Gilbert & George

Polémicos Gilbert & George com retrospectiva na Tate

Paula Lobo

Chamam-lhes “instituição” britânica mas ainda não conquistaram a crítica. Provocadores por natureza, eles dizem que o público os adora e que continuam a ser outsiders. Desconcertantes, irónicos, explícitos, Gilbert & George têm agora honras de retrospectiva na Tate Modern, em Londres. Quase 40 anos depois de terem começado como dupla, na arte e na vida.Ocupando todo o quarto piso da galeria, esta é a maior exposição do género realizada pela Tate. Com curadoria de Jan Debbaut e Ben Borthwick, cerca de 200 obras de grandes dimensões ajudam, até 7 de Maio, a traçar o percurso de George Passmore (nascido em Plymouth, em 1942) e de Gilbert Proesch (nascido em Itália, em 1943), os artistas que em 2005 representaram a Grã–Bretanha na Bienal de Veneza. E que, três anos antes, fizeram no CCB uma retrospectiva com 77 trabalhos.Venerados como “consciência” da nação ou renegados como “blasfemos, pervertidos e pederastas”, como recordou Laura Cumming no The Guardian, o certo é que Gilbert & George constituem um valor seguro no mercado da arte: as suas obras começam nos 60 mil euros e podem atingir os 300 mil.
Apesar da aparência pacata – usam sempre fatos idênticos e parecem saídos de uma qualquer série televisiva inglesa (George é o mais alto e tem óculos) -, G&G não páram de provocar desde que, em 1969, se estrearam com The Singing Sculpture, a performance em que dançavam e cantavam Underneath the Arches (uma conhecida canção sobre o prazer de dormir ao relento).
“Arte para todos” tem sido o seu lema. Eles, que dizem que não trocam o mundo à porta de sua casa pelos quadros de Velázquez que a National Gallery mostrou, auto-intitulam-se “esculturas vivas”. De fato e gravata ou completamente nus a exibir os genitais, G&G são, há muito, as principais personagens dos seus painéis fotográficos, que têm sido comparados a vitrais medievais pela composição e uso da cor.
Crucifixos, tótemes, anúncios, posters, títulos de jornais, dejectos de pássaros, excrementos humanos, fluidos corporais ampliados ao microscópio, mapas ou graffiti são algumas das imagens combinadas em obras com títulos como Son of God, Shitty Naked Human World ou The Dirty Word Pictures.
George “The Cunt” e Gilbert “The Shit”, como se apresentaram em 1969, trabalham abertamente sobre temas como religião, homossexualidade, sida (série The New Horny Pictures), crime, segregação racial, terrorismo ou política.
Fascinados pela linguagem das ruas (é hábito fotografarem o movimento e as palavras de ordem escritas nas paredes perto de casa, no East End), o seu trabalho mais recente é Six Bomb Pictures, série inspirada nos bombardeamentos de Londres e dedicada às vítimas dos atentados de Julho de 2005. “Não fazemos arte para vender, mas para confrontar as pessoas”, disse Gilbert em entrevista ao The Guardian.

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