Os códigos computacionais estão embutidos em vários dos objetos técnicos da vida cotidiana, havendo necessidade de estudá-los também no âmbito da educação.
Antenado com esta situação, o GEC tem se debruçado sobre essa questão para saber como os algoritmos interferem nas formas como as pessoas se educam.
Essa discussão foi levada para a comunicação de massa por meio da publicação de artigo Os algoritmos na vida cotidiana, de autoria do doutorando Cleonilton da Silva Souza, no jornal A Tarde, seção Opinião, versão impressa, de 28 dez 2020.
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Boa leitura!
OS ALGORITMOS NA VIDA COTIDIANA
Cleonilton Souza – doutorando em educação – GEC/FACED/UFBA – cleonilton@gmail.com
De coisas simples como fazer notificações de aniversário a realizar monitoramento de pressão cardíaca, os algoritmos, esses códigos utilizados para construir aplicações computacionais, fazem parte do dia a dia. Embutidos nos smartphones, nos tablets, nos computadores de mesa e em equipamentos eletrônicos como relógios e GPS, nem sequer notamos a presença desses artefatos técnicos.
Os algoritmos são quase desconhecidos pela população e poucos são os profissionais que têm domínio sobre o funcionamento desses códigos. Assim, o conhecimento de algoritmos fica restrito aos profissionais da computação, que são os criadores dessa tecnologia.
Em algumas ocasiões, por exemplo, profissionais de comunicação se apropriam das especificidades desses códigos nas atividades de marketing digital e propaganda automatizada, mas o acesso às funcionalidades dos códigos é ainda parcial.
A convivência corriqueira com esses entes não humanos desenvolveu um uso automático e acrítico, sem que as pessoas questionem, inclusive, as ações dos algoritmos. Enquanto isso, o mundo gira em torno de decisões econômicas, políticas e sociais mediadas por códigos computacionais não transparentes.
É preciso frisar que os algoritmos estão sujeitos a falhas de construção e, como qualquer objeto criado pelo humano, podem trazer resultados inesperados para a vida das pessoas. Imagine as consequências da identificação equivocada de uma imagem em um “caso jurídico”? Ou a recomendação inadequada no direcionamento de um carro feita por um serviço de GPS? Ou ainda os usos intencionais de robôs em processos eleitorais com o intuito de fomentar desinformação?
Os algoritmos não são infalíveis nem neutros, e o conhecimento sobre esses artefatos não poderá ficar restrito aos profissionais que os criaram. É preciso pensar formas de a sociedade não ficar subjugada a códigos restritos quando estes influenciam e condicionam o modo de viver cotidiano.
Surge assim o desafio de sociedade, Estado e criadores de algoritmos elaborarem formas para que esses artefatos se tornem menos opacos para a população.
A educação para a cultura do algoritmo é também outro fator preponderante. Se as preocupações de educação elementar eram voltadas para a aprendizagem da cultura alfanumérica, do ler, escrever e calcular, precisamos repensar as práticas educacionais e voltarmos nossos olhares para aprendizagens que digam respeito ao mundo mediado por algoritmos.
É este o grande desafio: os cidadãos precisam compreender a lógica de funcionamento dos algoritmos e ter proficiência em identificar as ações desses artefatos, quanto às consequências que os códigos computacionais possam trazer para a vida cotidiana.