Seminários Novos e Velhos Saberes (na Praia)

Nos dias 31 de março e 1 de abril na Praia-do-Forte, em colaboração com o projeto Tamar, os Seminários Novos e Velhos Saberes apresentam temas relacionados à conservação marinha no Brasil, no auditório da Fundação Baleia Jubarte. A atividade faz parte da disciplina Mini-Simpósio IV do Mestrado Profissional em Ecologia Aplicada à Gestão Ambiental, e traz especialistas para discutir o tema com os estudantes do mestrado e o público em geral.

 

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Dose dupla, quase tripla dos Seminários Novos e Velhos Saberes

Os Seminários Novos e Velhos Saberes prosseguem nessa semana com uma dose dupla de palestras, no dia 17 de março, acontece a partir das 13h30, duas palestras que versam sobre filogenia e evolução, a primeira do Prof. Dr. Domingos Cardoso, do Instituto de Biologia da Ufba, que vai discorrer sobre “Evolução floral durante a diversificação das linhas basais de Papilionoideae, já a apartir das 15h30, teremos a palestra da Drª. Ana Maria Rocha de Almeida, pesquisadora associada ao Grupo de Pesquisa em Historia, Filosofia e Ensino de Ciencias Biológicas da Ufba, que vai apresentar o tema:Bases moleculares da evolução morfológica em zingiberales: de genes, redes e transcriptomas”.No dia 18 de março, às 10h30, os Seminários prosseguem com a palestra da Profª. Drª. Mariluce Costa, da Faculdade de Comunicação da Ufba, que vai apresentar o projeto “Ciência na rua: visão e ações estratégicas para viralizar a divulgação científica”. Todas as palestras no Salão Nobre do Instituto de Biologia da Ufba.

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Resumo

“Evolução floral durante a diversificação das linhas basais de Papilionoideae

A família das leguminosas (Fabaceae ou Leguminosae) é reconhecidamente uma das linhagens mais espetaculares de angiospermas em termos de diversidade de espécies, sucesso ecológico em todos os biomas e importância econômica global, com representantes bem conhecidos, a exemplo da soja, feijão, ervilha, amendoim, tamarindo, grão-de-bico, acácia e flamboyant. Com ca. 13.800 espécies descritas, as Papilionoideae representam um dos principais grupos de leguminosas. O ancestral que deu origem às Papilionoideae começou a se diversificar há pelo menos 60 Ma, e seu sucesso evolutivo é frequentemente relacionado ao surgimento da flor papilionada como uma inovação-chave. A flor papilionada altamente especializada, envolvendo simetria bilateral (monossimetria), estames soldados e pétalas diferenciadas em estandarte, alas e carena de fato está presente na grande maioria das Papilionoideae, porém as linhagens basais apresentam uma variação dramática em termos de arquitetura floral: desde flores aclamídeas ou com apenas uma pétala, estames livres e numerosos, até flores com cinco pétalas indiferenciadas e simetria radial (polissimetria). Assim como observado durante a irradiação das angiospermas, nesta palestra pretendo mostrar que a diversidade floral encontrada atualmente nas Papilionoideae basais foi resultado de uma fase evolutiva experimental. A alta diversificação das Papilionoideae será discutida como resultado da contribuição de diversos precursores evolutivos (e.g. nodulação simbiótica, estabilidade ontogenética floral, além da flor papilionada) que foram fixados na linhagem megadiversa NPAAA. Dessa forma, a diversificação extraordinária das Papilionoideae é entendida como resultado de uma “sinovação-chave”. 

Bases moleculares da evolução morfológica em zingiberales: de genes, redes e transcriptomas”

