Lançamento do Livro “Do MEB à WEB: o rádio na educação”, dia 1º/jun

Convidamos a todos a participarem do lançamento do livro “Do MEB à WEB: o rádio na Educação”. O evento acontecerá dia 1º de junho de 2010, na escola de Teatro da UFBA, Salvador-BA.

O livro tem como organizadores Nelson De Luca Pretto (Faculdade de Educação da UFBA) e Sandra de Fátima Pereira Tosta (PUC-MG).

Convite para o lançamento do livro Do MEB a WEB em Salvador-BA

Este livro é resultado de pesquisas realizadas na UFBA com autores de diversos outros estados do Brasil, além de capítulos com a participação de autores de Portugal e Espanha, trazendo um panorama do rádio na educação também naqueles países. O prefácio foi escrito por Guillermo Orozsco Gómes, da Universidade de Guadalajara, no México.

O Livro já teve seu primeiro lançamento na  Bienal do Livro de Belo Horizonte, dia 14/05/2010. Agora, é a vez do lançamento em Salvador-BA, em um evento que conta com a parceria da Escola de Teatro da UFBA.

Capítulo sobre rádio web e software livre:

Soluções em software livre para rádio web. In: Do MEB à WEB: o rádio na Educação / Nelson De Luca Pretto, Sandra Pereira Tosta (organizadores). – Belo Horizonte : Autêntica Editora, 2010.

Autores: Nelson De Luca Pretto, Maria Helena Silveira Bonilla, Fabricio Santana, Bruno Gonsalves, Mônica Paz e Hilberto Mello

Programação do evento:

  • Lançamento da peça radiofônica A Vida de Franz Biberkopf, de Alfred  Döblin.
  • Apresentação de uma adaptação de um dos programas de rádio do Movimento de Educação de Báse (MEB), da década de 60, pela turma da Escola de Teatro da UFBA, com direção de Gideon Rosa.
  • Lançamento do livro e coquetel.

Transmissão:

Rádios Web da FACED [www.radio.faced.ufba.br] e de Teatro [www.radio.teatro.ufba.br].

Mais informações: (sinopse, mostra do livro, onde comprar, etc.)

No site da editora Autêntica.


Por Monica Paz

BANDALARGAMENTO, MONOPÓLIOS, POLÍTICAS PÚBLICAS E GOVERNANÇA: REFLEXÕES SOBRE UM FATO RELEVANTE

Por: Doriedson Alves de Almeida1

O Fato:

Fato relevante

Telecomunicações Brasileiras S.A. – TELEBRÁS, em cumprimento ao disposto no § 4º do art. 157 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e em observância da Instrução CVM nº 358, de 13 de janeiro de 2002, da Comissão de Valores Mobiliários, e tendo em vista decisão governamental, informada pelo Ministério das Comunicações, vem comunicar o fato relevante de que a TELEBRÁS integrará o Programa Nacional de Banda Larga – PNBL. Nesse sentido, caberá à Empresa:

(i) implementar a rede privativa de comunicação da Administração Pública Federal;

(ii) prestar apoio e suporte a políticas públicas de conexão à Internet em banda larga para universidades, centros de pesquisa, escolas, hospitais, postos de atendimento, telecentros comunitários e outros pontos de interesse público;

(iii) prover infraestrutura e redes de suporte a serviços de telecomunicações prestados por empresas privadas, Estados, Distrito Federal, Municípios e entidades sem fins lucrativos; e

(iv) prestar serviço de conexão à internet em banda larga para usuários finais, apenas e tão somente em localidades onde inexista oferta adequada daqueles serviços.

Brasília, 4 de maio de 2010.

Jorge da Motta e Silva
Presidente e Diretor de Relações com Investidores

Essa nota  comunica a CVM uma espécie de ressurreição da TELEBRÁS.  Portanto, merece de nossa parte enquanto estudiosos do tema e observadores da cena política e midiática, em meio a qual se faz anunciar,  alguns considerandos e reflexões sobre possíveis repercussões e desdobramentos.

Considerando 01: Vale lembrar que a TELEBRÁS, antes dos processos de privatização ocorridos na década de 90, era a integradora/controladora do sistema nacional de telecomunicações.  Escândalos e desmandos políticos à parte, desenvolvia pesquisas de ponta no setorde telecomunicaçoes e administrava invejável infra-estrutura de telecomunicações, cobrindo todos os Estados da Federação e o Distrito Federal.  Garantia telefonia de longa distância via DDD a quase todos os municípios.   Em muitos dessas localidades, à exceção das torres de telefonia celular construídas e custeadas a peso de ouro com o dinheiro que o povo paga nas caras ligações da telefonia móvel, as redes físicas e os serviços digitais pouco ou nada evoluíram.  Cadê o investimento privado?  Tão aludido quando da privatização do setor.

