pesquisadores, ativistas, telecentristas, e presentes em geral que estavam na platéia. A temática interessa bastante ao GEC/UFBA já que o grupo é o responsável pela formação do PROUCA no estado da Bahia. A representação do GEC ficou por conta de Daniel Pinheiro (mestrando/formador UCA), Handherson Damasceno (mestrando/formador UCA), Pedro Silva (doutorando) e Caio Formiga – que ministrou um minicurso durante o evento.

Houve oportunidade durante os dias da oficina para que os participantes tivessem acesso a minicursos, atividades culturais, de interação, bem como estivessem frente a frente com representantes do governo – responsáveis pela implementação das políticas. Dentre eles, esteve ali um agente do MinC que tentou defender-se em sua fala com relação a política dos Telecentros. O mesmo foi diretamente confrontado pelos presentes e teve que prestar esclarecimentos. Na oportunidade, a oficina se colocou também enquanto espaço claro de embates, proposições e questionamentos. Como elemento final, foi elaborada uma carta que deverá ser entre diretamente a presidente Dilam Russef com todos os anseios que foram referenciados naquela oportunidade.
Os detalhes das diversas discussões ocorridas durante a OID, podem ser acessados na página oficial do evento ou nos demais canis de comunicação intensamente utilizados oficial e extraoficialmente ali:
facebook: https://www.facebook.com/OID2012 // programação completa: http://oficinainclusaodigital.org.br/programacao/tematicas // fotos: http://oficinainclusaodigital.org.br/imprensa/fotos


Ps.: A OID contou com uma infra-estrutura de rede wifi
impecável nas dependências do evento, também foi fornecida uma ampla possibilidade de acesso às redes e ao conteúdo das discussões. #PontoPraInclusãoDigital!

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WebCurrículo: construindo um ecossistema pedagógico