As angiospermas (ou plantas com flores) compõem o grupo de plantas de maior diversidade nos dias atuais. Desde seu surgimento, há 130 milhões de anos atrás, mais de 350.000 espéies de angiospermas já foram descritas. Grande parte dessa diversidade está representada por variações morfológicas nas flores. Os mecanismos que promovem essa diversidade são, ainda hoje, fontes de estudos e constantes debates. Com o intuito de contribuir para o nosso entendimento dos mecanismos moleculares envolvidos na prmoção dessa diversidade, estudamos o desenvolvimento das flores da ordem Zingiberales, um grupo de monocotiledôneas tropicais e subtropicais com curiosa evolução floral. Uma das principais modificações observadas nesse grupo de plantas diz respeito ao desenvolvimento dos órgãos masculinos (estamens). Nas Zingiberales, as flores sofrem uma importante redução no número de estamens férteis, ao mesmo tempo em que estes orgãos se laminarizam, assemelhando-se a pétalas. Nessa palestra, discutirei os principais mecanismos moleculares e os genes potencialmente envolvidos nessas transições, discutindo ainda como a modificação da expressão e atividade de genes envolvidos nesses processos, ao longo da evolução da ordem, pode gerar a diversificação de formas que observamos.

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“Ciência na rua: visão e ações estratégicas para viralizar a divulgação científica”

O projeto Ciência na Rua foi pensado para articular humor e ciência e assim contribuir para ampliar de forma decisiva a cultura científica entre o  público de 14 a 25 anos (30 milhões de brasileiros).  Queremos produzir e difundir com graça conteúdos relevantes relativos a resultados de pesquisa científica, inovação e empreendedorismo e, simultaneamente, receber o que outras pessoas e grupos produzem nessa área com o mesmo intuito de fazer divulgação científica. Assim, o Ciência na rua pretende ser um lugar de encontro, de diálogo e de irradiação do conhecimento que produzimos. Da plataforma digital que é seu ponto de partida, o projeto deve evoluir para múltiplas formas de divulgação.

“IPBES (Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos): A ciência na tomada de decisão;

Aula inaugural do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Biomonitoramento e do Programa de Ecologia Aplicada à Gestão Ambiental, com Profª. Blandina F. Viana, professora de ambos os programas e uma das cientistas representantes do Brasil que integram a Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), entidade internacional criada em 2012 para atuar na interface entre a ciência e a tomada de decisão política, na 4ª Plenária do IPBES em fevereiro último, na Malásia. A atividade insere-se dentro dos Seminários Novos e Velhos Saberes, coordenada pelos programas de pós-graduação do Instituto de Biologia (Diversidade Animal, Ecologia e Biomonitoramento, Ecologia Aplicada à Gestão Ambiental e Genética e Biodiversidade). Dia 7 de março, às 14h00 no Salão Nobre do Instituto de Biologia.

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A Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistemas é um organismo intergovernamental independente aberto a todos os países membros das Nações Unidas, foi criado em 2012 em resposta às preocupações da comunidade científica sobre a falta de esforços internacionais para combater as ameaças à biodiversidade. A IPBES segue o mesmo modelo do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), reunindo cientistas e tomadores de decisão de todo o mundo para monitorar o estado da biodiversidade e dos recursos naturais no planeta  e fazer previsões de como as mudanças dos serviços ecossistêmicos podem afetar os ecossistemas e o bem estar humano.
O foco principal da primeira avaliação do IPBES são os polinizadores e os serviços de polinização, que foi apresentado aos tomadores de decisão, no final de fevereiro do corrente ano, em Kuala Lumpur, Malásia.    O tema polinização foi escolhido para a primeira avaliação do IPBES, principalmente, devido a sua  alta relevância política, pois sabe-se que no âmbito global 75% das principais culturas beneficiam-se da polinização e que 78 a 94% da flora silvestre também dependem de polinização por insetos. Além disso, a proteção desses polinizadores é urgente, já que estão seriamente ameaçados na maioria dos ecossistemas terrestres.
Contudo, apesar da reconhecida importância do serviço de polinização na produção de alimentos e na conservação dos ecossistemas terrestres, ainda faltam políticas globais efetivas e mais esforços para a implementação das políticas existentes. Dados recentes revelam que nos últimos 50 anos a área cultivada com culturas dependentes de polinizadores aumentou 300% para compensar o impacto do déficit de polinização na produtividade agrícola.
Nesse sentido, o trabalho  realizado pelos especialistas em 2014 e 2015, junto ao IPBES, foi baseado nas melhores informações científicas disponíveis e nos conhecimentos tradicionais indígenas, e deverá auxiliar os governos dos países membros das Nações Unidas na tomada de decisões  para conservação e uso sustentável dos polinizadores e dos serviços de polinização e fortalecerá ainda mais  a interface entre ciência e política.