Charles Dickens abriu o romance A Tale of Two Cities escrevendo “Foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos, foi a idade da sabedoria, foi a idade da tolice, foi a época da fé, foi a época da incredulidade, foi a estação da luz, foi a estação das trevas, foi a primavera da esperança, foi o inverno do desespero, tínhamos tudo diante de nós, tínhamos nada diante de nós.” Essas e outras ambiguidades emocionais e intelectuais do nosso estar-no-mundo aparentam percorrer diversos episódios da história humana marcados por aceleradas mudanças sociopolíticas. Foi assim na emergência do pensamento científico, da ciência e da comunicação científica e está sendo assim neste presente momento com aceleração de processos comunicacionais a partir da pandemia de COVID-19, que põe em evidência diversas contradições do ecossistema de publicação científica com as quais estávamos acostumados a viver quietamente.
Neste momento tumultuado de nossa história, dotado de tragédias mas também de possibilidades, no intuito de discutir confiança/desconfiança na ciência e alfabetização científica na interface entre comunicação científica e comunicação jornalística da ciência, o Centro de Medicina Baseada em Evidência da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública reuniu médicos, jornalistas e pesquisadores na Live Alfabetização científica da sociedade transmitida em 21/08/2020. Participaram a jornalista da Folha de São Paulo Cláudia Collucci, o professor titular de cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e chefe do Serviço de Cardiologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre Flavio Danni Fuchs, o professor associado do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis da Universidade Federal do Rio de Janeiro, embaixador da ASAPBio e membro da Iniciativa Brasileira de Reprodutibilidade Olavo Amaral e o editor executivo do portal BAHIANA Journals João de Deus Barreto, membro da linha de Comunicação Científica […]