Artigo de Nelson Pretto no Terra Magazine de 11 de novembro de 2012.
Acontece de amanhã (segunda, 12.11) até a quarta-feira próxima, na PUC de São Paulo, o III seminário Web Currículo, evento que vem trazendo, ao longo dos últimos anos, importantes especialistas do Brasil e do mundo para refletir sobre aspectos do currículo num mundo 2.0.
As questões contemporâneas ligadas à aprendizagem, aos possíveis usos dos computadores, tablets e todos os aparatos tenológicos nas escolas e a importância da produção de recursos educacionais abertos, são apenas alguns dos inúmeros temas que estarão presentes nas discussões durante esses três dias.
Insisto sempre aqui no TerraMagazine – e em todos os lugares onde escrevo e falo -, na importância do fortalecimento dos professores para o enfrentamento deste desafio. Não acredito que o professor seja resistente às mudanças, desde que lhes sejam dadas as condições para tal. Os mesmos foram levados a estranhar todas as possibilidades mais radicais de transformação da escola em função das suas permanentes precárias condições de trabalho, formação e salário. A superação desta situação demanda ações em torno das políticas públicas que compreendam a educação como sendo muito mais ampla do que apenas o próprio (e complexo!) campo educacional. Necessário se faz pensar a educação fortemente articulada com a cultura, com as telecomunicações, ciência e tecnologia, só para falarmos em algumas áreas.
Seguramente os convidados do Uruguai e de Portugal trarão dados das realidades de lá para mostrar-nos como estão enfrentando os desafios. Do Uruguai, penso que a questão mais forte é a iniciativa de introduzir os computadores portáteis em todas as escolas do país com o intuito de, também, ensinar a meninada as linguagens de programação, como me disse o próprio Miguel Brechner, responsável pelo Plano Ceibal (Conectividad Educativa de Informática Básica para el Aprendizaje en Línea), a iniciativa socioeducativo do governo uruguaio. Ele estará no evento e deve contar mais um pouco disso tudo, como já defendeu também em livro, Douglas Rushkoff no seu pequeno e excelente Programe ou será Programado, ainda não traduzido no Brasil, mas amplamente disponível nas redes.
De Portugal vem o professor Paulo Dias, professor da Universidade do Minho e atual reitor da Universidade Aberta de lá, que falará sobre a aprendizagem colaborativa, tema por demais caro a nosotros, pela importância da colaboração no mundo contemporâneo.
Tenho insistido enfaticamente nesta perspectiva colaborativa da educação que vem se perdendo, a cada dia. Trago aqui uma frase do Steven Levy, que conta a história dos hackers, aqueles que com seu trabalho intenso e não encaixotado nas grades curriculares tradicionais, ajudaram a “inventar” nada mais nada menos do que a própria internet: “o que os hackers querem é essencialmente tomar as máquinas em suas mãos para melhorar as próprias máquinas e o mundo”, afirma Steven Levy logo na abertura do livro, já traduzido para o português.
Insisto em me inspirar nos hackers e lhe proponho: substitua hackers por professores e a frase continua valendo, quem sabe até mais do que no original.
Isso tudo porque vivemos um mundo profundamente transformado pela presença marcante das tecnologias digitais, que têm possibilitado a interação entre o local e o não-local de forma intensa e quase instantânea. A aproximação das pessoas e das diversas áreas do conhecimento corresponde, de forma quase que definitiva, a uma relação mais intensa da educação com a cultura, especialmente a cultura digital, transformando professores e alunos, mais do que sempre o foram, em fazedores do seu próprio tempo. A escola precisa passar a se constituir em um ecossistema pedagógico de produção de culturas e conhecimentos e não ser um mero espaço de consumo de informações.
A montagem de uma agenda afirmativa para a inserção do país com autonomia e independência num projeto de sociedade (do conhecimento) é muito importante e, para tanto, é fundamental a ampliação do acesso dos professores e alunos nesse mundo tecnológico. Necessário se faz políticas de acesso à banda larga que, também elas, superem a visão exclusiva de estímulo ao consumo de informações. É premente a montagem de um efetivo Plano Nacional de Banda Larga que de conta da perspectiva que aqui advogamos que é a de fortalecer as escolas enquanto produtoras de conhecimentos e culturas. Ou seja, queremos uma conexão decente para que possamos produzir conhecimentos e incluí-los de forma plena no ciberespaço. Por isso a importância da campanha por um banda larga púiblica e de qualidade no Brasil.
Tablets, computadores portáteis e celulares dos próprios alunos e professores, todos se conectando simultaneamente, só se constituirão, efetivamente, em instrumentos de produção de culturas e de conhecimentos se as conexões disponíveis forem efetivamente de qualidade e não os tais 20% oferecidos pelas operadoras, conforme anunciado recentemente.
Além disso, a perspectiva de produção de conhecimentos tem que superar a ideia de simples traduções de conteúdos produzidos alhures.
São inúmeras experiências que abordam esta questão e o próprio MEC tem estimulado a produção de muito material de forma descentralizada, por exemplo, através dos projetos da Universidade Aberta do Brasil. Cabe, mais do que tudo, por todo esse material disponível na rua e na rede para que possa ser amplamente utilizado por professores e alunos em todos os níveis da educação.
A educação no mundo de hoje, trazendo para si todos os espaços de aprendizagem não pode ficar indiferente e se furtar ao exame das possibilidades de uso do computador e da internet, enquanto elementos estruturantes de novos processos educacionais, novas linguagens e novas formas de se fazer ciência e cultura.

