“A saúde no Brasil em 2030”: livro lançado no aniversário de 112 anos da Fiocruz

A saúde – setor complexo e em transformação – requer planejamentos de mais longo prazo. Para subsidiá-los, um grupo de pesquisadores analisou os temas mais relevantes para o desenho de horizontes futuros. Esses esforços produziram o livro A Saúde no Brasil em 2030: diretrizes para a prospecção estratégica do sistema de saúde brasileiro, lançado por ocasião do 112º aniversário da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em 25 de maio de 2012. A obra é fruto do projeto Saúde Brasil 2030, conduzido pela Fiocruz mediante acordo de cooperação técnica com a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE), participação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e convênio pactuado com o Ministério da Saúde. A publicação contou com o apoio editorial da Editora Fiocruz.

“Os textos resultantes dessa iniciativa especulam sobre a probabilidade de futuros para a saúde em 2030, com referência ao ano de 2022, quando se comemora o bicentenário da Independência do Brasil”, conta o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha. “Diante dos desafios que o futuro traz, cabe ao Estado articular e induzir políticas econômicas e sociais, no interesse do desenvolvimento com equidade, fomentando o acesso e a inclusão de camadas excluídas, expandindo e assegurando direitos sociais às parcelas significativas da população ainda marginalizadas e sem os ganhos advindos do progresso e da riqueza”, ressalta. Superada a concepção minimalista, discute-se o papel do Estado no planejamento estratégico e como indutor do desenvolvimento nacional. A atuação do Estado se faz necessária, por exemplo, para superar as tensões entre interesses públicos e privados. “A relação entre esses interesses tende a se manter desequilibrada se não houver a devida intervenção estatal”, diz o documento. “Esta se daria por meio da qualificação de seu aparato regulatório, da acentuação do uso de seu poder de compra, do aumento dos aportes financeiros e redefinição das fontes de financiamento do SUS, da adequação de seu modelo de gestão e do fortalecimento da institucionalização do Complexo da Saúde em todas as suas dimensões”, explica. A obra está dividida em seis partes: Desenvolvimento, Estado e Políticas de Saúde; População e Perfil Sanitário; Organização e Gestão do Sistema de Saúde; Força de Trabalho em Saúde; Estrutura do Financiamento e do Gasto Setorial; e Desenvolvimento Produtivo e Complexo da Saúde. Inicialmente, os autores descrevem os assuntos no contexto da história recente e do panorama atual. Em seguida, as tendências de cada área são analisadas em perspectiva de futuro, assumindo três cenários prospectivos: um pessimista e plausível, segundo o qual o Brasil terá grandes dificuldades para enfrentar a crise financeira desta segunda década do século 21; um otimista e possível, em que, atravessada da crise, o país retomará padrões sustentados de crescimento econômico; e, por fim, um cenário intermediário entre os outros dois, chamado de inercial e provável. “O Sistema Único de Saúde (SUS) é responsável por uma produção de serviços de saúde de importância fundamental para o país, mas, ao mesmo tempo, tem pontos de estrangulamento, como a baixa oferta de Serviços de Apoio Diagnóstico e Terapêuticos (SADT); frequente impossibilidade de agendamento do serviço e de escolha do profissional e do prestador do serviço; hotelaria precária; dificuldade de acesso aos serviços e grande tempo em lista de espera para cirurgias eletivas, SADT e consultas a especialistas”, diz o livro, que tem mais de 300 páginas. Apesar desses estrangulamentos, são muitos os exemplos de sucesso, como a redução da mortalidade infantil, da desnutrição em crianças e dos óbitos por doenças infecciosas e parasitárias, bem como a diminuição da ocorrência de enfermidades preveníveis por vacinas. Paralelamente, porém, com o cenário sociodemográfico e o perfil epidemiológico que se delineiam para 2022-2030, os desafios englobam o aumento da prevalência da obesidade, os diferentes tipos de câncer e as doenças cardiovasculares, respiratórias crônicas, neuropsiquiátricas e negligenciadas, além das emergentes e reemergentes, inclusive em nível internacional. Os pesquisadores não se furtaram a escrever sobre temas difíceis e mesmo polêmicos, como o desafio da descentralização e regionalização do SUS em um cenário onde muitos municípios e estados não têm condições de prover de forma autônoma as ações e serviços necessários à sua população. A questão do financiamento do SUS também é amplamente debatida no documento. “Nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, que já investem parcela considerável do seu PIB no setor, as atenções estão cada vez mais voltadas para a eficiência, efetividade e equidade nos gastos, uma vez que maior nível de dispêndios é condição insuficiente para se alcançar melhores condições de saúde e não resolve, por si só, as iniquidades no acesso aos serviços”, lembram os autores. E acrescentam: “as iniquidades em saúde não podem ser combatidas sem que as iniquidades sociais também o sejam”. O debate inclui a grande variedade de aspectos do setor saúde, todos interligados, da atenção básica ao Complexo Econômico-Industrial da Saúde. “O nível primário de cuidados passa a ter papel primordial no processo de coordenação e integração do cuidado e não representa mais apenas a ‘porta de entrada’ no sistema de saúde”, destaca o livro, ao mesmo tempo em que reconhece lacunas como a carência de médicos para áreas de atenção básica. “Faltam profissionais interessados em pediatria, geriatria, clínica e genética médica”, exemplifica. Já em relação ao Complexo da Saúde, um grande desafio consiste em “vincular a consolidação e ampliação da capacidade produtiva com estratégias ativas de inovação e capacitação, sempre pautadas pela lógica social”. Os pesquisadores apresentam, então, estudo detalhado das conquistas e limitações envolvendo a indústria nacional de fármacos e medicamentos e de equipamentos e materiais médico-hospitalares e odontológicos, assim como a incorporação tecnológica por parte dos sistemas de saúde e a infraestrutura científica e tecnológica. Outro tema em pauta no documento é a governança democrática ou participativa, “relacionada à participação dos membros da sociedade nos processos decisórios mais amplos e na gestão pública”. Nesse sentido, os autores chamam atenção para a problemática das crescentes demandas geradas por interesses de cunho local e particular. “A força política da democracia participativa será proporcional à sua capacidade de pautar os temas do interesse coletivo, presentes no âmbito das cidades, dos estados ou do país, incluindo os assuntos referentes à macropolítica e ao desenvolvimento econômico e social, que são determinantes sobre a saúde”, ponderam. Os próprios textos que compõem o livro são um convite à governança democrática. “Os textos aqui apresentados são o ponto de partida do esforço prospectivo, e não seu resultado. São lançados a debate público por especialistas a partir de sua conclusão”, sublinha Gadelha. “Com isso a Fiocruz contribui para a formulação de políticas públicas em saúde, educação, ciência e tecnologia e inovação em saúde, reafirmando sua posição na defesa e fortalecimento do SUS, por seu desenvolvimento e alcance de padrão sustentável, assegurando a realização plena de seus princípios e possibilitando as necessárias conquistas sociossanitárias”, completa. Este livro está disponível na íntegra em formato PDF sem custos para acesso: para fazer o download, clique aqui