Considerando 02: Toda a operação montada para o desmonte e a  ” venda” da  infra-estrutura de telecomunicações brasileira  ancorou-se em um discurso de modernização, concorrência, livre mercado, eficiência, Estado mínimo e eficaz, qualidade e quebra de monopólios na área de telecomunicaçôes.   Pois bem:  como é mesmo o nome do estado de coisas que vivenciamos atualmente? Não seria monopólios privados? Não seria descaso na prestação de serviços de telecomunicação por emptsas privadas? Não seria formação de cartéis e prática de dumping e tarifas abusivas?

Considerando 03:  Os centros de pesquisa, antes ligados às empresas do setor de telecomunicações existentes no Brasil, e, que outrora foram construídos com dinheiro do povo,  onde estão?  Foram simlesmmente desativados?  Desarticulados? Ou foram entregues para os novos controladores globais?  Porque a grande midia não gosta de discutir ou pelo menos  lembrar tais fatos?

Considerando 04: Passadas quase duas décadas, os monopólios voltaram (vide  recentes processos de fusão das teles).  Ainda hoje, temos um sem número de municípios onde a telefonia celular  nem sonha chegar; dezenas de milhares de escolas sem  computadores, intenet então,  é ficção científica; as tarifas mais caras do mundo para falar ou acessar serviços na internet; empresas de telefonia praticando tarifas abusivas e posicionadas entre as que mais recebem reclamações dos consumidores;  serviços de qualidade insatisfatoria; não cumprimento de metas pactuadas durante o processo de privatização;  acesso a internet em banda larga restrito, caro e concentrado nas regiões metropolitanas de maior poder economico;  Isso, só pra citar alguns outros fatos;  Será que apenas recriando a TELEBRÁS será suficiente? Resolveremos todos os problrmas? Ou seria preciso mais, mas, não do mesmo! Como diria Nelson, o Pretto.

Considerando 05: O acesso a internet, em muitos rincões Brasil adentro, só pode ser visto pela televisão na novela das oito, ademais, as empresas privadas são as primeiras a admitir que não entregarão esses serviços aos cidadãos que ali vivem.  Elas não tem pudor em afirmar que precisam de escala e lucro.  Como é do conhecimento de todos, quem vive de filantropia são obras sociais, não empresas.  Cidadãos incautos, vocês acreditam em papai noel?  Eu  deixei faz é tempo!

Considerando 06: Assistimos nos últimos meses, verdadeiros embates políticos, dentro e fora do governo, pressões e boatos de toda ordem. Entretanto, a grande midia, como de costume, veicula apenas o que satisfaz seus interesses especulativos:  Vazamento de informação privilegiada; elucubraçoes sobre supostas sanhas estatizantes do governo; embates jurídicos para garantir o que de fato já e do povo por direito,  pois, comprou e pagou com seus impostos boa parte da infra-estrutura que aí está, (inclusive a eletronet.  Desse modo, quase toda a informação sobre o o tema bandalargamento nos chega truncada, desviada, enviezada, manipulada.  Os intensos lobbies para defender interesses das empresas de telefonia, envolvendo até avançados postos de comando em Brasília e os interesses corporativos  estrangeiros por traz da decisão, etc.  quem ousar mencionar, morre! Como diria Edvaldo, o Couto.  A  maioria dos “boca de siri” da midia grandona, continuam velando ou obstruindo a verdade dos fatos, tornando o debate acerca da questão comprometido. Mas,  façam vossas apostas:  em breve, novamente essas  vozes destilarão suas críticas e baboseiras a partir de seus iluminados e “cleans” pedestais midiáticos, aos quais já nos  acostumamos. Dessas  trincheiras ou, atraz dos tocos proporcionados por colunões em jornalzões e/ou nos falastrorios de editoriais veiculados por telejornais corujões e matinais, apoiados em audiências quase emburrecedoras, fica fácil esculhambar qualquer iniciativa governamental que favoreça ou tenta favorecer e quiçá melhora a vida da patuléia, tendo a mesma por platéia, e, às vezes até aplaudindo.  Esperem,  hão de ver, não tardará.

considerando 07: As empresas de telefonia já retrucam! Problematizam, como diria Maria Helena, a Silveira.  Dizem ter um plano de bandalargamento capaz de atender todo o território nacional com qualidade e baixo custo.   Perguntas que não querem calar:  porque ainda não o fizeram?  Porque só agora, após demorada e pressionada decisão governamental apresentam tal plano?  Por que não cumpriram pelo menos o que havia sido pactuado com governo durante o processo de privatização? Deve a sociedade civil brasileira acreditar nesses testas de ferro do capital estrangeiro?