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Arte e Educação: as orquestras Neojibá do TCA

Fiquei emocionado com a emoção de José Miguel Wisnik em sua sempre magnífica coluna em O Globo de hoje.
Wisnik veio à Bahia conhecer o trabalho do maestro Ricardo Castro no Núcleo de Criação do Teatro Castro Alves, administrado por Moacyr Gramacho e Rose Lima.
É, de fato, absolutamente fantástico o trabalho de Ricardo Castro e as orquestras Neoojibá e as possibilidades que eu chamo de revolucionários se não tratamos a arte apenas como apêndice da educação formal.
Lembro bem de um pró-reitor de pesquisa aqui na UFBA que num seminário estudantil de pesquisa, na cerimônia de abertura, compos a mesa e anunciou uma apresentação musical. Terminada a apresentação e os agradecimento (sempre embevecidos, paternalísiticos como bem diz Wisnik em seu texto!) anuncia as falas e o que para ele era o “início do seminário”! Ora bolas, o seminário de pesquisa havia começado desde a a presentação musical. A arte ali, era ciência, como ciência sem arte é uma mera reprodução de conhecimentos instituídos, sem um maior significado.
Enfim, não me alongo. Sugiro que leia direto Wisnik, no pdf que coloco aqui da página 2 de O Globo de hoje, dia 27.19.12.
Tem um vídeo no Youtube que é simplesmente sensacional do Orquestra. Veja clicando aqui.
por Nelson Pretto.

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O futuro da Nação está no Senado.

Artigo de Nelson Pretto, no Terra Magazine de 07.09.2012.
O II Plano Nacional de Educação está agora no Senado.
Trago para a minha coluna desta mês aqui no Terra Magazine um diálogo, em forma de entrevista, que tive com o jornalista Albenízio Fonseca, ex editor do Caderno Dois do jornal A Tarde na Bahia.
Albenízio sentiu-se provocado pelas minhas mensagens como secretário regional da SBPC-Bahia pedindo uma ampla cobertura da imprensa baiana sobre a tentativa de retrocesso na tramitação do Plano Nacional de Educação quando 80 deputados assinaram recurso que foi apresentado pelo deputado Arlindo Chinaglia, líder do PT, solicitando que o Plenário da Câmara apreciasse a proposta do novo PNE (PNE – PL 8035/10), antes de ir para o Senado. Após forte mobilização em favor da educação no Brasil 46 deputados retiraram a assinatura e, com isso, o PNE passa a ser encaminhado direto para o Senado.  Esperamos os senadores apreciem, com celeridade, o novo texto do PNE que já foi amplamente discutido e debatido pela Comissão Especial no Legislativo a pedido do próprio presidente da Câmara. A proposta indica um investimento de pelo menos 7% do PIB do País nos primeiros cinco anos e 10% ao final de dez anos.

O nosso diálogo em termos de entrevista.

