Lula Ayres, também com obras do acervo do ICI (2008)

Lula Gonzaga Cardoso Ayres, pintor, cenógrafo, fotógrafo, desenhista, muralista, ilustrador e professor, nasceu no dia 26 de setembro de 1910. Sua carreira começou aos 12 anos, quando já mostrava um talento inegável para as artes plásticas. O dom do menino para a pintura foi incentivado pelo pai, João Cardoso Ayres, conhecido como o rei do açúcar, dono de uma usina em Rio Formoso.

Entre 1925 e 1926, Lula viajou para Paris, onde visitou exposições, ateliês e os museus mais completos da Europa tendo contato com a Art Decó, com a Arte Moderna entre outras. De volta ao Brasil, morou no Rio de janeiro de 1930 até o final de 1932, período em que estudou pintura em cursos livres da Escola Nacional de Belas Artes e onde conheceu Cândido Portinari, de quem passou a ser amigo íntimo. Na década de 1930, realizou cenografias de comédias e peças teatrais inclusive para o artista teatral, Procópio Ferreira, que lhe dava plena liberdade para executar seus trabalhos se tornando um grande incentivador; depois, de volta à Pernambuco, percorreu o interior do estado estudando sua realidade regional e suas festas populares. Passou a se dedicar à documentação fotográfica; pesquisava tipos, cenas, costumes e atitudes, inserindo a fotografia ao seu trabalho de desenho e pintura. Fotografava índios e índias, tipos nordestinos, bonecos de barro, bumba-meu-boi, figuras do maracatu, bichos, entre outros personagens e acontecimentos, para depois desenhar (de memória) tais imagens.

Sua primeira exposição foi realizada na década de 1940, iniciando-se no Recife e indo depois para São Paulo, Rio de Janeiro e outras cidades do país. Participou de várias outras exposições individuais no Brasil e no exterior, inclusive, das três primeiras Bienais de São Paulo. Executou cerca de cem painéis e murais em diversas cidades brasileiras, entre as quais Recife, Salvador, Santos, São Paulo e Natal. Os traços do chamado abstracionismo geométrico marcaram a maioria de seus trabalhos, quase sempre coloridos e repletos de movimentos – como as demais danças populares. Em sua arte há duas características muito suas: a intensa mobilidade de seus traços e o equilíbrio exato de seus relevos. Em 1979, entrou para o Conselho Estadual de Cultura de Pernambuco.

Com a falência do pai, Lula retornou ao Recife em busca de um emprego. Foi aí que entrou para a Indústria Gráfica Brasileira, onde trabalhou durante 30 anos como programador visual. Lula Cardoso Ayres faleceu em 30 de junho de 1987, poucos meses após a morte de sua esposa. Seu nome, entretanto, está marcado para sempre como um dos maiores artistas do país.

Curadoria: Rubens Ribeiro Gonçalves da Silva

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