Um prato feito (feijão, soja, grão-de-bico, amendoim, ervilha, ingá e tamarindo): reconstruindo a sistemática filogenética das leguminosas
Dando prosseguimento aos Seminários Novos e Velhos Saberes, teremos no dia 18 de julho, a palestra do Prof. Domingos Cardoso, do Departamento de Botânica da Ufba. Prof. Domingos é biólogo, com doutorado em Botânica, pela Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), contando com experiência internacional, sendo no momento. Em 2013, recebeu o Prêmio Capes de Tese 2013, pela melhor tese de doutorado do Brasil na área de Biodiversidade.
Sua palestra versará sobre as leguminosas (Leguminosae ou Fabaceae), reconhecidamente uma das famílias de angiospermas mais diversas e importantes ecológica e economicamente, com representantes bem conhecidos, a exemplo do tamarindo, ingá, amendoim, ervilha, grão-de-bico, soja e feijão, ou seja, um verdadeiro prato feito! Tradicionalmente são divididas nas subfamílias Caesalpinioideae, Mimosoideae e Papilionoideae, uma classificação que tem sido amplamente adotada em catálogos de floras, inventários ecológicos e organização de coleções em herbário. Ao longo dos últimos 20 anos, a revolução proporcionada pelo uso de marcadores moleculares em reconstrução filogenética revelou a necessidade de revisar a classificação de subfamílias, tribos e diversos gêneros morfologicamente heterogêneos em Leguminosae, de modo a reconhecer somente grupos monofiléticos. Por exemplo, devido ao parafiletismo das Caesalpinioideae, uma mudança dramática no número de subfamílias para seis ou doze deverá ser proposta em breve. As leguminosas representam um prato feito não somente em nossa mesa, como também para delimitação biogeográfica de biomas globais e estudos de evolução floral. Dentre as ca. 13.800 espécies de Papilionoideae, as flores acançam sua diversidade máxima nas linhagens basais e parecem ter fixado um padrão geral papilionado (flores bilaterais altamente especializadas com pétalas diferenciadas em estandarte, alas e carena) somente no grande clado acumulador de aminoácido não-protéico. Reconstruir a filogenia das Papilionoideae basais é, portanto, essencial para entender onde as flores papilionadas contribuíram como inovação-chave e para revelar a evolução da diversidade morfológica espetacular das leguminosas.