Em meio ao conturbado momento da vida educacional do país, com paralisações há mais de 100 dias –  ainda mantidas em boa parte das universidades e institutos federais por melhores salários e planos de carreira – e após a greve de 115 dias promovida pelos professores da rede estadual na Bahia, cresce a expectativa sobre a implementação do Plano Nacional de Educação (PNE) para o decênio 2011-2020. 
Aprovado pela Comissão Especial da Câmara Federal, criada para avaliar o projeto de lei (PL 8035/2010) – com mais de duas mil emendas e um substitutivo envolvendo outra centena de emendas – a nova política educacional ganhou o percentual de 10% do PIB para o financiamento do setor, como reivindicado pela maioria das entidades vinculadas à Educação. Com a retirada da assinatura de parlamentares que, a princípio, apoiavam o encaminhamento de recurso interposto pela base governista, o que levaria o PNE a ser votado em plenário, no claro intuito de fixar em 7% o percentual, o novo plano seguiu na terça-feira para o Senado.
Em entrevista, o professor Nelson Pretto – da Faculdade de Educação da UFBA e secretário Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência-SBPC – revela que “quase quatro milhões de pessoas participaram das etapas preparatórias” que levaram à elaboração do novo Plano. Ele considera que os 10% do PIB, a serem investidos na área educacional, “devem ser defendidos com unhas e dentes”. (Albenísio Fonseca)
AF –  Professor Nelson Pretto, como se originou e qual a importância deste segundo Plano Nacional para a educação brasileira?
Nelson Pretto – A primeira coisa a destacar aqui é o avanço na democracia brasileira com a realização de conferências nacionais em praticamente todas as áreas do conhecimento.  Estas conferências têm produzido as bases para a elaboração de políticas públicas de Estado e não apenas de governos – limitados a cada quatro ou, no máximo, oito anos de mandatos. No campo específico da educação, entre 2007 e 2008, foram realizadas as conferências estaduais que indicaram delegados para participar, no inicio de 2010, em Brasília, da Conferência Nacional da Educação – CONAE, com cerca de três mil delegados de um total de quatro mil participantes. 
Ao longo dos anos que antecederam a Conferência Nacional, quase quatro milhões de pessoas participaram das etapas preparatórias. Foram intensos debates sobre a necessidade de profundas e radicais transformações na educação, sobre o papel do Estado e dos governos na busca de uma educação com qualidade, contemporânea, com igualdade de oportunidades e equidade no financiamento. A partir desses debates, foi construído o II Plano Nacional Decenal de Educação que deram as bases para o Projeto de Lei que, em dezembro de 2010, foi enviado pelo Executivo ao Congresso.
AF- E vale salientar que o Plano é decenal. Já deveria, inclusive, estar em vigor, não é mesmo?