Lembrem-se, incautos leitores, estes conglomerados controlam um setor estratégico para o Brasil.  Será que a eles efetivamente interessa conectar em bandalarga até 2014, localidades como: Ribeirãozinho e Cotaxé, no noroeste do Espírito Santo; Chorrochó, no sertão baiano; Apuí na floresta amazônica; Arroio Chuí no extremo sul do Brasil;  aldeias indígenas ao longo do rio Ailã em Roraima.  Ou, na pior das hipóteses, pelo menos, expandir suas redes digitais para localidades mais próximas das chamadas “cibercidades” como o Arenoso, bairro próximo a logradouros onde residem cidadãos  de auto poder aquisitivo, já conectados na soterópolis.

Fazemos esses considerandos para alertá-los, caros leitores, sobre as chorumelas e bravatas que começarão a gastar tinta e espectros nas próximas semanas.  Estejam atentos! As pressões já começaram faz tempo, e, ainda virão de todos os lados, inclusive do chamado fogo amigo.

Gostaríamos que os jornalões e tevezonas, pelo menos,  informassem e debatessem com os cidadãos sobre alguns dos temas que consideramos.

Como isso esta longe da pauta da maioria dessas concessões públicas midiáticas, comemoremos, pois,  o fato de que o governo, embora tardiamente, aponta para o reconhecimento de que não será apenas o mercado e as ex-empresas públicas, agora em mãos de alguns consórcios privados estrangeiros, os solucionadores dos graves problemas relacionados ao acesso e ao bandalargamento das redes digitais no Brasil.  Aliás, estes são apenas a ponta do icebergue, tratando-se de internet e monopólios de informação.

Não temos dúvidas, a volta do Estado ao cenário das telecomunicações exercendo papel de executor faz-se necessária.  Se bem articulada, gerida e operada, pode significar muitos avanços em diversas áreas, para muito além dos mercados.

Essa, é a expectativa! Veremos.

1O autor e professor temporario na UFS e doutorando em educação pelo GEC/FACED/UFBA

para pensar as relações das tecnologias e a educação do campo

Pensar a educação do campo tem sido um grade desafio para educadores e educadoras brasileiras. Talvez este movimento se diferencie de muitos outros na educação, justamente por estar sendo pensado PELAS pessoas do campo, profissionais da educação e tantas outras pessoas interessadas em um campo mais justo e com condições para que as pessoas ali vivam e trabalhem, e não pensada apenas por burocratas e acadêmicos que nunca passaram pelo campo ou sequer sabem de suas demandas. Por sinal, demandas não faltam neste contexto. É um quadro problemático construído ao longo de décadas, em que a desigualdade (no seu sentido mais cruel) foi extremamente agravada pelo esquecimento (intensional?) dos órgãos governamentais, sendo alimentado por certos setores da sociedade, para os quais é mais vantajoso em sua faceta mais desassistida.
Enquanto que acreditamos que as tecnologias são parte inextricável da educação, suas premissas mais básicas não fazem parte deste contexto.
Desde 2008 vimos acompanhando o curso de Licenciatura em Educação do Campo, da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, o que nos descortinou este contexto bastante diferente (nem sempre melhor ou pior, mas diferente) das zonas mais urbanizadas: são professores (em sua maioria) com uma formação bastante deficiária, escolas super precárias, políticas públicas inadequadas e insuficientes, condições de infraestrutura sem recursos básicos como água ou luz, agravado por uma condição social desigual, onde grandes proprietários de terra concentram o poder e contratam, em condições questináveis, trabalhadores sem qualquer assistência, dos quais a renda mais fixa é aquela que vem de auxílios como o Bolsa Família.

Em um contexto em que falta tanta coisa, faz sentido construir uma formação tecnológica com os professores que estão sendo formados para atuarem neste contexto? Acreditamos que sim, mas numa concepção bem diferente de tantos “cursinhos” que vemos por aí.

