Acaba de ser publicado na revista Informação & Sociedade: Estudos (ISSN 1809-4783), com autoria dos membros do GEINFO João de Deus Barreto e Ana Paula Villalobos, e em coautoria com Uillis de Assis – da Biblioteca Omar Catunda da Universidade Federal da Bahia – e Katia Sá – da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública – o relato de pesquisa: Relações entre Acesso Aberto, QUALIS CAPES e desempenho de citação (Índices h, e, AW e hl Anual) em periódicos científicos brasileiros de Ciência da Informação – estudo documental exploratório (o artigo pode ser baixado neste link e o dataset neste link).
A ideia original era investigar no campo da Ciência da Informação, entre as suas revistas mais bem posicionadas no QUALIS CAPES mais recente, possíveis relações entre adesão a práticas de Acesso Aberto e se isso repercutia em desempenho de citação.
O que foi encontrado:
(1) As revistas de CI mais bem estratificadas no QUALIS 2016 não aderiam integralmente às práticas do movimento Acesso Aberto, manifestando retenção de direitos autorais ou não possuindo estímulo a publicação em repositórios. Isto é grave porque a retenção e/ou não manifestação explícita da retenção de direitos autorais coloca o autor em uma posição de pouco controle sobre sua própria produção intelectual e é incompatível com a ética científica. A não implementação de políticas de estímulo ao autoarquivamento em repositório pode diminuir a visibilidade do conteúdo publicado, e o seu potencial de citação. Foi sugerido que as revistas de CI melhorassem as suas políticas no intuito de apoiar os autores devolvendo-lhes o controle sobre os direitos autorais e recomendando-lhes o autoarquivamento de seus trabalhos.
(2) Não foi possível confirmar se a adesão ou não ao Acesso Aberto impactava em maior nota no QUALIS CAPES e/ou concomitante melhor desempenho de citação. Ou seja, maior QUALIS não representa maior atenção ao trabalho publicado.
(3) QUALIS elevado não coincide – em CI – obrigatoriamente com as melhores práticas recomendadas pelos manifestos do Acesso Aberto e nem tampouco o QUALIS aparenta ser, nesta amostra, preditor de melhor desempenho de citação.
(4) Embora seja uma amostra significativa da CI, o seu tamanho indica também que a CI brasileira é um campo pequeno, de poucas revistas consolidadas, de pouca mobilidade, onde todas ocupam nichos bem delimitados. O baixo desempenho de citação no geral sinaliza talvez um campo muito pulverizado, que pouco lê e pouco cita o que produz.
(5) Não havendo adesão total ao AA nos estratos A1 e A2, pode-se inferir que possivelmente há outros motivos que fazem com que os artigos sejam citados que não necessariamente o alinhamento ao AA. É possível que o próprio QUALIS seja um atrativo, assim como indexações, que representam prestígio às revistas e aos autores que publicam nelas.
(6) Foi possível perceber que o estrato B1 (para a CI) é um nicho onde ocorre inovação em práticas editoriais mesmo que isto não repercuta necessariamente em crescimento da quantidade de citações. Nesse nicho, foi detectada a maior incidência de revistas em alinhamento com as práticos do Acesso Aberto.
(7) Especula-se que revistas não consolidadas em reconhecimento institucional (através de um QUALIS elevado) possam ter mais espaço para inovar e romper com práticas estabelecidas do campo em prol de melhor alinhamento à ética científica.
E a pergunta que fica é: estamos consumindo artigos e revistas em CI por marca?