Trânsito de Madeiras Brasileiras entre Brasil Colônia e Portugal – Séc. XVIII e XIX

Os Seminários Novos e Velhos Saberes, atividade continuada de extensão coordenada pelos programas de pós-graduação do Instituto de Biologia (Diversidade Animal, Ecologia e Biomonitoramento, Ecologia Aplicada à Gestão Ambiental e Genética e Biodiversidade) anunciam para o dia 4 de março, às 14h30, na Sala 12 A (primeiro andar) do Instituto de Biologia, a palestra do Prof. Dr. Lazaro Benedito da Silva1, professor do Instituto de Biologia

Trânsito de Madeiras Brasileiras entre Brasil Colônia e Portugal – Séc. XVIII e XIX

lazaro.aiResumo

A importância que teve o pau-brasil (Caesalpinia echinata Lam.) no período colonial fez com que a maioria dos historiadores abordasse largamente a sua exploração em detrimento de outras espécies de madeiras brasileiras de excelente qualidade. Com o conhecimento das terras da colônia portuguesa, a qualidade de outras espécies foi sendo descoberta e exportadas para o Reino para a construção de embarcações, edifícios e mobiliários. Com o objectivo de identificar as madeiras exportadas do Brasil colônia nos séculos XVIII e XIX e contribuir na perspectiva de dirimir as dúvidas existentes há mais de dois séculos a respeito das madeiras exportadas para Portugal, realizaram-se levantamentos sistemáticos em arquivos históricos portugueses (Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, Biblioteca Nacional e Arquivo Histórico da Marinha) em documentos de ordens de embarque das madeiras brasileiras para Portugal, e visitas técnicas a várias instituições portuguesas (xilotecas, museus, entre outros), detentoras de materiais produzidos a partir de madeiras obtidas do Brasil no período colonial. Os documentos revelam o controle que Portugal tinha sobre a extração das madeiras brasileiras, através das fábricas reais de madeira. A partir de 1755, na sequência do terremoto que arrasou Lisboa e destruiu os armazéns de madeiras do Reino, houve a necessidade de importantes remessas de peças, dos mais diversos tipos de madeiras, para a construção de novas embarcações, em particular no fabrico de fragatas.
A terminologia utilizada para as madeiras, por terem suas características desconhecidas dos europeus, foram usadas com os nomes de origem indígena como matataúba, tatajuba, cumaru etc. Dentre essas, observou-se que as espécies mais citadas nas remessas, inclusive por categoria de uso para construção de navios foram: angelim (páo para cadaste), jetaípeba (curva), oiticica (cintado), pau-d’arco (curva), pau-d’óleo (mastro), pequi (quilha), sapucaia (curvas), sucupira (cabos, primeiros, segundos e terceiros) e pau roxo, pau-santo e vinhático, que serviram não só para a Marinha, como na reconstrução arquitectônica de Lisboa. Durante a comunicação serão apresentados, detalhadamente, os métodos e resultados desta pesquisa com nomes científicos, bem como uma discussão dos resultados e perspectivas futuras. (Pós Doc. Processo 1796-14-3, Capes)

1Instituto de Biologia – UFBA, Departamento de Botânica, Laboratório de Anatomia Vegetal e Identificação de Madeiras – LAVIM, Salvador, BA, Brasil; bsilva@ufba.br

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