“Uma cura para a calvície pode estar a caminho”. A frase chama a atenção e gera visualizações quando afirmada no título ou texto em algum artigo (estudo científico) ou notícia jornalística, correto? O problema é que ela pode dizer respeito a um resultado de um estudo científico que não foi realizado em humanos mas em ratos (ou a um estudo que sequer tentava avaliar a calvície propriamente). Sabe-se que modelos animais podem não indicar ou provar em definitivo relações de causa e efeito para humanos, sendo o estabelecimento da causalidade um dos objetos finais da pesquisa biomédica e para o qual almeja-se o desenvolvimento de inovações em prol da melhoria da saúde e da qualidade de vida da população em geral.
Em termos gerais, qualquer ato (intencional ou não intencional), que deturpa os resultados de um estudo no intuito de destacar/enfatizar o efeito benéfico de uma determinada intervenção/procedimento (ou mesmo implicar um efeito benéfico quando este não existe), mesmo na ausência de dados para apoiar as conclusões, pode ser chamado de spin. Com isto, é um termo utilizado em grande parte (mas não somente) para estudos de característica clínica e/ou intervencionista (de natureza experimental, por exemplo).
Saiba como identificar e como se proteger de spin na leitura de textos científicos neste artigo publicado na seção Bridging the Gap, espaço de disseminação do conhecimento científico sem jargão para a população em geral da revista Evidence (ISSN 2675-021X): “Spin: modificações na redação científica que escondem fragilidades metodológicas com impacto social negativo”. O texto é de autoria de membros do Group BRIGHTER e GEINFO: Charles Lucena, Gabriel Costa, Lucas Helal e João de Deus Barreto.