por Cássio Leal
Chegamos em Itabuna umas 8h. No terminal rodoviário para pegarmos o ultimo ônibus que nos levaria ao destino final, um assentamento próximo a Arataca, passamos por outro perrengue. Novamente, não queriam nos permitir levar os monitores CRT. Falavam que apenas se eles estivessem em uma caixa. O funcionário nos orientou a procurarmos caixas nos supermercados das proximidades, já que o nosso ônibus só ia chegar às 9h.
Formiga ficou de olho nas bagagens, as meninas foram tomar café e eu fui atrás das
caixas. Fui em supermercados, mas não consegui nenhuma. Passei por feirinhas, armazéns, padarias, oficinas, e ninguém tinha caixas de papelão. Fui me distanciando cada vez mais, perdendo as esperanças de encontrar duas simples caixas de papelão.
Perguntei numa loja de motos e me indicaram um outro supermercado. Fui no supermercado, e ainda estava fechado. Continuei andando… entrei em mais dois
estabelecimentos de comércio de grão, mas sem sucesso. Fui à um depósito de cacau e falei com um senhor, numa piscada de olhos, sumiu de minhas vistas. Tinha ido lá nos fundos, voltou trazendo uma caixa grande e umas outras dobradas. Fiquei contente. Agradeci, coloquei-as debaixo do braço e parti. Dez minutos de caminhada e finalmente chego ao terminal. Formiga balançou a minha mão e fez aquela pressão; “Você é o cara, man!!!”.
Pegamos nosso ônibus, e nessa viagem, com duração de aproximadamente uma hora e
meia, todos dormimos, assim como na anterior.
Uma ou duas horas depois, chegamos no assentamento. Formiga e as meninas foram falar com o pessoal enquanto Luciana e eu esperávamos nos jardins do local.
Deixamos os computadores lá e Bob nos acompanhou até a casa aonde iríamos nos
abrigar. Fomos ao rio experimentar um banho e depois de voltar pra casa, sequei-me e fui deitar. Apaguei, como há muito tempo não fazia. Foi um cochilo de duas horas equivalente a uma noite inteira de sono. No fim da tarde fomos para o assentamento (chamo de assentamento a estrutura principal que há por aqui). Conheci a sala de informática, a cozinha, o auditório, refeitório, jardins, banheiros e a escola ali próxima, com acesso à Internet sem fio.
Noite à dentro, nós conversávamos sobre o cronograma do Mutirão Audiovisual. Fiquei muito próximo de Boby. Preparamos os PCs para receber os sistema que ele sugeriu, o AVLinux, uma distribuição livre, leve e fantástica. Ideal para o trabalho que iríamos realizar. Não foi necessário usar o UbuntuStudio ou a outra versão que eu havia levado. De qualquer forma, ambas são mais pesadas e de instalação mais demorada.
Na sala de informática, haviam seis computadores de bom desempenho, mas apenas
um estava funcionando bem. Os outros cinco estavam defeituosos. A noite foi muito
produtiva, e conseguimos deixar o saldo de três computadores funcionando, contra três ruins.
Sem contar os dois que trouxemos de Salvador, que nos fim das contas, sequer foram
utilizados, pois apresentaram problemas quando ligamos eles e optamos por não investir
tempo nestes, mas sim, tentar reformar os outros três no dia seguinte.
Levantamos cedo, às 6:30. Manuela ficou encarregada de despertar o grupo, e me
acordou facilmente, dessa vez. Tomamos café no refeitório e em seguida começamos os trabalhos. Na sala de informática, consegui fazer mais uma máquina funcionar. E agora contávamos com quatro computadores, com sistema AVLinux instalado. Que fique claro que a distribuição AVLinux, eu conheci através de Boby, e ela é bastante completa e voltada pra edição de imagens e vídeos, com interface simples e leve. Foi uma tremenda duma mão na roda! Tanto, que na auto avaliação do grupo, o nome “Boby” esteve nos “trendtopics”.
A distribuição se comportou muito bem nas máquinas e com os testes de vídeos que
fizemos. Não foi necessário instalar nenhum tipo de drive, e para minha surpresa, nem plugins, codecs, nada. O AVLinux foi capaz de reconhecer todos os componentes do computador e osformatos dos arquivos de áudio e vídeo que foram trabalhadosa. Em geral, eram vídeos em formato MOV ou AVI, e arquivos MP3. O trabalho com imagens também ocorreu normalmente.
As “especialistas” em imagem e vídeo, Manuela e Luara, deram uma aula show. Luara
nos mostrou quais são as etapas para se editar um vídeo, dicas de roteiros e acompanharam o trabalho das duplas, que se juntaram para trabalhar em um tema específico. Os vídeos usados foram das gravações realizadas em 2012, na 1a Jornada de Agroecologia da Bahia.
Os conhecimentos delas, somados à experiência e paciência de Boby, em relação ao
uso do software e do próprio AVLinux, fizeram com que os participantes, que apresentavam perfil de leigos em informática ou com conhecimento básico apenas, tivessem uma rápida familiarização com programas como o Cinerella e o sistema operacional.
O software de edição Cinerella é ótimo, leve e trás muitas ferramentas interessantes
para editar vídeos sem ficar devendo nada na questão de qualidade da arte final e
desempenho. Os resultados superaram minhas expectativas.
No dia seguinte, às 6:30h já estávamos de pé. Depois do café, retomamos os trabalhos
e continuamos a editar os vídeos. Afinal, edição leva tempo. E o que mais me chamou a
atenção, foi a duração da oficina. Ela se prolongou e ficamos até 01 da manhã, editando
insaciavelmente, em busca de uma arte perfeita, que transmitisse a ideia que nós queríamos passar. Alguns ficaram até as 23h. Estavam todos empenhados em cumprir sua missão.
Depois que se domina o programa, fica muito mais gostoso trabalhar com ele. Neste caso, aprendi em dois dias a utilizar muitos recursos, como por exemplo, inserção de legendas, temporizadores, créditos, imagem, transações, cortes e emendas, ajuste de brilho, contraste, áudio e outros.
O AVLinux poderia ser mais intuitivo, com botões e opções que trouxessem informações com maior clareza, mas ainda assim, ele é incrível, com suas quatro janelas flutuantes, sua interface black & green e tantos recursos e tutoriais espalhados pela web.