Nelson Pretto – Exato. O PNE define as bases da educação e dos investimentos para a realização de suas metas para os próximos 10 anos e, por isso, deve ser o documento fundamental que garanta a continuidade dos investimentos e das políticas para as radicais transformações que a educação brasileira necessita. É uma forma de evitarmos que cada ministro as reinvente e queira implantar políticas pirotécnicas e mirabolantes como se a educação disso precisasse. Educação precisa de financiamento, que seja contínuo e com contundente fortalecimento do professorado. A realidade é que, com o novo PNE, é o futuro do país que, agora, está tramitando no Senado.
AF –  Aprovado em 2001 durante o Governo Fernando Henrique Cardoso, por exigência da Constituição de 88, cujo artigo 214 prevê o estabelecimento de um Plano Nacional de Educação – o primeiro PNE, como este agora em tramitação desde dezembro de 2010 no Congresso, estabelecem metas e diretrizes para a atuação do Poder Público e da sociedade. O objetivo maior é universalizar o acesso à educação, melhorar a qualidade do ensino em todos os níveis e erradicar o analfabetismo através de um esforço conjunto entre governo federal, estados e municípios. É certo que o primeiro PNE sofreu revezes, vetos e ficou aquém de tais objetivos. O que é possível distinguir nestas duas iniciativas?
Nelson Pretto – Seguramente, o primeiro PNE apontou metas que não foram, sequer aproximadamente, atingidas. Cito, como exemplo, a de termos 30% dos jovens de 18 a 24 anos no ensino superior até o final da década (2010, portanto) nem de longe atingida. Mesmo com o considerável e louvável esforço do Governo Lula na ampliação do ensino superior público – feito obviamente sob duras críticas pela forma como foi encaminhado – ainda estamos longe deste percentual (são 17% os jovens no ensino superior, conforme dados de 2010).
O primeiro PNE foi objeto de veto presidencial no que diz respeito ao percentual do PIB para investimento na Educação, da mesma forma que agora se percebe a manobra do governo para atrasar a tramitação do novo Plano, justamente por ter sido aprovado na Comissão não o percentual de 7% proposto pelo Governo, mas de 10% do PIB para a educação entre 2011-2010, conforme está previsto na meta 20. Esta, sem dúvida, é uma das principais diferenças entre os dois planos e que temos que defender com unhas e dentes. Um país que se leva a sério não pode deixar a educação nas atuais condições. 
AF – E quanto à proposta da educação em tempo integral, qual a sua avaliação? 
Nelson Pretto – Há um avanço na proposta de oferecer “educação em tempo integral” em 50% das escolas públicas. Porém, precisamos ter claro o que compreendemos como sendo tempo integral. Precisamos compreender que a criança e o jovem na escola precisam que o “integral” aí referido esteja associado à educação e não apenas ao tempo. De nada adianta continuarmos com a lógica de que em um turno se tenha o ensino “professoral” dos conteúdos e, no outro, as atividades de lazer e reforço escolar, sem nenhuma ligação entre si. E considerar, também, que o professor precisa estar o tempo integral na escola. Esses são desafios que têm a ver com a gestão, claro, mas principalmente, com as concepções de currículo e com o fortalecimento da figura do professor.
 
