Em defesa da Educação e Ciência brasileira
Nelson Pretto, professor da Faculdade de Educação da UFBA e Conselheiro da SBPC. nelson@pretto.pro.br
O censo recentemente divulgado pelo INEP demonstrou o crescimento do ensino superior no país e, mais do que tudo, que essa expansão ocorreu, essencialmente, pelo aumento, entre 2006 a 2016, das universidades públicas: passamos de 92 para 108. Acrescente-se a isso, o crescimento do Institutos Federais de Educação Superior, que eram 33 em 2006 e passaram para 40 em 2016, todos com campi espalhados pelo interior dos seus Estados.
Um olhar amiúde para outros dados nos permitem ver o crescimento das universidades federais: em 2002 eram 45, com seus 148 campi, e hoje, são 63, com 321 campi. Na Bahia, como tenho insistido, temos hoje 12 instituições de ensino superior públicas, e não custa nominá-las: UFBA, UFRB, UNIVASF, UFOB, UFSBA e UNILA (Campus dos Malês/São Fco do Conde), as Federais; UNEB, UESB, UESC e UEFS, Estaduais, e mais o IFBA e o IFBaiano, com um sem número de campi tomando praticamente todo o território baiano.
Fica claro, com esses dados, que a democratização do ensino superior está acontecendo por conta de corretas políticas públicas que propiciaram a expansão do sistema público de ensino superior.
Essas instituições têm formado profissionais em todas as áreas e realizado pesquisas de ponta, juntamente com os centros de pesquisas instalados aqui na Bahia, a exemplo da Fiocruz.
No entanto, estamos vendo cotidianamente na grande mídia e nas palavras dos candidatos, um verdadeiro ataque às universidades públicas, intensificado após o triste acontecimento do incêndio do Museu Nacional, administrado pela UFRJ.
Antes disso, um relatório do Banco Mundial foi amplamente divulgado (“Um Ajuste Justo – Análise da Eficiência e Equidade do Gasto Público no Brasil”) e buscou desqualificar o nossos sistema público de educação superior, o que foi analisado em detalhes e duramente criticado pelos colegas professores da UFBA Luiz Filgueiras, Uallace Moreira e Graça Druck.
A tônica dos ataques é sempre a ineficiência das instituições e a necessidade de cobrança de mensalidades dos alunos.
Esse não é um movimento novo. Desde que na UFBA entrei como professor, em 1978, temos lutado em defesa na educação pública em todos os níveis, e a nossa SBPC vem, desde a sua criação em 1946, manifestando-se de forma contundente em defesa de mais investimentos em educação, ciência e tecnologia em nosso país.
Recentemente produzimos uma Carta de Compromissos em Defesa da C,T e I convidando os candidatos que tenham maior sensibilidade e visão sobre o significado estratégico para o país do desenvolvimento educacional e científico a assinarem a referida carta. O mesmo foi feito com os candidatos à Presidência da República, independente de partidos.
Tudo porque, para nós, um país só será livre e com justiça social se, de fato, tiver um consolidado e amplo sistema de educação, ciência e tecnologia.
Publicado no Correio* de 02/10/2018, pag. 02
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