O Instituto de Ciência da Informação da Universidade Federal da Bahia festeja dez anos de sua criação. No espírito da comemoração, a Parede Galeria inaugura seu espaço de Arte e Cultura com obras de Graça Ramos, professora titular da Escola de Belas Artes da UFBA.
Por volta dos anos 1980, a artista começou a costurar, à máquina, retalhos de panos, restos das telas que costumava preparar. Diversas experimentações trouxeram volume ao que antes era plano e estático. Surgem suas primeiras telas tridimensionais. O importante não era realizar um quadro, mas encontrar respostas para as investigações.
As pinturas aqui expostas constituem uma pequena parte do trabalho resultante do processo criativo da artista, durante pesquisa de doutorado na Espanha, onde produziu suportes tridimensionais em forma de caixas. A obra é mesclada de carga matérica, luz elétrica, diversos tipos de tecidos e tramas, com o propósito de tirar partido tanto da pintura matérica, quanto das transparências e janelas que deixam passar a luz colorida, uma pintura efêmera.
Lucio Fontana e Manuel Millares tiveram relevante papel no processo reflexivo e artístico de Graça Ramos. Fontana inicia a ruptura do suporte pictórico, e em 1949 perfura sua primeira tela. Millares propicia a Graça Ramos um “encontro impactante”, em 1992, na Espanha, com sua obra, construída com sacos e panos grosseiros, revelações, que decidiram o rumo de pesquisa da artista, que a partir daí passa a desenvolver um estudo sobre o cubo convertido em caixa de luz. A luz começa a explodir do interior destes objetos lumínicos, através das janelas e frestas, estabelecendo relação entre os espaços internos e externos, revelando o mistério que há por traz das coisas.
Nos trabalhos da artista, como em Marcel Duchamp, o espectador também é impulsionado a manejar a obra, acionando o interruptor, tornando-se co-participante da obra.
Curadoria: Rubens Ribeiro Gonçalves da Silva
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