Publicado em 22/05/2012.

Edital para Seleção de Novos Participantes 2012

RESULTADO FINAL – ESTUDANTES VOLUNTÁRIAS SELECIONADAS

OBS.: Comparecer à reunião do GERIR dia 19 de outubro às 14h.

RESULTADO DA PRIMEIRA ETAPA DE SELEÇÃO !!

Saudações!

Já estão disponíveis em nossa página o edital e a ficha de cadastro para seleção de nov@s participantes do grupo GERIR.

As inscrições serão gratuitas e efetuadas por meio do preenchimento de Formulário de Cadastro e envio exclusivamente via Internet, até as 23h59 do dia 8 de outubro de 2012, no endereço: cmmelo@uol.com.br

Requisitos prévios para inscrição:

a) Estar regularmente matriculado na EEUFBA.

c) Estar cursando do 1º ao 8º semestre do curso.

d) Não participar de nenhum outro Programa ou modalidade de apoio como bolsista ou voluntário.

e) Ter disponível o mínimo de 08 horas semanais para o desenvolvimento das atividades.

 

1ª etapa do processo seletivo:

Inscrição on line através do preenchimento e envio da ficha de pré-seleção de 21/09/2012 até 08/10/2012.

2ª etapa do processo seletivo:

Entrevista presencial no dia 15/10/2012 das 14 às 20 horas.

Mais informações no edital!

Acesse aqui a ficha para cadastro.

Membro do GERIR Premiado em Congresso Internacional

O Mestre em Enfermagem  Handerson Santos, membro do grupo GERIR desde  2006 recebeu o Prêmio Excelência Profissional pelo melhor trabalho sobre a avaliação de programa de saúde pública, tema de sua dissertação defendida em fevereiro de 2012 na Escola de Enfermagem da UFBA.

A premiação aconteceu no Congresso Anual da Associação Latina de Análise dos Sistemas de saúde (ALASS), realizado em Lisboa entre 9 e 11 de setembro de 2012.

Também participaram deste evento outros membros do GERIR, com apresentações de trabalho sobre :

Força de trabalho da enfermeira: elementos para compreensão do seu valor (Tatiane Araújo e Cristina Melo)

Jornada de trabalho e valor da força de trabalho da enfermeira (Tatiane Araújo e Cristina Melo)

A educação permanente e o trabalho da enfermeira no contexto do Sistema Único de Saúde (Norma Fagundes e Cristina Melo)

Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde/Vigilância  em Saúde e a formação de profissionais para o Sistema Único de Saúde (Norma Fagundes e Tatiane Araújo)

A dissertação premiada encontra-se em nossa aba “Produções Acadêmicas” e pode ser lida na íntegra através do seguinte link: Avaliação da Rede de Unidades Básicas de Saúde com Foco na Integralidade

 

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Handerson Santos é Enfermeiro, graduado pela Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (2009); mestrado em Enfermagem pela UFBA (2012). Atua como pesquisador colaborador (bolsista de Desenvolvimento Tecnológico Industrial – Nível 2 CNPq) do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Ciência, Inovação e Tecnologia em Saúde (INCT-Citecs – ISC/UFBA). Já atuou como professor substituto da Escola de Enfermagem na Universidade Federal da Bahia nas disciplinas: Vigilância em Saúde e Educação em Saúde e como enfermeiro da Estratégia Saúde da Família. Membro do Grupo de Pesquisas GERIR/EEUFBA. Áreas de interesse: Avaliação em Saúde; Gestão em saúde; Controle Social; Políticas de Saúde; Inovação em Saúde; História da Enfermagem.

 

Tatiane Araújo em apresentação no CALASS

Handerson Santos em apresentação premiada no CALASS