Para entendermos um pouco melhor este contexto, e para pensarmos com coerência a formação tecnológica ali, fomos atrás de referências que nos ajudassem a entender tal quadro. Foi quando encontramos o livro “Por uma educação do campo “* e constituímos um grupo de estudos.
Deste dia em diante, nos comprometemos a, periodicamente, disponibilizar algumas notas das leituras e discussões, para que estas não se restrinjam somente a um contexto acadêmico tão pontual, e que suscitem o diálogo entre diferentes sujeitos comprometidos com esta problemática.

Este livro é uma produção que registra e demarca parte do movimento de luta por uma educação específica, que atenda às necessidades deste contexto, então denominada Educação DO Campo. É escrito por pessoas que tem participado, ao longo dos anos, dos mais importantes movimentos sociais do campo em luta por esta educação, trazendo o registro de parte deste movimento. O livro começa trazendo alguns elementos que caracterizam o contexto do campo, seguindo para documentos de eventos e diretrizes construídas ao longo desta caminhada.

Logo na apresentação, escrita pelos organizadores do livro, são apresentados alguns elementos que marcam o nascimento de um projeto de educação do campo, protagonizado pelos trabalhadores e trabalhadoras do campo e suas organizações sociais. É um testemunho de uma história de lutas pelo direito à educação, específica do campo, pelos sujeitos do campo, com seus saberes, valores, culturas e identidades.

“Onde e em que processos formadores constroem seus saberes e conhecimentos, seus valores, cultura e identidade? Esta pergunta vem sendo feita nas escolas do campo pelas educadoras, pelos educadores.”(p. 07)

O coletivo do campo tem uma história rica que merece ser registrada e contada. Os textos do livro em questão recontam parte destas histórias, sendo que alguns pontos lhes são marcantes:

O silenciamento.

“Somente 2% das pesquisas dizem respeito a questões do campo, não chegando a 1% as que tratam especificamente da educação escolar no meio rural. […] O rual teria perdido consistência histórica e social?  opovo do campo seria uma espécie em extinção? O fim do rural, uma consequência inevitável da modernização? A escola do campo teria que ser apenas um remedo da escola da cidade?” (p. 08)

Os questionamentos lançados nos são particularmente instigantes. A história à qual os autores se referem, passa por vários períodos, cuja análise nos leva a entender a atual distribuição de terras, o movimento das pessoas do campo para o trabalho nas fábricas, a corrida pela mecanização dos processos produtivos dos alimentos, o predomínio das políticas públicas para as zonas mais urbanizadas em detrimento do campo, e, por fim, a escola do jeito como é hoje constituída no campo.
Neste contexto, as tecnologias tem um papel fundamental** . Mas seria o desenvolvimento tecnológico um “vilão da história”? Ou é uma certa concepção de desenvolvimento tecnológico que faz parte de um projeto de sociedade?
E hoje, as tecnologias podem contribuir na caminhada por um contexto mais justo, em que os próprios sujeitos do campo constróem e mostram a sua história?

– O clamor da terra

o silenciamento e esquecimento não tem mais sentido, e se torna urgente ouvir e entnder a dinâmica social, cultural e educativa dos diferentes grupos que formam o povo do campo. Este movimenteo pretende instigar mais pesquisas […] e sobretudo lutar por maior atenção dos governos […] para seu dever de garantir o direito à educação para milhões de crianças e adolescentes, de jovens e adultos que trabalham e vivem do campo” (p. 09) [grifo nosso]

– Direitos usurpados, negados
Os autores destacam que, mais do que um esquecimento, existe uma “negação” dos diretos das pessoas do campo. Por exemplo, apesar da educação para todos ser um direito assegurado pela Constituição Brasileira, reafirmado pela Lei de Diretrizes e Bases, além de tantas outras, o campo ainda amarga tristes marcas de analfabetismo, evasão, defasagem idade-série, repetência, currículos inadequados e professores com problemas de titulação e os piores salários. Os próprios autores apontam para uma causa deste contexto:

“A escola  no meio rural passou a ser tratada como resíduo do sistema educacional brasileiro e, consequentemente, à população do campo foi negado o acesso aos avanços havidos nas duas últimas décadas no reconhecimento e garantia do direito à educação básica” (p. 10)

– A Educação do Campo nasce de outro olhar sobre o campo
Por muito tempo prevaleceu, em diversos setores da sociedade, a ideia de que o campo se apresentava como um lugar atrasado, inferiror, arcaico, projetando o espaço urbano como único caminho para o desenvolvimento. Porém

