Movimento de Educação de Base (MEB)
Juliana Gusmão Menezes (Estudante de História e Bolsista PIBIC-UFBA).
O Movimento de Educação de Base (MEB) é um programa que tem como objetivo atuar na educação do povo com vistas a superar as desigualdades sociais. Para além do programa educacional, o movimento era voltado para a conscientização social, através do trabalho de politização, realizado pela Igreja Católica. O programa, na sua criação, foi voltado para as Regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e norte de Minas Gerais que possuíam os maiores índices de analfabetismo. O MEB foi o mais duradouro e abrangente movimento de educação pelo rádio realizado no país, tendo atingido aproximadamente 400 mil alunos em seus cinco primeiros anos de funcionamento.
O Movimento de Educação de Base foi criado em 1961, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), como um projeto de educação pelo rádio. O então Presidente Jânio Quadros promoveu recursos para a iniciativa, por meio do Ministério da Cultura e Educação, e a CNBB colocou à disposição a rede de emissoras filiadas à representação nacional das emissoras católicas (RENEC) por todo Brasil, além de mobilizar um grupo de católicos leigos para atuar como monitores voluntários nas escolas radiofônicas que eram abertas nas comunidades. O MEB foi instituído pelo decreto nº 50.730, em 21 de março de 1961, que previa a execução de um plano quinquenal de 1961 a 1965, durante o qual estava prevista a instalação de 15000 escolas radiofônicas, com a perspectiva de promover o crescimento gradual das escolas durante este período. O movimento obteve um alcance de 7353 escolas radiofônicas, que abrangeu 14 estados brasileiros, até o início de 1964, assim, cerca de 320 mil alunos concluíram o ciclo de alfabetização, devido a essa iniciativa.
A atuação do MEB era voltada à organização de uma base de professores, supervisores e locutores que se encarregaram da preparação dos programas radiofônicos e do contato com os alunos. Além do grupo base, a atuação prática também foi formada por monitores voluntários escolhidos na própria localidade em que seria aberta a escola radiofônica. A proposta inicial era a de que fossem treinados pelos militantes do movimento, com o objetivo de que recebessem orientações para o trabalho de alfabetização junto aos alunos e promovessem também o que chamavam de animação popular, ou seja, estimular os alunos para os estudos e para a organização junto às suas comunidades. Apesar de haver uma coordenação central na cidade do Rio de Janeiro, a organização estrutural do MEB era descentralizada em cada Estado e a programação veiculada pelo rádio estava voltada para conteúdos que dialogavam com a realidade de cada região.
Referências:
ALVES, Kelly Ludkiewicz. Entre as cartas e o rádio: Alfabetização de adultos e cultura popular nas escolas radiofônicas do Movimento de Educação de Base. Salvador: EDUFBA, 2022.
FÁVERO, Osmar. Uma pedagogia da participação popular: análise da prática educativa do MEB – Movimento de Educação de Base (1961-1966). Campinas: Autores Associados, 2006.
TEIXEIRA, Wagner da Silva. Educação em tempos de luta: História dos Movimentos de Educação e Cultura Popular (1958-1964). Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense. 2008.