AF – A Conferência Nacional de Educação – Conae e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC, entre outros setores, têm defendido, relutantemente, a destinação de 10% do Produto Interno Bruto-PIB para a educação. Aliás, a reivindicação desse percentual de financiamento vem desde o Governo FHC, quando estava limitado a 4%. Agora, o Governo Dilma tentou restringir tal investimento em 7% do PIB. Qual a avaliação do futuro do país, sem essa prioridade, sem uma “revolução na educação”?
Nelson Pretto – O país precisa compreender a importância de um forte investimento na educação, incluindo uma profunda reformulação nas concepções curriculares, no fortalecimento do professor, com oferta de formação continuada e montagem de redes de aprendizagem e formação permanentes e uma profunda reestruturação das edificações escolares. Precisamos de forte investimento na pesquisa sobre a arquitetura e a educação, na intensificação de produção de Recursos Educacionais Abertos, entre tantos e tantos outros aspectos. 
O movimento Campanha Nacional pelo Direito à Educação (que na Internet pode ser acessado em http://www.campanhaeducacao.org.br) publicou uma detalhada Nota Técnica mostrando, a partir de planilhas apresentadas pelo MEC ao Congresso, que os 7% indicados pelo governo não são suficientes para atingir as metas do plano e, com isso, reforça a luta pelos 10% do PIB para a educação. A pressão da sociedade civil organizada pelos 10% foi incorporada durante a tramitação na Câmara e é isso que agora o governo quis derrubar.
Não é justo isso que estamos vendo acontecer ao longo dos últimos anos. Avançamos no acesso, na quase universalização do ensino fundamental já que 98% das crianças estão matriculadas nas escolas, porém, ao custo de uma qualidade desejável como constatamos todos os dias pelas matérias sobre educação publicadas nos jornais, sites, blogs e pelas conversas com os jovens estudantes e professores que, aliás, estiveram em greve por mais de 100 dias aqui na Bahia.
AF – O mercado tem buscado de forma cada vez mais intensa por mão de obra qualificada. A informática tem possibilitado acesso imediato ao conhecimento de forma até mesmo ilimitada (em um contexto que sugere uma nova concepção de escola) e os índices de desenvolvimento da educação apontam quadros dramáticos no aprendizado e na qualidade do ensino, o que o PNE pode mudar adotando os novos recursos disponibilizados pela tecnologia da comunicação e da informação, sem uma política radical de investimento no setor?
Nelson Pretto – A primeira e mais imediata evidência a partir dos últimos resultados do IDEB é o claro desencantamento do jovem com a escola à medida que ele vai passando para os níveis mais elevados de escolarização. Das séries iniciais do ensino fundamental ao ensino médio a diminuição dos índices é brutal e, seguramente, é fruto desse desencantamento. A escola perde o sentido. Precisamos resgatar esse sentido da escola e da educação. 
A sociedade brasileira está vivendo um processo lamentável de descuido, e isso é fruto da falta de educação: falta de educação doméstica, falta de educação política e falta de educação escolar, de educação formal, aquela que nos permite associar os nossos saberes com os conhecimentos historicamente construídos pela humanidade.
Isso foi se perdendo, entre outras razões, porque o professor, também ele, foi se transformando apenas numa pequena peça de um sistema – de uma engrenagem – onde não lhe cabe mais nada a não ser seguir orientações emanadas de fora. Perdeu a sua autoridade, deixou de ser um intelectual, um formador de opinião, para ser um repassador de informações. E aí, nós perdemos a concorrência para os meios de comunicação de massa e a internet. Mudou a nossa função. E essas tecnologias estão aí justamente para fortalecer essa outra perspectiva de educação e do professor que é mais a de repassador de informações.
Assim, precisamos de mudanças legais e investimento – e muito – não só na educação, mas em diversas outras áreas, para viabilizar que a escola seja um espaço rico de produção de culturas e conhecimentos. Precisamos de uma radical mudança na Lei de Direito Autoral, uma política para incentivar os Recursos Educacionais Abertos, um Plano Nacional de Banda Larga de verdade, que contemple todas as escolas com adequada velocidade e equipamentos para o acesso pleno ao ciberespaço. Isso porque para nós, do grupo de pesquisa na Faculdade de Educação da UFBA, a tecnologia traz para as escolas as diversas linguagens contemporâneas.
AF –  Qual é a ideia desse grupo de pesquisa para a inserção da tecnologia na escola?
Nelson Pretto – A nossa ideia é ver a tecnologia como potencializadora da produção de conhecimentos das pessoas, através dos dispositivos digitais como o rádio, a televisão, a escrita, usando computadores, celulares, tablets, máquinas fotográficas e tudo mais disponível. A tecnologia não entra para ajudar a escola. Ela entra como uma nova possibilidade para a escrita e como um instrumento de produção de conhecimento e o nosso objetivo é fortalecer professores e estudantes como produtores de culturas. 