“a Educação do Campo nasce sobretudo de um outro olhar sobre o papel do campo em um projeto de desenvolvimento e sobre os diferentes sujeitos do campo. Um olhar que projeta o campo como espaço de democratização da sociedade brasileira e de inclusão social, e que projeta seus sujeitos como sujeitos de história e de direitos; como sujeitos coletivos de sua formação encquanto sujeitos sociais, culturais, éticos, políticos. A questão nuclear para as pesquisas e políticas educativas será reconhecer esse protagonismo político e cultural, formador, que está se dando especialmente nos movimentos sociais do campo.” (p. 12) [grifo nosso]

Neste ponto convergimos para os objetivos da formação tecnológica: formar sujeitos autores, protagonistas, que se constróem no diálogo com os conhecimentos já construídos pela ciência (antes acessíveis apenas para os sujeitos próximos aos centros urbanos, inseridos em esferas privilegiadas) e com os saberes locais, que constróem suas soluções no diálogo com outros sujeitos formando redes, que dão visibilidade aos seus problemas, que não se contentam com soluções prontas, que se apropriam das informações para uma vida efetivamente melhor e se colocam como sujeitos autores de ciência e tecnologia. Talvez este seja um dos sentidos mais próprios da palavra “protagonista”.

– Direito à escolarização ressignificado
A concepção de Educação do Campo (que não cabe só na escola) toma a função social e cultural da escola enriquecida na media em que se articula organicamente com a dinâmica social e cultural do campo e de seus movimentos:

“Só há sentido em se discutir uma proposta educacional específica para as necessidades dos trabalhadores do campo se houver um projeto novo de desenvolvimento para o campo, que seja parte de um projeto nacional” (p. 13)
“Consequentemente, exige uma educação que prepare o povo do campo para ser sujeito desta construção. Uma educação que garanta o dieito ao conhecimento, à ciência e à tecnologia socialmente produzidas e acumuladas. Mas também que contribua na construção e afirmação dos valores e da culstura, das auto-imagens e identidades da diversidade que compõe hoje o povo brasileiro do campo” (p. 14) [grifo nosso]

Neste ponto torna-se inegável o potencial das tecnologias, não como meros aparatos técnicos para deixar a escola mais bonita ou atraente (não que isto também não seja importante, mas não é o principal), mas como elemento transformador da escola e, principalmente, da sociedade, porque a escola não se faz se não pelos fluxos para além dos seus portões. Neste sentido, consideramos os sujeitos como protagonistas, autores, formadores e trasnformadores.

– em defesa de Políticas Públicas de Educação do Campo

“No vazio e na ausência dos governos os próprios movimentos tentam ocupar esses espaços, mas cada vez mais crese a consciência do direito e a luta pela Educação do Campo como política pública. Uma política pública que parta dos diferentes sujeitos do campo, do seu contexto, sua cultura e seus valores, sua maneira de ver e de se relacionar com o tempo, a terra, com o meio ambiente, seus modos de organizar a família, o trabalho, seus modos de ser mulher, homem, criança, adolescente, jovem, adulto ou idoso; de seus modos de ser e de se formar como humanos.” (p. 14-15)

Ou seja, o campo como contexto específico, diferente dos outros contextos, com sujeitos capazes de analisar criticamente a sua condição de buscar condições melhores juntos aos setores com responsabilidades para tal. De maneira geral, é o que se espera da educação não só neste contexto, mas que ali se faz mais urgente e notório. Assim como também se torna notória a insuficiência da visão instrumental da tecnologia.

Nas próximas semanas traremos aqui outros elementos destas leituras, aprofundando as relações entre a educação do campo e as tecnologias.
Como parte deste projeto de aproximação, apropriação e diálogo, continuaremos fazendo a leitura destes textos para além do grupo que iniciou esta dinâmica. Para isso, nesta quinta-feira, dia 29 de abril, daremos início a uma nova etapa do grupo de estudos. Ele foi transformado em um programa de rádio, que irá ao ar todas as quintas-feiras, das 13:30 às 14:30, ao vivo (e também disponibilizado em poadcast), em que qualquer sujeito possa, além de ouvir, interagir.
Para participar, acesse o site da RádioFaced: www.radio.faced.ufba.br

Texto escrito e postado por Adriane, a partir do grupo de estudos Tecnologias e Educação do Campo, composto por Adriane Halmann, Bruno Gonsalves, Luciana Oliveira, Marildes Caldeira, Tania Torres e Washington Oliveira.

* ARROYO, Miguel González; CALDART, Roseli Salete; MOLINA, Mônica Castagna. Por uma educação do campo. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
**
Os autores não abordam especificamente as relações com as tecnologias. Estas relações são postas neste texto a partir de discussões do grupo de estudos.

