A habilidade cognitiva de hominíneos extintos à luz de evidências genômicas.

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Os Seminários Novos e Velhos Saberes, atividade continuada de extensão dos programas de pós-graduação do Instituto de Biologia (Diversidade Animal, Ecologia e Biomonitoramento, Genética e Biodiversidade e o mestrado profissional em Ecologia Aplicada à Gestão Ambiental), apresenta no dia 15 de maio, às 14h00, no Salão Nobre do Instituto de Biologia, a palestra de Profª. Drª. Vanessa Paixão-Cortês, do Departamento de Biologia Geral da Ufba. A professora tem doutorado em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.  Tem experiência na área de Genética e Evolução, atuando nas seguintes áreas: Evolução Humana (Homo sapiens, Neandertal e Denisova), Mamíferos, Evolução Molecular, Genética Médica Populacional e Bioinformática.

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Sua palestra “A habilidade cognitiva de hominíneos extintos à luz de evidências genômicas”, leva em consideração um tema  muito discutido em ciência, qual seja,  como seria a história evolutiva de nossa espécie desde a publicação revolucionária de Darwin em A Origem das Espécies. Durante este percurso, ciência responsável por organizar a árvore de nossa filogenia pode basear-se unicamente a partir do estudo da morfologia dos fósseis encontrados de hominíneos. A antropologia evolutiva seria tal ciência, e continuamente tem sido auxiliada por diversas outras ciências, como a física, química e outros ramos independentes da biologia.

Em 2010 foi publicado o rascunho do genoma de uma espécie humana extinta, da espécie Homo neanderthalensis, e de um hominíneo ainda não definido batizado como Denisova (nome dado por ter sido encontrado na caverna de Denisova, Rússia). Tais resultados modificaram completamente o estudo da evolução humana, com a formulação de novas questões. Uma delas seria como os humanos modernos desenvolveram sua incrível capacidade cognitiva? Com o objetivo de identificar quais mudanças genética eram únicas em humanos, procurou-se por genes diretamente relacionados com habilidade cognitiva usando o banco de dados da ferramenta “Gene Ontology” chamada AmiGO (http://amigo.geneontology.org/cgi-bin/amigo/browse.cgi). Informações funcionais e localização do gene no cromossomo foram obtidas do banco de dados online GeneCards/GeneAlaCart database (http://www.genecards.org/) (ver organograma). A busca no programa “AmiGO” permitiu selecionar 162 genes relacionados diretamente ao processo cognitivo.

As regiões codificadoras dos genes escolhidos foram coletadas pelos genomas do Homo sapiens (NCBI Build 36/hg18), bem como as regiões correspondentes do genoma do Neandertal e espécie de Denisova e de outros 11 primatas não humanos usando a ferramenta de busca UCSC Genome browser (http://genome.ucsc.edu/cgi-bin/hgGateway?org=Human).

Foram encontrados um total de 162 genes que estariam diretamente relacionados com habilidades cognitivas humanas. Dentro destes genes, foram encontradas 94 substituições não-sinônimas em 52 genes onde o alelo derivado estava presente em humanos e o alelo ancestral presente em chimpanzé. Noventa e três por cento das posições em Neandertais o mesmo alelo encontrado em humanos era observado, enquanto 4,2% dos loci eram heterozigotos para ambos os alelos derivados e ancestrais e apenas 2,8% dos loci apresentavam variantes novas. No espécime de Denisova apenas um sítio com o alelo ancestral e um locus heterozigoto foi encontrado. Demais todos apresentavam o mesmo alelo com os humanos modernos.

De acordo com nossos resultados, se existiram diferenças cognitivas relacionadas à perda da habilidade competitiva dos hominíneos extintos quando comparado aos humanos modernos, essas diferenças não deixaram marcas evidentes no background genômico das regiões estudadas. A variabilidade cognitiva entre espécies modernas e extintas não seria maior do que presente dentro dos humanos modernos existentes.

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