Lembro que há 16 anos aqui em Salvador, quando era prefeita a senadora Lídice da Mata e inaugurávamos a primeira escola conectada à internet, a escola do Marotinho, eu insistia com ela o quanto precisávamos ter claro que “não queremos a internet nas escolas, mas as escolas na internet”. Queremos que as escolas se coloquem nas redes, criem blogs para elas e para seus estudantes, façam parte do universo da cibercultura. Isso valia para aquele momento, mas vale, e muito ainda, para hoje!
AF – Considerando que mais de 12% do total de 14,1 milhões de analfabetos do Brasil está na Bahia, ou seja: 1,8 milhão de baianos com 15 anos ou mais não sabem ler e escrever, o que corresponde a 16,7% da população do Estado nesta faixa etária, segundo dados do IBGE através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio – PNAD, qual a avaliação que o senhor faz, hoje, sobre a educação na Bahia?
Nelson Pretto – Deixa muito a desejar! Os dados apontam isso com clareza. Vemos essa triste realidade no cotidiano de nossas visitas às escolas, pois formamos professores para o uso dos computadores portáteis no programa Um Computador por Aluno. Além disso, convivemos com jovens, tanto nas ruas como na chegada à universidade. Eu tenho insistido que estamos com um excessivo foco no conteúdo e não na formação. Tenho alunos na UFBA que são professores em escolas públicas e que me dizem que, dos seus 30/35 alunos matriculados, nem seis frequentam as aulas regularmente. Isso é em escola estadual, em Salvador. Tivemos a greve recente que mostrou bem a situação. Existem esforços, claro, existem projetos, com certeza. Mas me parece, e tenho insistido que nos acostumamos a pensar pequeno. Uma situação complexa como a educação, não se resolve com um pensar pequeno. Em suma, sempre gosto de insistir, e isso se tornou um mantra na minha vida: precisamos, essencialmente, de professor fortalecido e ativista. Um Plano Nacional de Educação que tenha previsão de recursos para fortalecê-los é, também, fundamental.
AF –  É possível solucionar as graves distorções da educação no país sem rever a multiplicidade de estatutos do professor, em um único documento, com definições e atribuições melhor definidas? Do mesmo modo, sem a federalização do ensino básico não estaremos apenas perpetuando o interesse de gestores municipais na busca pelo aumento dos recursos do Fundeb, em evidente mentira pedagógica?
Nelson Pretto – Não sou pesquisador do tema. Sei que existem inúmeros estudos e pesquisas sobre municipalização do ensino, estudos tanto favoráveis como contrários à gestão centralizada da educação. No entanto, me parece claro que não adianta pensar em soluções uniformes e gestadas no Planalto para serem distribuídas pelo país afora. Sem dúvida, precisamos de um professor fortalecido nacionalmente, com planos de carreira bem definidos e com um estatuto que garanta aquilo que venho insistindo como sendo o tripé de sustentação de uma educação qualificada no que diz respeito aos professores: salário, formação inicial e continuada e condições de trabalho. Isso, seguramente, teria que ser algo a ser pensando em termos nacionais, como política de Estado e não de governo. 
AF – E quanto ao Fundeb e o desvio dos recursos como tem sido verificado? 
Nelson Pretto – O Fundeb foi, seguramente, um grande avanço e não podemos evitar que os governos locais tenham poder sobre a educação. Não só na educação, mas em todas as áreas. Precisamos de uma Nação fortalecida e isso só acontece se em cada município, em cada vila, em cada grupo social tivermos cidadãos fortalecidos e atuantes, ativistas, como gosto de falar. Assim, com forte controle social, não veremos os absurdos dos desvios desses recursos. Isso é qualificar uma Nação, e não só a educação. Desta forma, podemos acabar com o que você está chamando de mentira pedagógica. 
Apesar de não ser especialista no tema, me parece que o que acontece hoje com o Sistema Único de Saúde (SUS) é um bom exemplo a ser seguido pela educação. Existe uma rede muito atenta, envolvendo desde as equipes locais até o Ministério, que controla e discute cada passo da política de saúde brasileira. Com todos os problemas que seguramente a saúde no Brasil enfrenta, o sistema tem seus méritos e tem gerados bons resultados com ampla participação da sociedade. No campo da educação, o que vemos, no entanto, é que as próprias indicações das Conferências Nacionais têm dificuldades de serem implementadas, apontando, portanto, para os enormes desafios que, ainda, temos pela frente.
Publicado no Terra Magazine, em 07.09.2012.
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Sotaques, Forum da Internet e REA

