O Tabuleiro Digital (TD), criado em 2004, expandiu-se mais uma vez. Conhecido por promover acesso livre a internet em espaços públicos, como ocorreu na FACED/UFBA, no Bairro Pirajá, em Salvador, e no Ciberparque Anísio Teixeira em Irecê, o TD foi estendido para o município de Arataca – Ba e funcionará no assentamento Terra Vista, região Sul do estado. No assentamento, a proposta do TD vai além do acesso livre à internet. Lá, será montada uma ilha de edição audiovisual, em atendimento a demanda dos agentes locais.
A produção e divulgação de audiovisuais já é uma realidade no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A gravação de imagens e exposição de vídeos relacionados as pautas de luta pela Reforma Agrária Popular tem sido constantes no cotidiano dos membros dessa organização, a ponto de existir um brigada responsável por estas atividades. A brigada atua em âmbito nacional, produzindo documentários, mostras e reportagens. Na Bahia, a brigada começou a se consolidar através do 1º Mutirão de Audiovisual no Assentamento Terra Vista, que foi realizado entre os dias 21 e 24 de junho de 2013, por intermédio do Programa Tabuleiro Digital.
O encontro reuniu organizações com processos históricos diversificados, que estavam unidas pela linguagem audiovisual. Entre essas instituições, estavam integrantes do Grupo de Pesquisa Educação, Comunicação e Tecnologias – GEC, o Núcleo de Estudos e Práticas em Políticas Agrárias – NEEPA, o Projeto Onda Digital, a Associação Casa do Boneco, membras da brigada de audiovisual do MST Ba e o anfitrião, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST. Em função dessa diversidade, ocorreram calorosos debates envolvendo questões relacionadas ao registro da cultura local até a acesso a internet.
A preparação do Mutirão ocorreu nos encontros de planejamento dos bolsistas do Tabuleiro Digital e em reuniões online com as outras organizações parceiras. Durante estes encontros, buscou-se constituir uma sinergia entre os diferentes grupos que se envolveram no mutirão. As reuniões funcionaram de modo caótico, devido a precariedade da internet dos municípios dos quais os participantes eram provenientes, e foi necessário realizar reuniões em partes, em diferentes horários, como forma de alcançar a todos os envolvidos.
Foram quatro dias intensos de formação. No período do encontro, estavam entre os temas discutidos: o desenvolvimento do Programa Tabuleiro Digital considerando as particularidades que ele terá em Terra Vista; as oficinas que serão realizadas; os encaminhamentos e processo burocráticos do Programa; os materiais necessários para realização desse e de outros Mutirões Audiovisuais. Além de aspectos relacionados à decupagem e edição de vídeos e produção de roteiros.
Paralelamente, aconteceu uma oficina sobre técnicas de filmagem e de fotografia com os Sem- Terrinhas. Esta oficina não estava no planejamento inicial, mas quando nos deparamos com a quantidade de crianças e de adolescentes que permaneceram “colados” nas atividades, resultando cerca de 30 participantes, ficou clara a necessidade de preparar momentos adequados a esses participantes especiais, cheios de desejo de aprender.
Como resultado do mutirão, foram produzidos quatro vídeos com materiais gravados na 1ª Jornada de Agroecologia, realizada em dezembro de 2012 no assentamento. Além de duas novas produções, um vídeo sobre o ciclo de produção agroecologico do cacau fino, um dos principais produtos do assentamento e uma animação do tipo stop motion, trabalho dos sem-terrinha.
É possível ter mais informações sobre esta experiência em:
www.mst.org.br/Juventude-Sem-Terra-investe-na-formacao-da-Brigada-de-Audiovisual-na-Bahia