Bahia fora do primeiro lote do UCA

A Bahia ficou de fora do primeiro lote do programa Um computador por Aluno (UCA), que começou a ser distribuído na última quinta-feira (15/04). É o que destaco em Meu Tanebits e aponto para os critérios de construção da lista que incluiu entre os primeiros beneficiados alunos dos Colégios de Aplicação das Universidades Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), USP e Universidade Federal de Sergipe, instituições consideradas de excelência no país.

Serão distribuídos nesse primeiro lote 33.785 máquinas para 85 escolas de 10 estados. Os estados beneficiados são: cinco das regiões S/SE (MG, PR, RJ, RS, SP), três do Nordeste (CE, PE e SE) e dois do Centro Oeste (DF e TO).

 Até o final do ano serão entregues 150 mil computadores, ao custo de R$ 550,00 cada, num investimento total de R$82 milhões. O laptop educacional possui capacidade de armazenamento de 4 gigabytes, 512 megabytes de memória, tela de cristal líquido de sete polegadas, bateria com autonomia mínima de três horas e peso de 1,5 kg, além de ser equipado para rede sem fio para conexão à internet.

By: Rosa Meire.

Fonte: MEC

A tela Global: mídias culturais e cinema na era hipermoderna

Reflexões do Grupo de Estudos sobre Linguagem dos Audiovisuais do GEC sobre o livro A tela Global: mídias culturais e cinema na era hipermoderna de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy.

Antes mesmo da discussão do texto propriamente dito, foram suscitadas algumas questões a respeito do “ponto de corte inicial” estabelecido pelos autores para proceder com a divisão das épocas que consistiria a historia do cinema, especialmente quanto ao seu inicio. A nossa questão era: Porque os autores não tomaram como “ponto de corte inicial” o começo em 1895 do cinema com a primeira projeção pública? No momento em que levantamos essa questão, houve uma inserção da abordagem de Giba Assis Brasil através do artigo “Politizando a tecnologia e a feitura do cinema” do livro para “Além das redes de colaboração”, o qual traça paralelo entre a invenção do kineskópio por Thomas Edson e do Cinematógrafo pelos irmãos Lumiere, com os respectivos desdobramentos ligados às seus aspectos intrínsecos: fechada e privada no primeiro caso; aberta e pública no segundo, e o conseqüente sucesso deste último modelo.

Depois desse parêntese, demos, enfim, inicio à leitura do tópico “As quatro idades do cinema” constante da introdução do livro base do nosso grupo de estudo. A partir de então, ficou mais claro para o grupo o critério utilizado pelos autores no estabelecimento da primeira fase, que foi localizada temporalmente não nas projeções “técnico-documentais”(termo nosso) dos primeiros cinematógrafos dos irmãos Lumiere no final do século XIX, mas a partir da segunda década do século XX, período em que o cinema se configura mais propriamente como arte, através da consolidação de produções ficcionais tais como Intolerância de Griffith [1916] ou A morte cansada[1921] de Fritz Lang.

Uma vez estabelecido o recorte histórico inicial, a partir do qual os autores definem as épocas do cinema, voltamos nossas atenções para as características de cada fase.

1ªFase. (modernidade primitiva-1916/1927): O período do cinema mudo; busca do estatuto de arte, tomando como referencia o teatro; expressividade dos atores, marcadas por mímicas hipertrofiadas e maquiagens exageradas; a figura do Star já começa a se destacar, exemplos, Greta Garbo e Marlene Dietrich.

2ªFase. (modernidade clássica-1930/1950): Introdução de várias novidades técnicas: cinema falado e mais tarde introdução da cor e telas panorâmicas; a ascensão de Hollywood: idade de ouro dos estúdios; papel quase nulo do diretor e onipresentes das produtoras; filmes presos às estruturas rígidas do roteiro; cinema enquanto principal meio de entretenimento; consolidação da figura dos stars; amores dessexualizados, linguagem literal dos atores e sistema narrativo de fácil assimilação.

3ªfase. (modernidade modernista e emancipadora-1950/1970): Independência dos criadores em relação aos grandes estúdios; O cinema de autoria; narrativas fragmentadas; As Nouvelle Vagues; linguagem contestatória; liberdade em relação ao roteiro; filmagens nas ruas; ruptura do cânon de montagem; esmaecimento da figura dos Stars em favor dos atores iniciantes ou não profissionais, não obstante ainda a forte presença de Brigitte Bardot e James Dean, por exemplo; juventude e a explosão do corpo e do sexo; valores mais ligados à individualidade dentro das sociedades de consumo e suas exaltações e críticas.