Entrada do Fórum da Internet CGI-Br
Por Handerson Damasceno
E viajei novamente! Dessa vez, diferente dos caminhos feéricos, oblíquos e distantes pelos quais enveredava a minh’alma, fui a um lugar muito querido do meu coração e amante dos meus olhos e ouvidos: Recife e Olinda.
Ao partir, imaginei que tudo fosse corroborar para que a viagem/estadia/congresso fossem fluidos: o céu exacerbadamente anil, flocos de algodão disfarçados de nuvens e a tepidez interior, me mostrando como eu fiz bem em segurar as rédeas da minha vida e galopar, em direção ao meu sonho (acadêmico).
A única surpresa incômoda foi a chuva torrencial que me recebeu ao chegar no aeroporto dos Guararapes, bem como o frio que passeava, maroto, por aquelas terras.
E ao chegar, meus ouvidos logo ficaram felizes em ouvir aquele sotaque cadencioso, gostoso e displicente, dos pernambucanos: as palavras bem cantadas, as ortoepias e prosódias me fazendo os ouvidos orgasmarem naquela delícia linguística que é o falar de Pernambuco… (Decerto me peguei, várias vezes, espiando a conversa alheia, não pelo conteúdo, mas pelos manjares auditivos proporcionados pelo “prosear”… nem sei do que falavam, na realidade…)
Mas o intuito mor de minha ida não foi somente me fartar dos prazeres de ouvir o sotaque pernambucano! Fui a fim de participar do II Forum da Internet noBrasil, evento organizado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br)e ampliar o leque de saberes, aprofundar conhecimentos e recolher elementos que contribuíssem na escrita da minha pesquisa do mestrado.
E o evento foi um exemplo, pra mim, no que tange à organização: tudo muito limpo, bem feito, boas mesas e temáticas bem distribuídas. Valeu! (apesar da conexão com a internet ser muito ruim…isso mesmo!)
Participei da trilha “Como estimular conteúdos e plataformas nacionais na rede mundial” e, apesar da atualidade do tema, me senti meio frustrado com a representante da Academia, uma profa da USP, que em seu discurso, apresentou a tecnologia (e seus instrumentos) como mero adorno para “atrair” a atenção dos alun@s e fazê-los participar das atividades de maneira mais proativa, ou seja, explicitamente uma visão um tanto quanto tecnicista sobre as tais.
Na mesa estava também o professor Nelson Pretto (meu orientador), que, ovacionado pelo seu discurso (e postura ativista), assinalou a necessidade de uma rede de qualidade e acessível para todos e sinalizou a necessidade de uma política de formação de professores que seja fecunda.
No dia seguinte, aconteceram as “desconferências”, espaços criados para que houvesse ampliação e socialização de saberes, a partir de terminado tema e com um processo de colaboração maior por parte de que assistia. Nesse sentido, e já interessado nas discussões sobre REAque ultimamente tenho participado enquanto membro do GEC (Grupo de Pesquisa em Educação, Comunicação e Tecnologias), da UFBA, me interessei em participar desse espaço e ficar mais sabido.
Muito legal ter conhecido a Lilian Starobinas, uma das escritoras que contribuem para o livro “Recursos Educacionais Abertos: Práticas Colaborativas e Políticas Públicas” (organizado pela Bianca Santana, Carolina Rossini e Nelson Pretto).
Na apresentação,que além da Lilian, se fazia presente a Bianca Santana, pude ver bastante elucidados os conceitos que tenho me apropriado no referido grupo de pesquisa e não intento, logo, reproduzir o que foi discutido na mesa, mas registrar a minha preocupação, mediante a fala de um senhor da plateia, que se mostrava um tanto quanto incômodo em crer nos rea como um possível intensificador do fim do livro impresso e da qualidade dos materiais produzidos.
Penso que as experiências exitosas apresentadas no livro supracitada dão conta de uma discussão embrionária sobre o tema. Sendo assim, vale ler as impressões dos autores e buscar em sites e publicações, vestir-se de conhecimento sobre REA. Penso que a única coisa a ser abortada é a visão capitalista e neoliberal que nutre e aduba o processo editorial do livro no nosso país.
E concluo: essa discussão não está concluída…rs.Ps: O evento contou com a participação de gente de todo o país: coletivos, ONG’s, professores, pesquisadores, ativistas, empresas privadas, simpatizantes, estudantes da educação básica e universitários, mas não vi/ouvi falar de senhor ninguém do MEC…Também acho…
(Texto de Handherson Damasceno, mestrando do Programa de Pós-graduação em Educação – FACED/UFBA; Bolsista do Programa Um Computador Por Aluno; Membro do GEC/UFBA.)
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UNESCO organiza evento sobre REA em Paris


Nos dias 20, 21 e 22/06, foi realizado o Congresso Mundial de Recursos Educacionais Abertos em Paris, França.
Participaram do evento pesquisadores, representantes governamentais e articuladores de diversos países que reuniram-se ali com o objetivo de incentivar os governos a implementar ações políticas envolvendo o desenvolvimento e uso dos REA.
Do Brasil, partiu uma delegação na qual constavam pesquisadores ligados aos projetos desenvolvidos pela comunidade REA no país, dentre eles: Deputado federal Angelo Vanhoni (PT-PR, relator do projeto de lei que institui no Plano Nacional de Educação), Deputado Estadual Simão Pedro (PT-SP, autor do PL REA do Estado de São Paulo), Tel Amiel (UNICAMP), Nelson Pretto (UFBA) e Rafael Parente (Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro).
Foi redigida pela Unesco, em conjunto com os participantes do evento, uma declaração publicada como documento final do evento. Nela estão expressas as indicações da plenária para governos e entidades quando da adoção e desenvolvimento de REA.

Declaração REA de Paris

Clicando aqui para acessar mais documentos do projeto REA Brasil
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