4ªfase. (hipercinema-1980/…): Inovações não mais localizadas no cinema, mas em todas as dimensões possíveis de cima para baixo, da criação à promoção até a difusão e consumo; dinâmica de individuação e globalização acompanhada pelas telas e através delas; configuração do cinema hipermoderno.

Depois desta leitura nos detemos na discussão do conceito de hipercinema, que envolve toda quarta fase. Nesta discussão, interpretamos este conceito como sendo a presença massiva da linguagem diluída do cinema no cotidiano das pessoas através das várias telas que se nos apresenta, apresentando nossos contextos locais de ação em dimensão globais. A discussão deste conceito correu junto com a dimensão social caracterizado pelo autor como galáxia cinema, termo que nos remeteu às leituras de Marshall Mcluhan e seu termo correlato galáxia Gutenberg, que é um termo que marca as características da sociedade moderna, configurada toda ela pela tipografia e a cultura das letras. Ao passo que o termo usado pelos autores do livro em questão se refere a uma perspectiva em que a cultura contemporânea global é atravessada e plasmada pelas telas.

Algumas das questões que foram retomadas e largamente discutidas através do texto por nós, referem-se ao papel da figura do ator enquanto star, nas primeiras duas fases da historia do cinema e de seu posterior esmaecimento, por um lado; e por outro, a ascensão da figura do diretor na terceira fase. Falamos dessa característica típica advinda de algumas correntes de produções cinematográficas advinda da Europa, notadamente o movimento da Novelle Vague, iniciada por Truffaut e Godard, e de sua posterior influencia inclusive no cinema hollywoodiano dos anos 70, no movimento conhecido como Nova Hollywood. Discutimos como isso contribui esteticamente e sociologicamente para antecipar o inicio de uma nova fase na história do cinema mundial, enquanto chance positiva para configuração de um cinema mais acessível para consumo e produção, voltado para o questionamento de antigos valores rígidos presentes nas fases anteriores, tanto no aspecto técnico quanto de linguagem, proporcionando a intensificação dos usos mais livres dessa mídia, favorecida também pelos avanços tecnológicos próprios de nossa época, e suas atuais reconfigurações, constituindo propriamente aquilo que o autor define como hipercinema.

Postado por Washington do Grupo de Estudos sobre linguagem dos audiovisuais, composto ainda por Darlene, Fernando, Raquel e Michel

MVMob chega a escolas de Salvador

 

O Projeto Minha Vida Mobile (MVMob), criado pelo mineiro  Wagner Merije, chega a 20 escolas baianas de sete municípios.  A informação que destaco em Meu Tanebits é a abertura do projeto às 8 horas desta quarta-feira (31/03), na Escola  Municipal Dona Arlete Magalhães, no bairro de Castelo Branco.

O projeto oferecerá durante todo o dia para 40 alunos entre 15 e 17 anos, aulas de fotografia, áudio e video, visando capacitá-los a usar criativamente o celular no dia-a-dia escolar. O objetivo dos organizadores é incentivá-los a apropriar as novas tecnologias e desenvolver habilidades e capacidades tais como interpretação, síntese, criticidade, criatividade, análise, além de incentivar o interesse pela pesquisa e pela construção de linguagens artísticas. O resultado dos trabalhos produzidos, têm espaço no site do projeto:  www.mvmob.com.br. O projeto é patrocinado pela Vivo e na Bahia ganhou apoio do Fazcultura.

By: Rosa Meire

Salvar Salvador!

Salvar Salvador! este foi o tema da última aula de Polêmicas contemprâneas, que contou com a presença dos convidados Clímaco Dias, professor do IGEO/UFBA, e de Lourenço Müller, arquiteto. A aula foi transmitida pela RádioFacedWeb, teve também o chat em paralelo (no blog da rádio), twitter, Nelson Pretto participando pelo Skype, direto de Fortaleza, além da fantástica presença dos 40 alunos, tudo para colocar mais polêmica na discussão!

Loureço Müller trouxe aspectos interessantes da ciberube, grande Salvador, que se extende para além do espaço físico…

Clímaco Dias, que tem Salvador como sua cidade de escolha, veio comentando aspectos desta cidade, como as "redes" que se estabelecem, que mais parecem reforçar as hierarquias dentro da cidade e dela nas suas relações com outros espaços de poder.

O carnaval e o pagode (e outras expressões cultura-mercado-turismo-vivência de cidade) foi um dos pontos que transpassou a discussão em vários outros momentos. O planejamento urbano foi outro aspecto que demonstra a urgência de discussões.

Na próxima semana teremos novas polêmicas! Vale a pena conferir, acompanhar, polemizar! Fale você de qual lugar que for!

Por Adriane

Grupo de estudo de Linguagem dos Audiovisuais

Este é um resumo de nossa leitura da introdução da obra A tela Global: mídias culturais e cinema na era hipermoderna de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy.

Segundo os autores, quando o cinema surgi ele revoluciona a forma de ver o mundo, através de sua grande tela luminosa em uma sala escura. Um mundo construído por imagens em quadros, e cenas teatrais, é reconstruído em uma tela que surpreende com o movimento.

Até a década de 50 a tela do cinema fora a hegemônica. Porém, a partir daí muitas outras telas vão se incorporar ao cotidiano das pessoas: a televisão, a tela do computador, do celular, que são ainda atravessadas pela estética cinematográfica a qual contribui para construção de sentidos dessas práticas midiáticas.      

A imagem-movimento do cinema não se limita a exibição em grandes salas, mas tem cada vez mais adentrado os mais variados espaços da ecranosfera, ou seja, a esfera ou o mundo das telas. A tela particularizada entre quatro paredes determinada espacialmente e temporalmente ganha um movimento ainda maior, perscruta todos os ambientes a qualquer hora com liberdade, e se prolifera de maneira endêmica.   

A obra define quatro momentos importantes para o cinema, chamados de idades, que se inicia com o surgimento do cinema e vai até os dias atuais com suas ultimas transformações. A primeira dessas idades é chamada de modernidade primitiva e corresponde ao cinema mudo, ainda muito teatral e mímico, com pequenas comédias e dramas, é nesse período que o cinema busca para si o estatuto de arte. Em seguida, temos a modernidade clássica, indo dos anos 1930 a 1950, marcada pela produção em estúdio, pela introdução da fala e da cor, e de roteiros rígidos e narrativas simples, assinalado por grandes nomes e estrelas. A modernidade modernista e emancipadora é a fase em que surge o cinema do diretor, mais denso, nos textos, com temas diversos e polêmicos, e leves, pela naturalidade dos atores, pelas filmagens nas ruas, com ou sem roteiro; esse cinema se espalha em diversas correntes pelo mundo, dentre os anos de 1950 a 1970. E o quarto momento é o do cinema na era hipermoderna.

Os autores afirmam que esse último momento do cinema se confunde com a época da tela global, a qual não o marginalizará. Pois, o fato de outras telas estarem à disposição das pessoas não faz com que a grande tela seja esquecida, pois o cinema passa por processos em que se reinventa. Justamente por que nos apropriamos dessa linguagem de tal maneira que criamos em nós mesmos um olhar cinematográfico, que faz com que cada vez mais desejemos registar digitalmente a vida, filmando através de pequenas filmadoras ou através dos celulares.

Os autores se propõem a defender a existência de um neocinema, global, fragmentado, multiculturalista e pluri-identitário, marcado pela globalização econômica. E se propõem a responder a questões que formulam nessa introdução: sobre as mutações culturais e democráticas, as possíveis formas de expressão artísticas introduzidas pela proliferação das telas e das mídias culturais. Serão também esses objetos que nos debruçaremos em diálogo no grupo de estudo de linguagens dos audiovisuais.

Postado por Fernando Barros, faz parte também do grupo, Darlene, Raquel e Washington.

Ronda virtual no Rio de Janeiro contra práticas criminosas no orkut

Práticas criminosas no orkut estão dando trabalho à Delegacia de Repressão aos Crimes contra Informática (DRCI), no Rio de Janeiro, que vem realizando rondas virtuais diárias na internet para rastrear páginas de conteúdo delituoso. É o que demonstra a reportagem de Evelyn Soares publicada no Jornal do Brasil (27.03), que destaco em post em Meu Tanebits. Das mais de mil queixas registradas na delegacia  em 2009 – 776 tinham relação direta com o orkut.

Os delitos denunciados vão desde pedofilia, injúria, difamação e presença de perfis de facções criminosas. A matéria relata ser comum encontrar perfis e comunidades com conteúdo agressivo, que remetem à criminalidade. Vale conferir!

Por: Rosa Meire

Seminário direitos autorais e direito à educação

Gosto muito da discussão do Prof. Túlio Viana sobre direitos autorais. Vai ai a palestra que ele realizou no Seminário sobre Direitos autorais e direito à educação

Esta postagem também esta no blog de Tulio Viana
Por sule